Na visão de uns, Kimi Raikkonen deu de ombros para a Fórmula 1; de outros, saiu pela porta dos fundos em 2009, dispensado pela Ferrari sob a alegação que havia perdido o interesse após o título de dois anos antes – e recebendo seu salário para curtir a vida como bem quis. Dois anos depois, voltou cercado de desconfiança com uma instável Lotus e elevou o nível do time, que hoje luta por um há pouco tempo impensável vice-campeonato. Mas parece que o finlandês precisa mostrar mais para se livrar de toda a desconfiança gerada nos tempos de Maranello.
Raikkonen não tem recebido salários neste ano, situação que acabou levando-o de volta à Ferrari em 2014. Além dos próprios vencimentos, o piloto também queria garantias de que havia dinheiro para desenvolver um carro completamente diferente para ano que vem – e não as teve. E o retorno justamente à equipe que o escorraçou quatro anos atrás dá a medida de seu descontentamento com a situação.
Mas os verdadeiros motivos dessa jogada só ficaram 100% claros agora que Kimi colocou a boca no trombone. Nesse meio tempo, uma mudança na configuração dos pneus não agradou ao finlandês, que passou a perder sistematicamente para o rápido companheiro Romain Grosjean em classificação – o placar, que era de 7 a 1 antes da alteração da Pirelli, seis GPs depois está em 10 a 6.
A alegada falta de motivação dos tempos de Ferrari voltou, logo se adiantaram a dizer. Mas há uma explicação técnica. Com pneus dianteiros menos estáveis, Kimi perdeu a confiança nas entradas de curva. Para corrigir isso, a equipe mudou o acerto e acabou deixando a traseira solta demais. Entretanto, mesmo sem estar 100% contente com o carro, nos mesmos oito GPs, Raikkonen só recebeu a bandeirada depois de Grosjean em duas oportunidades e protagonizou manobras incríveis, especialmente em Cingapura e na Coreia, no mínimo colocando em dúvida a teoria sobre sua falta de interesse.
Depois veio a desobediência na Índia, quando o piloto não aliviou para o companheiro mesmo se arrastando com pneus usados e foi xingado via rádio, respondendo no mesmo nível. Quatro dias depois, Kimi sequer apareceu para as entrevistas de quinta-feira em Abu Dhabi. No dia seguinte, a bomba: não era segredo que a Lotus tinha problemas com seus pagamentos desde a temporada passada, mas não se sabia que ele estava correndo de graça por todo o ano.
E é nestas condições que o piloto é terceiro colocado no mundial. Nada mal para alguém tido como desinteressado simplesmente por ter sido campeão.
Post atualizado.
14 Comments
Pois eh, assim como Vettel tem uma clausula p/ tempo pessoal, Kimi deveria exigir uma para seu tempo “de baladas e cachaca” 🙂
Não acho que eles está sem interesse. Mas ele não me parece o cara de antes.
O episódio do Grosjean na India é, a meu ver, irrelevante. Tanto a Lotus quer economizar com Kimi, quanto queria garantir o pódio, então era natural pedir desesperadamente que o Kimi aliviasse, e ele o fez assim que possível, a meu ver.
Mas ele não parece estar correndo pensando no todo. Apenas se divertindo. Claro, que jeito melhor de se divertir para um piloto do que pilotando e fazendo uns pegas bonitos?
Vejo que Kimi é subestimado por, de certa forma, não fazer média com a imprensa. Ele sempre faz questão de dizer que, se não houvessem entrevistas, tudo seria mais perfeito. Talvez isso crie uma ma vontade dos jornalistas, analistas, experts, com o finlandes. Uma grande pena, pois o vejo com tanto talento como Alonso, Vettel ou Hamilton. Quem sabe quando esse finlandes maluco se aposentar de vez, ele não receba o reconhecimento que merece.
Juliana, cabe dizer que a Lotus desenvolveu dois chassis ao mesmo tempo, um 10 cm mais longo que o outro no entre eixos. O curto favorecia mais as corridas do início da temporada e o segundo as do final. Kimi correu com o curto o começo da temporada e Grosjean com o longo. Do meio para o fim do campeonato ambos passaram a usar o longo e Kimi se ressentiu pela falta de conhecimento desse chassis, além dos pneus. Nos treinos deste fim de semana, diz a imprensa que ele voltou ao chassis curto e veja seus tempos com tanque cheio no P2 contra os de Grosjean com o chassis longo. Esta pista favorece o chassis curto pois tem curvas de baixa velocidade. A caída de rendimento do Kimi não poderia ser atribuída ao binômio, mudança de chassis e pneus? Um chassis longo favorece ainda mais a saída de frente do carro.
