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Pode perguntar no paddock da Fórmula 1: Interlagos está entre os mais apertados e ultrapassados circuitos da temporada, mas ainda assim é um dos pontos altos da temporada. Em tempos de hotel que muda de cor em Abu Dhabi e pistas sem ‘alma’ como Sochi, quem trabalha na categoria usa até as casas com reboco aparente do cenário paulistano como justificativa para gostar da etapa brasileira.

Mesmo não sendo o melhor dos lugares para trabalhar, Interlagos tem caráter. Você vê uma foto ou uma cena de qualquer corrida e sabe onde está, algo que falta em muitos circuitos – especialmente os mais novos e suas infinitas áreas de escape – da temporada. A proximidade do público e o clima de arena, especialmente nos setores próximos da reta principal, também inflam o ego de uma F-1 que anda carente de atenção.

Dito isso, o circuito completa 75 anos vivendo mais um capítulo do que parece ser sua sina: com uma obra inacabada. Desta vez, as autoridades garantem que a reforma para modernizar o local ficará pronta para 2016, mas é uma história que o septagenário já está cansado de ouvir.

Pouca gente sabe, mas o autódromo foi a única parte que ‘vingou’ de um plano que tinha em mente reproduzir um resort suíço em uma área que, na década de 1920, ficava fora da cidade de São Paulo. Daí, inclusive, o nome: Interlagos vem de Interlaken, região turística e de grande beleza natural que atrai pessoas do mundo todo para o país europeu até hoje. O projeto do Balneário Satélite da Capital contava com residências de alto padrão, conjuntos comerciais, hotel, igreja e até uma praia, com areia vinda de Santos, aproveitando a oferta de água – e o visual – das represas Billings e Guarapiranga.

Desde o início do projeto até os primeiros pilotos andarem na pista – a original, de 7,960km, um misto de Indianápolis, nos EUA, Brooklands, na Inglaterra, e Monthony, na França – foram quase 15 anos. E quando finalmente os carros foram à pista, em abril de 1940, não havia arquibancadas, boxes, guard-rails, lanchonetes, banheiros, torre de cronometragem ou de transmissão. Para se ter uma ideia, os alambrados na área do box e as zebras só foram instalados em 1971 – mesmo que o autódromo tenha ficado fechado por mais de dois anos para uma reforma no final dos anos 1960.

Talvez a renovação mais séria feita em Interlagos até hoje tenha sido a de 1988, para voltar a receber a F-1 depois de ter perdido o posto para Jacarepaguá. E é de algo daquele nível que a pista precisa. Até porque, carisma não ganha jogo. Nem GP.

2 Comments

  1. Como é bom ver uma Repórter esportiva (com maiúscula mesmo, devido a capacidade profissional) colocar o dedo na ferida da sociedade brasileira, ao menos assim entendo…o famoso ‘jeitinho brasileiro’, Ju, acredito que venha dos primoridos do brasil de Portugal ;-/, isso mesmo, nunca vi um país com tanta desorganização e má vontade para resolver problemas, seja de ordem esportiva ou social, como vemos a falta de água que se insinuava a anos e o desgoverno, colocando, pts, psdbs, pmds, pfls, tudo no mesmo saco de lixo, nunca fazer nada apenas jogando a conta pesada nas costas do povo, que de mal trapilho e mal educado, tem sua parcela de culpa, pois continua votando nos mesmos bandidos de sempre, que esquecem o bem comum da verdadeira democracia, e praticam o bem comum do autobolsocheio, pqp, enfim, uma obra inacaba em um evento esportivo, é a ponta de um iceberg nessa terra maravilhosa de atitudes escrotas! Devaneio? Não, mas muito me espanta que esse câncer da politicagem em causa própria continua a corromper nossa nação! Na boa, o problema não é sigla partirdária, mas o cerne, a mentalidade o jeitinho brasileiro das pessoas que compõem a estrutura de nossa sociedade…enfim, sina de desorganização na vida e no esporte! Ju, parabéns por mais uma obra de arte!!! 😉

  2. Valeu pelo Post Ju, muito bom! Você pode estender sua crítica do autódromo ao País inteiro. Tanto potencial e tantas mazelas. Até quando seremos eternamente o País do Futuro que nunca chega?


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