À medida que a pré-temporada se aproximar, ouviremos as conversas de sempre: que Renault e Williams darão o passo de que precisam para chegar nos grandes ou, principalmente, que Ross Brawn irá repetir o feito de 2009 e acertar a mão na Mercedes. Mas será que isso é possível?
Não há muito mistério para uma equipe vencer na F1. Basta dinheiro, corpo técnico eficiente e organização. A receita é mais simples que a realidade, no entanto. Quem um patrocinador prioriza na hora de investir? Quem tem mais cacife para contratar os melhores funcionários? Isso tudo faz com que seja bem mais difícil subir de degrau que cair.
A Mercedes herdou um problema da Brawn, que já tinha se mostrado na 2ª metade de 2009, quando o time não teve fôlego para manter o desenvolvimento: menos pessoal em relação aos grandes, já que eles tiveram que enxugar a estrutura quando a Honda deixou a categoria.
Dentro dos acordos da FOTA para cortar gastos está a diminuição do número de funcionários. Então, Brawn decidiu manter o time assim para lucrar depois – haverá uma queda gradual no quadro de funcionários até 2014 –, quando os demais tiverem que se adequar.
Uma equipe mais enxuta, somada a um orçamento menor que o usado no nascimento do Brawn campeão do mundo, pesam contra o novo Mercedes. Ao passo que o fim dos difusores duplos, a nova distribuição de peso e a volta do KERS – de cujo melhor de 2009 foi justamente o que os alemães desenvolveram para a McLaren – criam uma oportunidade para que uma interpretação mais extrema do regulamento possa fazer um time sair ganhando.
Mercedes em 2010
Melhor resultado | 3º (3 vezes) |
Melhor posição de largada | 2º (uma vez) |
Abandonos | 4 (2 por falhas mecânicas) |
Voltas completadas | 2052 (90.87%) |
Pontos em 2010*/posição | 80 (4º) |
Pontos em 2009/posição | 172 (1º) |
*usando sistema de pontos de 2009
**como Brawn |
Já a Renault teve problemas de financiamento desde 2006, pois não há interesse da fábrica em colocar dinheiro no time. Mesmo naquele ano de títulos de construtores e pilotos, o desenvolvimento deixou muito a desejar em relação à Ferrari.
Nos anos seguintes, sem os Michelin, os franceses foram ladeira abaixo e a necessidade de deixar os investidores felizes acabou resultando no episódio de Cingapura (o que não justifica os atos de Briatore e Symonds, mas foi esse o motivo e mostra o desespero do time).
Em 2010, a equipe foi vendida para gente que quer usar a F1 como plataforma para seus negócios externos, sem colocar dinheiro diretamente. Para se ter uma ideia, Bernie Ecclestone teve que adiantar o dinheiro de 2011 para o time ainda no meio do ano. Sem dinheiro, não há mágica.
Renault em 2010
Melhor resultado | 2º (uma vez) |
Melhor posição de largada | 2º (uma vez) |
Abandonos | 8 (5 por falhas mecânicas) |
Voltas completadas | 1934 (85.65%) |
Pontos em 2010*/posição | 59 (5º) |
Pontos em 2009/posição | 26 (8º) |
*usando sistema de pontos de 2009 |
E, finalmente, a Williams. Ao romper com a BMW e seguir o caminho independente, Frank e Head assumiram um grande risco e vêm sofrendo com a falta de recursos. Criatividade e inteligência no departamento técnico o time tem – o fato de terem apostado no difusor duplo logo no início de 2009 ou a rápida adaptação ao difusor escapamento, que permitiu bons resultados no meio de 2010, mostram isso – mas falta a capacidade de manter o ritmo para brigar por uma temporada toda com os orçamentos gigantescos de McLaren, Ferrari e Red Bull. Isso sem contar na insistência com o motor Cosworth.
A substituição de Nico Hulkenberg, que terminou o ano andando no nível de Barrichello, pelos US$15 milhões de Maldonado – lembrando que o orçamento de um time grande é de cerca de 200milhões – mostra a quantas andam as finanças do time. Não é a primeira vez que isso acontece na Williams – ter Nakajima no cockpit fazia parte do “pacote” da Toyota para ceder seus motores – mas é um sinal dos tempos de um time que orgulha-se de manter independente. Porém, a que custo?
Williams em 2010
Melhor resultado | 4º (uma vez) |
Melhor posição de largada | 1º (uma vez) |
Abandonos | 6 (2 por falhas mecânicas) |
Voltas completadas | 1953 (86.49%) |
Pontos em 2010*/posição | 21 (6º) |
Pontos em 2009/posição | 34,5 (7º) |
*usando sistema de pontos de 2009 |
Bons pilotos, as 3 equipes têm. Mas de pouco adianta uma informação apurada desde dentro do cockpit se ela não consegue ser transformada em décimos de segundo.
