F1 Sob o padrão Dennis, a McLaren vira potência - Julianne Cerasoli Skip to content

Sob o padrão Dennis, a McLaren vira potência

Mais um capítulo do Especial Ron Dennis, em com o Café com F1

Apoiado pela Philips Morris, casada de investir num time que não conseguia colocar um piloto no lugar mais alto do pódio desde 1977, na época de James Hunt, Ron Dennis e sua equipe, a Project Four, assumiram a McLaren em setembro de 1980. Naquele ano, o time ficara apenas em 7º no campeonato de construtores. A má fase fez com que os ingleses perdessem o jovem talento de Alain Prost, que foi para a Renault em 1981, mas esse era um problema que Dennis logo resolveria.

Para fazer melhor, o jovem Ron sabia que teria que fazer diferente

Sob a batuta do projetista John Barnard, nascia aquele que seria um projeto revolucionário: o MP4-1, o primeiro chassi completamente feito em fibra de carbono. Como num passe de mágica, a McLaren voltou às vitórias já em 1981, com John Watson no GP da Inglaterra.

Mas, com um motor Ford defasado, ainda estavam longe da luta pelo título. Dennis, então, persuadiu Mansur Ojjeh, um empresário franco-saudita, a deixar para trás o simples patrocínio que mantinha na Williams e juntar forças com ele na McLaren. Ojjeh trouxe os motores turbo da Porsche, que carregavam o nome de sua companhia, a Techniques d’Avant Garde (TAG).

O próximo passo era ter um grande piloto. E Dennis foi primeiro convencer Niki Lauda a desistir de sua aposentaria e, no ano seguinte, trouxe Prost de volta. Três temporadas depois de ter assumido, Dennis conqiustava seu primeiro título como chefe de equipe na F1, vencendo 12 das 16 provas e com quase o triplo de pontos da 2ª colocada, a Ferrari. Como viria a ser comum em sua gestão, viu seus pilotos duelarem ponto a ponto até que Lauda ficou com o título. No ano seguinte, Prost deu o troco.

Dennis feliz ao lado de seus dois primeiros campeões

Em 1986, a Williams se recuperou, mas consistência do francês garantiu outro mundial de pilotos para a McLaren. Ficara claro, no entanto, que o motor TAG já estava ultrapassado e, mais uma vez, Dennis se aproximou de um parceiro de Frank e Patrick Head e trouxe a Honda para seu lado – Ojjeh, mesmo deixando de fornecer os motores, continua sócio do time até hoje.

Dennis reforçou os motores e a dupla de pilotos, a exemplo do que fizera em 1983. Trouxe Ayrton Senna da Lotus para trabalhar ao lado de seu então bicampeão. Nascia a maior rivalidade da história da F1. Nessa época já ficava claro que ir atrás dos melhores pilotos do mercado seria uma das constantes, algo que ele tentaria mais vezes:

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Nesse curto período como chefão da McLaren, não fora esse o único legado que Dennis já havia deixado. Extremamente perfeccionista, reza a lenda que ele contratou um funcionário apenas para checar se todas as luzes da fábrica estão acesas ou se há alguma queimada. “Costumava dormir com o barulho do aspirador porque minha mãe queria que a casa estivesse perfeita quando acordasse. É esse o ambiente em que cresci, tudo tinha que estar perfeito o tempo todo. Por isso é tão difícil viver comigo. Não gosto de caos.” Não por acaso, com Ron no comando, a atenção ao detalhe se tornou “o jeito McLaren” de se fazer as coisas.

Isso sem falar no chamado “Ronspeak”. Dennis adora esconder suas respostas em frases com uma complexidade desnecessária. Ao responder sobre a contribuição de Alonso no desenvolvimento do carro, disse que sua experiência e habilidade “preveniram que uma equipe de F1 entrasse em cul-de-sacs técnicos – e, como resultado, o desenvolvimento do carro se torna mais linear”. Hã?

Outra marca é a visão empresarial. Apesar de ter começado como mecânico, sempre agiu de forma empreendedora. “Sempre pensei, desde o primeiro dia, que vencer corridas era simplesmente fazer seu trabalho. Depois disso, a questão é como você ganha, quão perfeito esteve o carro, o piloto. Como nós nos apresentamos, será que atraímos alguém que queira investir na equipe?” Para ele, uma boa corrida é aquela em que a McLaren faz dobradinha no sábado e dá uma volta em todos os rivais no domingo.

5 Comments

  1. Dennis é sinônimo de F1.
    Mas seus inimigos lhe deram um duro golpe o afastando (ainda que apenas fisicamente) das pistas.
    Gostaria de saber mais sobre esse assunto, como isso repercutiu no mundo da F1 e como sua imagem foi destruída.

    • O mais duro golpe foi o interno, no caso de espionagem. O que aconteceu em 2007 vai contra tudo o que ele defendeu esses anos todos. Mas isso é assunto para o post de sexta-feira…

  2. Ju, texto deslumbrante! a vida e a carreira deste gênio fora das pistas! para quem viveu com os feras, só poderia surgir um sujeito assim, determinado ao extremo! em relação ao jeito dennis de ser, é flagrante a “cantada” em shumacher! o cara não dá ponto sem nó! só pelo fato de construir o primeiro carro totalmente em fibra de carbono, já merece estátua no paddock!!! duas coisas me chamaram muito a atenção: -1º já acostumado a lidar com grandes pilotos, e grandes egos, penso que dennis em 2007, teve um erro pouco usual e fatal em seu currículo! quando da briga entre alonso e hamilton, penso que ele agiu muito como “paizão” (visto que, havia intoduzido a carreira de hamilton desde o kart) e pouco racional, pois teria que ter “pulso firme com os dois, e não tomar partido de ninguèm”, onde foi criado o racha dentro da equipe! ron perdeu a chance assim, de formar uma equipe com os dois mais rápidos pilotos em atividade, o que seria magnífico! 2º Ju, quando você falou que uma das possibilidades do “cingapura gate”, poderia ser a pressão econômica/resultado dos patrocinadores, me veio à cabeça, este caso da espionagem! a mclaren estava em um jejum de quase 10 anos sem título, e quis jogar pelos dois lados, contratando o melhor piloto do momento, e copiando os segredos da ferrari! se tivessem confiado mais em si mesmos, teriam lucrado mais, pois, até que se prove o contrário, o carro foi bem nascido, e há dúvidas sobre o real aproveitamento da espionagem! apesar dos erros de 2007, suas últimas palavras do post, Ju, representam muito bem o caráter deste inglês, que possui f1 no DNA! dobradinha, com todos os concorrentes uma volta atrás, é o auge de uma equipe de f1! é a perfeição! é o sonho a ser realizado!

    • Falaremos mais sobre isso na sexta-feira. Concordo com você

    • A respeito da espionagem em 2007, a única equipe de ponta que “sabia como usar” os bridgestone era a Ferrari, então creio que foi utilizado sim os dados roubados.


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