Faz sentido, Roberto, mas até onde eu sei o chassi longo só foi testado pela primeira vez na Itália, não houve essa diferença no decorrer da temporada.
Quem quer rir tem que fazer rir oras. Kimi tem no contrato que recebe também por pontos conquistados, a equipe no intuito de também diminuir os gastos pediu pra ele abrir passagem para o Grosjean.
Correndo de graça o ano inteiro é phoda para um cara do nível dele, que além de mostrar seu valor nas pistas também atrai uma publicidade imensa para a equipe.
Neste caso, a Lotus está sendo ingrata com Kimi. Merece mesmo ter Grosjean e Maldonado ano que vem como castigo.
Esses dois pilotos de “Castigo” são reconhecidos por serém muito rápidos. E se deixarem de fazer barbeiragens? (como aconteceu com Hamilton), e se a lotus acertar de cara uma boa caranga??, Ai é que quero ver a o que vão falar os delirantes que pedíam a gritos que retirasem os dois em 2012…
Just 2c
Ambos chegaram com a fama de rapidos, mas atabalhoados…
Um sabe escutar e evoluiu
O outro sabe apenas falar e…. well, ta procurando moita p/ defecar!
Quem eh o cego? eu não tenho a menor idea!
Muguello, Muguello, meu caro, ooolha que o Bruz tem razão! Pense que o difícil é dar velocidade a quem não tem. Grosjean e Maldonado sempre a tiveram, naturalmente. É possível lapidá-los – até eles próprios, se sentirem que têm um bom carro nas mãos ficarão menos ansiosos. A experiência crescente também vai lapidando-os, veja Hamilton. Lembre-se que na ÚNICA oportunidade em que teve para vencer, Maldonado venceu, não a desperdiçou como Sérgio Pérez, e em cima de ninguém menos que Alonso, igualmente. E com autoridade, pois resistiu à fúria e à perseguição implacável do espanhol. Creio que Maldonado é em geral muito apedrejado porque não se intimida com os grandes e os peita sem complexos. Boa parte dos formadores de opinião o desmerece. Lembre-se que, ao contrário do festejadíssimo e hoje unanimidade Hulkenberg, que perdeu para Barrichello na soma dos grids de largada e de chegada, Pastor em seu ano de estréia levou uma “draga” pior que aquela que Hulk pegou ao Q 3 três vezes e Barrichello nenhuma! Vamos lá, Muguello, tenha um pouco mais de boa vontade com o venezuelano, que não é genial, mas é talentoso, sim, e pode surpreender, pois já provou que pode vencer um GP, coisa que muita gente boa não conseguiu.
Um abraço.
è isso mesmo concordo com tudo que foi dito Aucan e tem mais hoje Grosjean com esse bom carro da Lotus tá guiando a fino não só com velocidade como sendo muito consistente veja a corrida da india tirando vettel que está em outro planeta ele foi genial.
Concordo Bruz confesso que gostaria muito que a lotus acertasse em 2014 e Grosjean e maldonaldo guiasse a fino só para ver os comentários.
Só faltou dizer que esse 7×1 de Raikkonen sobre Grosjean no início do campeonato foi graças ao status de primeiro piloto que ele tinha e como a lotus só tinha dinheiro para atualizar um dos carros em várias corridas Kimi sempre andava com o melhor pacote aerodinâmico enquanto Grosjean utilizava peças desatualizadas ou em teste.
Acho interessante que as pessoas se esquecam ou nao saibam que o Robertson pos na cabeca do Kimi que business he business. Eu duvido que Kimi saia da Lotus sem um pagamento SERIO total em juros mais interesses mais o principal da divida. Ele faz jogo de cena na conversa do salario, mas vai receber de alguma maneira bem mais do que a Lotus falsa (aquilo nao representa Colin Chapman nem no L) deve a ele.
A dupla Robertson/ Kimi he bem afinada no $$$.
Folow the money, always follow the money.
Confesso que fui um dos que pensou que Heikonen estaria desmotivado novamente.
Kimi realmente continua pilotando pra c… mas com uma dívida de 14 milhões pra receber é difícil não se abalar.
Eu estaria é puto da vida com o dono da equipe.