O conjunto carro-piloto mais rápido da classificação foi, claro, o pole position George Russell com a Mercedes. Na corrida, era Lando Norris com a McLaren. Mas a pista de Singapura e Max Verstappen acabaram agindo como “antídotos” de qualquer ameaça à vitória do piloto britânico, que cruzou a linha de chegada em primeiro após não ser ameaçado por ninguém dizendo não sabe de onde veio um desempenho tão bom.
Como Russell venceu?
Parte da explicação é a pista livre, que geralmente dá pelo menos 0s3 por volta, e em Singapura, ainda mais. Isso porque é preciso construir uma diferença perto de 1s5 para conseguir ultrapassar nessa pista e a turbulência misturada ao calor dificulta a vida dos sistemas do carro e das temperaturas dos pneus.
É por isso, inclusive, que dá para afirmar com tanta certeza que o piloto que chegou em terceiro era o mais rápido, por todas as voltas em que Lando Norris esteve tão perto de Max Verstappen.
Outra parte da explicação é a primeira parte da corrida de Max, com os pneus macios. A aposta era tentar compensar a desvantagem de largar do lado sujo da pista com a aderência adicional que o composto mais macio traz, o que não foi o suficiente para a Red Bull tomar a liderança na largada.
Para a corrida, o macio seria um pneu pior, e isso ajudou Russell a escapar, parar quando quisesse – bem depois de quem vinha atrás – e controlar o ritmo até o fim.
As vantagens do carro da Mercedes
Mas tudo começa para ele com a pole position, também inesperada e reveladora de uma nova ordem. Em todas as pistas em que foi necessário atacar mais as zebras, lidar com ondulações, e em que o desafio foi colocar temperatura nos pneus dianteiros, eles não foram tão dominantes. Agora, ficam ainda mais atrás para uma volta lançada, fruto da evolução dos rivais, especialmente Red Bull, e de terem parado bem cedo de desenvolver o carro que saiu de Singapura campeão de construtores.
Enfim, a dúvida que tinha ficado depois das derrotas de Monza e Baku foi sanada: não é que a Red Bull conseguiu se encontrar só em pistas de baixa pressão aerodinâmica. O carro melhorou, a McLaren, estagnou-se. E a Mercedes é aquele carro que dá mais confiança para os pilotos atacarem zebras, que fica com os dianteiros mais “ligados” em pistas nas quais há pouca energia indo para eles, como já tinha acontecido no Canadá e em Miami.
Mas houve outro ingrediente que tornou a vitória de Russell ainda mais contundente: mais uma vez, o excesso de controle dentro da McLaren assombrou a corrida dos agora bicampeões mundiais.
Verstappen agradece as regras papaya
Então o cenário era que Piastri largou em terceiro, mas levou um toque de Norris e caiu para quarto, enquanto o companheiro foi de quinto a terceiro. Em teoria, toques não são admitidos nas tais “regras papaya”, e Piastri reclamou, mas ouviu que isso só tinha acontecido porque o inglês tinha se tocado também com Verstappen.
Oscar Piastri makes his feelings known after contact with his teammate Lando Norris on the first lap 🗣️#F1 #SingaporeGP pic.twitter.com/lODUJHZcd3
— Formula 1 (@F1) October 5, 2025
No final das contas, foi mais um aviso para Piastri de é melhor ele, que já teve sua agressividade controlada pelas mesmas regras no passado, trazê-la de volta.
Norris se manteve na cola de Verstappen e Piastri decidiu ver a briga mais de longe, pensando em usar a vantagem que a McLaren ainda tem com os pneus e ficar mais tempo na pista, para tentar atacar no final.
Mas as regras papaya o limitaram novamente. Seus dois pilotos, na verdade.
A McLaren chegou a ensaiar tentar um undercut em cima de Verstappen na volta 18, mas havia o grande risco dele voltar atrás de Alonso, então eles desistiram da ideia. Os dois pilotos da McLaren iriam tentar overcuts, mas não puderam: Charles Leclerc parou na volta 21 e Piastri estava perto demais dele, sob o risco de perder a posição de pista para a Ferrari.
Como as regras internas significam que o piloto que está à frente tem que parar antes, para não haver o risco de inversão de posições, eles tiveram que chamar Norris na volta 26 e Piastri na 27. E nenhum dos dois conseguiu criar a diferença de pneus suficiente para usar o ritmo superior que tinham para atacar no final. Em outras palavras, a diferença de 7, ou 8, voltas entre os pneus de Verstappen e da dupla da McLaren + o ritmo superior + DRS, não foram suficientes para gerar a tal diferença de 1s5 necessária para ultrapassar em Singapura.
No final das contas, o holandês saiu no lucro, também pela performance na classificação, pois conseguiu marcar mais pontos que as duas McLaren em um dia (ou uma noite) em que sofreu muito com as trocas de marcha da sua Red Bull.
As outras histórias da corrida

O GP teve dramas atrás dos quatro primeiros. As duas Ferrari sofreram praticamente o tempo todo com problemas de freios, gerando a necessidade de fazerem lift and coast. E foram superadas por Kimi Antonelli – aliás, com uma bela ultrapassagem em cima de Leclerc.
Lewis Hamilton aproveitou que havia espaço para parar duas vezes sem perder posições e vinha andando forte no final até que seus freios acabaram de vez, o que lhe rendeu uma punição de 5s pelas vezes que cortou curvas por conta disso na última volta.
Ver o rival fazer isso e ainda cruzar a linha de chegada a sua frente deixou Fernando Alonso furioso. Não que ele estivesse em uma tarde ‘zen’ antes disso: largando em décimo e passando Bearman e Hadjar para estar em oitavo já na terceira volta, ele via uma oportunidade de bons pontos, mas uma parada ruim o fez perder terreno.
O espanhol teve que passar novamente por Hadjar, que a essa altura já tinha problemas de motor, mas mesmo assim não vendeu barato a posição, irritando-o ainda mais. E depois Hamilton sem freios ainda terminava à frente dele mas, com a punição, o espanhol subiu para sétimo.
O britânico ficou em oitavo, à frente de Bearman, e Sainz ainda conseguiu um pontinho mesmo tendo largado em 18º. Isso porque ele esperou o máximo possível para parar – até a volta 50 – esperando um SC que não veio. Mas, pelo menos, se livrou do trenzinho de DRS que dominou a corrida daqueles que ficaram fora dos pontos.

1 Comment
O Piastre precisa parar de seguir as regras da equipe e garantir o título.
Ele já é muito respeitado e como campeão vai ser cortejado por outras equipes, caso o clima na McLaren fique ruim. Ou acaba forçando a saída do Norris.