- A classificação do GP do Azerbaijão mostrou como a pista é traiçoeira, e ela é mesmo particular em vários sentidos. Como não há curvas de alta velocidade e a reta é muito longa, isso esfria os pneus e gera graining. Para piorar, a temperatura de pista nunca está alta por um motivo simples: a sombra que os prédios fazem na maior parte do circuito.
- Então graining é o fator limitante para os pneus, e não o desgaste em si, já que o pneu nunca é muito exigido. Ainda assim, daria para fazer a prova só com uma parada com certa tranquilidade. Não fosse a alta probabilidade de um Safety Car.
- São eles que ditam a estratégia em Baku porque ninguém quer correr o risco de relargar com pneus frios – e é muito difícil, pelo que expliquei acima, colocar temperatura nos pneus. Além disso, quanto menos borracha na superfície do pneu, ou seja, quanto mais usado ele estiver, mais difícil é colocar temperatura nele.
- Nessa linha, Bottas disse que o mais importante amanhã não deve ser o ritmo, mas sim a maneira como as equipes vão reagir aos acontecimentos da corrida. Contanto, é claro, que seus pilotos façam sua parte na corrida. E, no caso dele, vai rolar uma atenção especial a todo e qualquer detrito que houver na pista. “Você vai me ver desviando de tudo. Aprendi a lição!”
- Foi talvez para deixar o pneu macio para a parte final da prova que a Ferrari tentou usar os médios no Q2, mas considero isso um erro. Se você está mais rápido, não precisa inventar na estratégia. Foi um erro, sim, mas também é fato que Leclerc foi parar no muro porque tinha os dianteiros fora da temperatura ideal e Sebastian Vettel quase fez o mesmo, e depois explicou que estava difícil até colocar temperatura nos pneus macios. No final das contas, Leclerc acabou com uma boa estratégia para a corrida, largando com os médios e podendo ficar mais tempo na pista no começo. Mas em nono.
- Voltando à corrida, somado a todos esses fatores, cada carro tem necessidades diferentes para aquecer o pneu. Sabe-se, por exemplo, que a Ferrari precisa de uma outlap mais forte do que a Mercedes na classificação, o que também indica que eles precisam andar mais rápido atrás do Safety Car e… vocês sabem onde eu quero chegar! Sim, poderemos ter (mais) relargadas interessantes em Baku, como já tivemos na F2 neste sábado.
- Perguntei isso para vários pilotos e todos disseram que esperam que seja muito complicado mesmo. A não ser Sebastian Vettel, que até deu um passo para trás quando lhe fiz a pergunta, entrando em modo defensivo devido ao que aconteceu em Baku há dois anos.
- Pierre Gasly estará com todo o peso do mundo nos seus ombros largando no fundão depois de um erro simples – ele não parou na pesagem e recebeu uma pena tão dura porque a equipe fez um ensaio de troca de pneus quando ele chegou, ou seja, tocou no carro. Por um lado, dá para passar e se recuperar em Baku. Por outro, os muros estão próximos e Pierre já foi parar na área de escape algumas vezes neste fim de semana.
- Falando nos muros, foram eles que fizeram Alex Albon perceber o quanto um F1 é rápido. O tailandês já tinha pilotado em Baku com o F2 e ficou impressionado com a diferença logo nas primeiras voltas que deu. “Tudo passa muito rápido, e você sabe que não pode errar, não tem espaço”, disse um dos destaques da temporada até aqui.
- Albon foi um dos pilotos que relataram ter sentido facilidade em seguir outros carros, o que gera a aposta de uma corrida com ultrapassagens nos 24s de pé embaixo na reta.
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