F1 Sobrou afobação na cobertura do acidente de Kubica - Julianne Cerasoli Skip to content

Sobrou afobação na cobertura do acidente de Kubica

Hoje a F1 viveu seu segundo terremoto desde que o twitter caiu definitivamente no gosto de fãs, equipes, pilotos e imprensa. O chocante acidente de Robert Kubica no Rali de Andorra, que resultou em graves lesões na mão do polonês e deve tirá-lo de combate por um ano gerou uma comoção quase instantânea. O que sobrou desse dia maluco foi o gosto amargo na boca, mesmo com a comprovação de que os 140 toques são uma ferramenta e tanto para espalhar uma notícia quente, mesma impressão daquele 25 de julho de 2009, quando era Felipe Massa quem nos dava um susto e tanto.

O problema é que, junto da notícia em si, segue uma enxurrada de irresponsabilidade, falta de tato e afobação. De um retweet a outro, muita gente se convenceu de que o polonês havia perdido o braço e teve até quem comemorou por antecedência o carro vencedor que Bruno Senna teria ganho de presente.

O perigo de ferramentas como essa, à qual todos têm acesso, é que as fontes se perdem. No afã de buscar informação, a frase que vem de uma @ obscura vale tanto quanto um canal oficial. E, pior ainda, “protegida” pelo imediatismo, muita gente que aprendemos a respeitar no dia a dia se perde em rumores sem fundamento.

Será que vivemos com uma pressa, uma fome por novidades, tão grande, que já não importa se o que passamos para frente é verdade ou não?

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Com a poeira baixando, nos atemos aos fatos:

Sim, Kubica correu o risco de ter a mão amputada. Mas isso não se concretizou.

Sim, Kubica deve demorar para voltar às pistas e é, pelo menos na visão de Igor Rosello, o médico especialista em mãos que estava na operação do polonês – e, portanto, a fonte que conta mais que qualquer @ – muito provável que perca a temporada. Mas isso depende da resposta que seu organismo dará à intervenção de hoje e o próprio profissional recomendou que se esperasse ao menos 5 dias para ver qual será o próximo passo.

Sim, Eric Boullier disse, durante o lançamento do Renault, na semana passada, antes do furação passar, que Bruno Senna teria a prioridade se fosse necessário substituir algum piloto. Mas isso não quer dizer que, com a ausência prolongada do líder Kubica, a equipe não vá procurar um piloto mais experiente.

Com uma longa recuperação médica em questão e uma equipe cujo cenário interno é pra lá de nebuloso no centro de uma situação pra lá de delicada, o melhor é lembrar que a paciência é um santo remédio.

22 Comments

  1. Realmente, houve uma certa afobação. Mas considero uma extrema falta de respeito com Kubica comemorar o cockpit que pode ser assumido por Bruno Senna. Kubica é um ótimo piloto, das figuras mais queridas do paddock, torço pela sua recuperação e para que possa voltar a correr em alto nível.

  2. Belíssimo texto, minha cara Julianne! Parabéns!

  3. É mais um caso onde a velha frase “a pressa é inimiga da perfeição” se aplica bem. Essa confiança cega nas fontes mais novas muitas das vezes dá nos casos mais estupidos, como o caso de que ele perdera a mão, ou os idiotas de certo canal de comunicação que se paressaram dizendo que piloto tal já tinha o lugar garantido. Numa equipa como a Renault, com muitos chefes e aquele enxame de pilotos que vimos na semana passada, tenho as minhas dúvidas…

  4. É uma situação angustiante. Caímos naquele caso….”quem conta um conto…” Entre a vida e a morte, estou pouco me lixando para quem vai pilotar a Lotus Bahar/Boullier. Para ser sincero, como já tinha dito no Octeto, o único motivo para considerar essa equipe, era Kubica. Fica demonstrado a falta de respeito para com o ser humano, e muito acima da notícia, se ater aos fatos, afinal, imaginemos a angústia criada por essas notícias ditas ao vento para os familiares? Há que se ter cautela com o que expomos, afinal, como o guard rail que atingiu Kubica, as palavras também ferem! Que Deus o abençoe.

  5. Esse é, infelizmente, um lado da imprensa que não se pode ignorar. O mais lamentável é que não há a menor chance de mudança nessa maneira assustadora e desumana de se fazer jornalismo.

    Mas é também o que menos importa no dia de hoje.

    O fundamental é que Kubica não corre risco de vida. Não se sabe se ele irá recuperar totalmente os movimentos da mão, fica a torcida pra que ele seja forte e guerreiro como sempre foi.

