F1 Todo-poderoso - Julianne Cerasoli Skip to content

Todo-poderoso

Quando o nome de Toto Wolff apareceu entre os acionistas da Williams, ele era tratado como um aventureiro que estava se aproveitando do momento ruim da tradicional equipe para realizar seu sonho e colocar os pés no mundo da F-1. Mal sabiam os céticos que o austríaco se tornaria, em cinco anos, um dos homens mais poderosos da categoria.

A aposta de Wolff demonstrou ser acertada: o time de Frank Williams, que parecia se encaminhar para um fim melancólico diante da relutância em aceitar o investimento de grandes montadoras, engatou uma série de decisões acertadas desde meados de 2013 e voltou à forma que não mostrava há mais de 10 anos.

Mas isso era pouco para o ex-piloto amador, que fez fortuna nos ramos de tecnologia e internet. Em 2013, Wolff surpreendeu ao anunciar que deixaria o cargo de chefia por que havia galgado três anos após comprar 15% da equipe e assumiria o mesmo posto na poderosa Mercedes. E mais, tendo adquirido 30% do time. Ali acumularia pela primeira vez duas funções que, em primeira análise, gerariam contenda. Sabe-se lá como, convenceu Williams e os alemães que poderia ser acionista de equipes potencialmente rivais.

E não é só isso: Wolff é ao mesmo tempo o chefe das operações de automobilismo da Mercedes-Benz e chefe da equipe de fábrica da Mercedes. Isso é justificado, segundo ele, pelo maior comprometimento que alguém que tem participação financeira no negócio teria no comando, mas causa conflitos óbvios.

O grande problema é conciliar os interesses da Mercedes montadora e fornecedora de motores com a Mercedes equipe. Com o mesmo homem comandando os dois lados, é difícil que um time com estrutura para rivalizar com os prateados consiga fechar um contrato para ter aquele que é o melhor motor da categoria. E é isso que a Red Bull está vivendo no momento.

No ano passado, Wolff vendeu grande parte das ações da Williams, resolvendo parte de seu ‘problema’. Mas a vida dupla dentro da Mercedes continua – e não dá sinais de que corre risco.

O que impressiona é o fato do ‘ex-aventureiro’ conciliar coisas aparentemente inconciliáveis. E isso fica claro no sucesso da equipe Mercedes. Quando foi anunciado que ele e Niki Lauda iriam gerir a parte administrativa e Aldo Costa e Paddy Lowe ficariam com a técnica, muita gente duvidou que daria certo. Era muito cacique para pouco índio. Mas Wolff se encontrou dentro de uma organização descentralizada. E arrumou um jeito de mandar em todo mundo aproveitando o melhor de cada um. Engoliu os céticos mais uma vez.

Coluna publicada no jornal Correio Popular

14 Comments

  1. Excelente análise, Julianne. Wolff é a renovação da F 1. Tem faro para o sucesso. Essa Mercedes vencedora – toda ela, não apenas os pilotos – é um verdadeiro dream team. Competência para dar e vender: parece que teremos mesmo uma Red Bull powered by Mercedes, nem que seja apenas em 2017. “O impotece aconssível”, rsrsrs. . . Para a perfeição na Mercedes, só faltaria um Vettel ou um Alonso ao lado de Lewis. Mas aí é que as coisas iam ficar mesmo difíceis para a concorrência, neste horizonte que conseguimos ver. Tudo indica, entretanto, que a Mercedes está apostando forte em Pascal Wehrlang na F 1, para o quanto antes. Será que Wehrlang é tão bom assim?

