Quando o circo da Fórmula 1 chegou para a oitava corrida da temporada de 1975, na Holanda a expectativa era para mais um passeio da Ferrari, depois de Lauda e Ragazzoni terem dominado a prova de 74, e da Scuderia ter dado um passo adiante com seu V12. Além disso, Lauda vinha de três vitórias seguidas, em Mônaco, na Bélgica e na Suécia, em pistas completamente diferentes, o que indicava que a suspensão inovadora da Ferrari também estava fazendo a diferença. Mas a lógica ficou pelo caminho e a prova se tornou história para um time de uma vitória só na F1.
Desde os treinos livres, já ficara claro que a competitividade seria alta. Sim, os carros da Ferrari pareciam superiores, mas o traçado com poucas curvas complicadas do velho Zandvoort acabou nivelando o rendimento dos carros que tinham o motor Cosworth V8, a ponto da medição de tempo ser questionada. Naquela época, os tempos eram contados até os centésimos, e nos treinos livres 10 pilotos ficaram separados por menos de 0s25, incluindo os brasileiros Emerson Fittipaldi e José Carlos Pace.
As Ferrari largam na frente
Na definição do grid de largada, deu a lógica, com as duas Ferrari na primeira fila, e Lauda na pole. Mas algo que passou despercebido naquele momento, mas que começava a desenhar um final de semana de sorte para um azarão aconteceu: como o tempo começou a piorar, o time Hesketh decidiu colocar James Hunt na pista para que ele pudesse testar o carro, já que as leis holandesas não permitiam que se fizesse barulho no domingo de manhã e, com isso, não haveria warm-up. E Hunt acabou quebrando, dando tempo para o time reparar o carro para uma corrida que seria histórica para o piloto e para a equipe.
Mais chuva caiu no domingo, a ponto dos organizadores permitirem um mini-treino antes da largada para que todos pudessem acertar seus carros. Para complicar a situação, a chuva parou e fez com que muitas equipes acabassem optando pelo acerto de seco. Mas voltou a chover forte quando os carros estavam sendo preparados para a largada, gerando muita correria no grid.
Azarão Hunt cresce na chuva
Com chuva, Lauda não largou bem, mas manteve a pole, enquanto Jody Scheckter roubou a segunda posição de Regazzoni, com Hunt em quarto depois de largar em terceiro.
Eis que logo parou de chover e, na volta 7, tão logo apareceu um trilho, Hunt decidiu trocar os pneus antes de todo mundo. E voltou em 19º; num grid com 24 carros. Na Ferrari, a decisão foi por esperar que Lauda abrisse uma margem suficiente para não voltar tão atrás, mas não parecia haver firmeza na decisão. Tanto, que o coordenador da Ferrari andava de um lado para o outro nos pits quando foi atropelado por Ronnie Peterson, e quebrou uma perna!
VÍDEO: Os melhores momentos de James Hunt
Lauda só pararia na volta 13, voltando em segundo, atrás de Hunt. Para piorar, o austríaco logo seria passado por Jean-Pierre Jarier guiando uma Shadow. O francês acabaria sendo um rival muito mais duro que Lauda poderia imaginar, em uma tarde em que a superioridade da Ferrari nas retas tinha desaparecido. Por mais que ambos fossem mais rápidos que Hunt, que ainda assim conseguia manter uma vantagem de cerca de 5s na frente, Jarier fechava a porta e Lauda ficou preso até a volta 43.
Quinze voltas depois, Lauda já estava embutido na traseira da Hesketh e lá ficou pelas próximas 32 voltas, sem conseguir sequer tentar uma manobra. Hunt usou da dificuldade de se passar em Zandvoort para se segurar na ponta e vencer pela primeira vez na Fórmula 1. Seria, também, a primeira (e única) vitória da Hesketh na categoria, pois o inglês seria contratado pela McLaren no ano seguinte, e a rivalidade entre ele e Lauda entraria para a história nas duas temporadas seguintes.
Uma vitória parecida às de outro inglês campeão do mundo…
Curiosamente, a vitória de Hunt no GP da Holanda de 1975 seria a primeira da Inglaterra desde o GP da Itália de 1971, glória que coube ao pouco conhecido Peter Gethin, e seria muito semelhante a várias corridas vencidas por outro inglês, Jenson Button, anos depois.
1 Comment
Foi a única vitória de equipa que levava a F1 como uma brincadeira. Chegavam aos circuitos de Rolls-Royce, tinham um mordomo a servir champanhe e ficavam em hotéis de cinco estrelas.
Era a equipa ideal para James Hunt, ou o contrário.
Cumprimentos
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