    Mas eu também não entendo como um piloto pode ser tão irresponsável a ponto de arriscar sua temporada, a carreira e até a vida numa prova de rali há meses do início de um campeonato.

    Uma equipe séria não pode permitir que isso aconteça, a Lotus/Renault está nesse momento acéfala sem o piloto polonês.

    E o panorama a curto prazo é sombrio. Manter dois pilotos sem muita experiência como titulares é um risco muito alto para se assumir.

  6. Concordo em gênero, número e grau, Julianne. Hoje foi um dia angustiante, daqueles para esquecer, pois a cada minuto eram postadas notícias totalmente desencontradas, uma mais trágica que a outra, aumentando ainda mais o nervosismo.
    Além disso, com as notícias desencontradas pipocando a cada minuto, consequentemente, começam as especulações, e daí vem a parte que considero mais crucial. Sites e até blogs renomados pela mídia começam a “discutir” nomes de piloto X ou Y para substituir o Kubica, sem ao menos dar conta que o estado de saúde do polonês é que deveria vir em primeiro lugar. Com isso, gerou-se um desconforto via twitter, uma falta de sensibilidade com o estado físico do profissional, o qual nem sabemos ao certo quando é que ele irá voltar às pistas.
    Finalizando, torço para que o Kubica se recupere totalmente e que ele leve o tempo que for necessário para isso, pois além de ser um talento nas pistas, ele é um ser humano que merece o nosso singelo respeito.
    É isso aí, Julianne!
    Abs
    Julie

  7. Ainda há riscos. Vamos torcer pelo polaco bom de braço!!!

  8. Ju: Sua cobertura como sempre excelente, moderada, bem escrita, e nem por isso atrasada.

    Quanto ao resto da imprensa, pior do que quem faz por pressão é quem faz de propósito. Ainda me lembro do Luciano do Valle falando bobagem por o que pareceu meia hora com a foto do Piquet como fundo quando ele bateu em Indianápolis antes de informar que ele havia quebrado os pés e precisaria de cirurgia. Parei de assistir a cobertura de automobilismo da Band depois disso.

    Kubica e Kobayashi são os meus dois pilotos favoritos da F1 atual. Uma pena mesmo esse acidente. Estou torcendo para que ele se recupere da melhor maneira possível.

  9. Exatamente, ontem foi muito difícil separar o joio do trigo com tanta informação desencontrada e você expressou exatamente o que sentimos ontem. Parabéns!

  10. Geeente,e sobre o parceiro do Kubica que estava com ele no carro? Ninguém fala se ele está bem, alguém sabe?

  11. Julianne, acho que cabe ainda perguntar o papel do público nessa pressa toda em “informar”. Ávido por novidade (ainda mais se for trágica), o público não alimenta essa afobação toda, irrefletida? E a prontidão dos @ não alimenta ainda mais isso tudo? Prefiro esperar e ler um texto ponderado e bem informado como este post…

    • Claro, há demanda. Um dos problemas de se informar pela internet é que muitas vezes você não sabe de onde a informação veio. E, no caso do twitter, como qualquer um tem sua @ e seus poucos caracteres à diposição, o próprio público se coloca como fonte e como dissipador, sem filtro, da informação.

  12. Baseado em que o Martin Williamson (ESPNF1) disse que o Klien foi melhor que o Senna em 2010? A minha lembrança foi de o Senna ter sido superior, mas gostaria de ver os números.

    • Acho que eles fizeram 2 ou 3 provas juntos e o Klien andou na frente dele, sim. Vou procurar os números e te passo.

      • Quando falo que a F1 se distanciou muito das outras categorias, o quesito segurança também entra. Tudo bem que não era para um guard rail conseguir entrar no carro desse jeito (e sair do outro lado quase intacto!), mas parece que o principal problema no caso do Kubica foi a demora de mais de 1h no atendimento. Isso é inconcebível até num acidente de trânsito.

    • Peguei os dados:
      2 x 1 para Klien em classificação, com vantagem média de 0s580
      2 x 0 para Senna em corrida (em uma delas, ambos ficaram pelo caminho).
      O problema em tirar qualquer conclusão com isso, além de serem só 3 corridas, é que trata-se de um carro que tinha muitos problemas. Lembro que o Klien teve problema e perdeu várias voltas no Brasil.

  13. Oi Ju

    obrigado pelos dados Senna vs Klien.

    Um ab.


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