7 Comments
o passo para a maioridade é o x da questão! atualmente Ju, penso que temos 3 divisões na f1: – pequenas, médias e grandes! na minha modesta opinião, a última etapa, é a mais difícil, pois, a quantidade de apoio financeiro e técnico para se alcançar e manter-se no topo, é absurdo! como você bem esclareceu, a falta de $$$$ pode ser crucial em 2011, principalmente para renault e willians! no caso da mercedes, tudo pode conspirar (principalmente pelo cerebral ross brawn e mercede$), mas acho que haverá uma ressalva, pois se mantiverem o foco em shumacher, por mais tarimbado que seja, penso que o lado físico/técnico (os anos passam para todos) pesará contra! basta lembrar o começo de 2010, onde o time alemão vinha bem (com rosberg), e perdeu-se tentando “reenturmar” o heptacampeão! willians e renault por outro lado, precisam reinventar seu lado financeiro se quiserem almejar algo melhor! é tão gritante isso na willians, que o time de frank tinha um projeto de kers de nova geração, mas teve que prorrogar por falta de po$$ibilidade! no caso da renault, acho que a ignorância esportiva, e falta de visão, ajudam a tornar pior, o que já é ruim! os caras tem um pilotaço como o kubica, e nem assim injetam dinheiro! como o polonês e fora de série, com um carrinho meia boca, poderia fazer miséria na pista, trazendo benefício$$$$$$$ para o time num futuro próximo! como podemos ver, nem todos têm a capacidade de fazer money como o tio bernie!!! um dia os franceses aprendem, hehehe!!! como sabemos que não existe milagre que dure mais que uma pré-temporada, os caras vão ter que fritar os cérebros nas fábricas e correr atrás do fermento! o seu título ilustra muito bem, o caso do adolescente quer ir pra balada, mas sem apoio do paitrocínio, fica difícil, guardadas as devidas proporções! hehe…
Não dá para saber se a Mercedes quis beneficiar o Michael. Às vezes o desenvolvimento caminha naturalmente para uma determinada direção que beneficia um piloto, outras esse piloto consegue direcionar o desenvolvimento por expressar melhor o que ele quer ou por saber colocar pressão mesmo. Não dá pra saber de longe. Mas, certamente, esse carro da Mercedes vai ser o mais falado do inverno europeu.
Quanto à Renault, na verdade não são os franceses, é um brasileiro, o presidente da companhia, que acha a F1 desperdício – e o homem sabe fazer dinheiro, pois recuperou a Nissan do fundo do poço. Agora eles venderam a equipe, perderam engenheiros de ponta importantes entre 2009/2010, então é um período de transição.
talvez minha dúvida venha mais pelo passado controlador do shumacher! em relação ao kubica, Ju, você acha que seu aparecimento em eventos de rally, tenta demonstrar descontentamento com o projeto apático da renault? para não perder o espírito esportivo, tinha o culpado que ser brasileiro????
sei que o kubica só assina contrato com equipe que deixe ele fazer ralis. É algo que vem desde muito antes da Renault e provavelmente vai seguir com ele.
Acho que o Carlos Ghosn nunca se envolveu com nada no esporte, independentemente de nacionalidade, não é o negócio dele. Mas duvido que os chefões da Mercedes ou, num passado recente, da Honda e da Toyota, gostavam muito da ideia de ter um time de F1. Se gasta muito dinheiro e o retorno é questionável para uma empresa como essa.
Ju, talvez, o fato de não gostarem, esteja mais ligado a falta de resultados em pista, pois, apartir do momento que não conseguem mostrar competitividade, é uma propaganda ao contrário! o gasto, poderia ser o meio para os fins, mas o mais impressionante disso tudo, como vimos anteriormente, foram os gastos da honda e da toyota! por mais que possuíssem capital e pessoal, acho que houve um erro estratégico importante, pois, devido a rivalidade comercial das duas, acredito que o parâmetro de excelência de ambas, foi muito focado entre elas, e não focaram como meta, as grandes, culminando com pessoal técnico pouco atento as mudanças. não sei se seria especulação (nesse caso, a fonte é muito suspeita, kkkk!!!), mas durante as transmissões da globo em 88, dizia-se sobre uma possivel “separação técnica” entre engenheiros do carro e engenheiros de motor! talvez esta mentalidade fragmentada de trabalho, possa contribuir para esplicar o porque de honda e toyota criaram internamente tanta dificuldade de comunicação (ingleses+ japoneses)! nesse caso, a briga de egos, causa estragos dentro da pista!
No caso dos japoneses, fala-se que o problema é a descentralização do tipo de gestão deles. Isso não funciona na F1 porque faz com que o processo de decisão seja muito lento.
Mas quem foi que disse que a Williams não é grande? Fases ruins sempre existem em qualquer team, a da Williams passa, e logo.