    Fora do post:

    http://www.gptoday.com/full_story/view/535162/Andretti_backs_underrated_Vergne_for_Haas_F1_seat/

    Julianne, quando puder, ou no momento mais adequado, presenteie-nos com um post sobre as perspectivas da Haas para 2016. Eles dizem que pretendem entrar já competitivos. Estarão mais para Force India, Toro Rosso ou para Manor? Seus dirigentes apontam também como argumentos que reforçam suas expectativas o fato de disporem de ferramental para fazerem o que for preciso e a experiência (vencedora) das corridas americanas. Como já disse, pelo menos para a primeira temporada, acho que entre os disponíveis no mercado, Vergne ou Buemi (pela experiência inclusive com híbridos no WEC e por ser veloz) fariam excelente dupla com Simona de Silvestro (a quem eu gostaria muito de ver na F 1, mais que a Danica). Também penso que Josef Newgarden poderia ser um bom candidato para correr na Haas, vejo-o mais aguerrido e mais talentoso que Alexander Rossi, inclusive com a vantagem da experiência em carros mais potentes e velozes. Mas sempre tem o imponderável: os interesses comerciais. Ajudam, contribuem ou podem atrapalhar para que não possamos ver o que queremos na F 1.

    • PS: Por conta dessa “vida dupla” de Toto, eu não me surpreenderia se Wehrlang viesse a correr na Williams já em 2016, na hipótese de Bottas sair.

    • Aucam, também estou ansioso pela análise da Ju sobre a Haas F1.

      Abs

  2. Na linguagem-vulgar (de rua) de nosso país, totó significa: “dar uma encostada” ou “dar uma desequilibrada” . O nome Wolff, se traduzida no inglês, significa lobo. Brincadeiras à parte, este kra éh um daqueles raros cidadãos que tem o dom em ver aonde aparentemente não se tira nada, a oportunidade de ganhar dinheiro (ele esta na categoria do Bill Gates & tio-Silvio Santos). Me parece que este tino ou astúcia (do lobo) também tem sido muito importante para a atual dominância da Mercedes. Más na minha opinião, todo este poder dele, teve muito a contribuição do Ross Brawn. Foi o bom-e-velho-Brawn que colocou ordem e pôs as peças no seu devido lugar para que a equipe se transformasse no que éh hoje.

    • É verdade, Braz, hoje eu gostaria de ver Brawn na McLaren.

      • Hahahaha, Braz, esse Arai é um tremendo gozador!!! Ele e o Boullier formam a tempestade perfeita que está se abatendo sobre a McLaren. . . Mas o Ron Dennis continua prestigiando os dois. Deveria dar uma prensa na Honda. . . Já não se fazem mais Rons Dennis como antigamente. . . Whitmarsh deve ter trocado seu sorriso estilo Mona Lisa por gargalhadas. . . Depositei grandes expectativas na McLaren-Honda (e acredito que muita gente mais), o problema é que só se pensou na Honda em sua fase vencedora, esquecendo seus anêmicos motores quando participou como equipe completa na época que antecedeu a venda para Ross Brawn. A própria Honda já reconheceu que essas PU híbridas são mais complexas do que eles imaginavam. E a própria McLaren já não vinha fazendo grandes chassis ultimamente.
        Grande abraço.

  3. Oi Ju,

    Ótima coluna!

    Se é verdade que Bernie Ecclestone estava preparando Flavio Briatore para ser seu substituto, Toto Wolff, apesar de ainda verde para assumir o comando da categoria – bem diferente do que comandar uma equipe, ainda em início de carreira – poderia ser olhado com mais atenção por Bernie.

    Afinal, até o momento, não demonstra ter o ufanismo de italianos como Luca di Montezemolo, por exemplo, e nem o mau caráter de Briatore.

    Um nome a ser observado.

    • Boa Sérgio! Este-Toto pode ser um-achado pra substituir o “imortal” Bruxo-Ecclestone

    • Sérgio, também gostei da idéia de Wollf para substituir Ecclestone. Mas creio que até aonde a vista alcança, Bernie é mais afinado com Horner e vai tentar emplacá-lo.
      Um abraço!

  4. Não apenas isso: a saída do nocivo Norbert Haug também foi decisiva. Caras como Nick Fry, que chegou através da BAR-Honda-Brawn-Mercedes, também não contribuíam em nada, embora eu não saiba dizer se ele ainda está lá. E sem dúvida, acima de Wolff, Lauda, Costa e Lowe, o mérito pelo momento da Mercedes é muito mais do Ross Brawn, que soube colocar a equipe nos eixos antes de sua saída.

  5. Parece que a idéia do Toto era dividir o comando da Mercedes e não deixar centralizado numa só pessoa. Por isso não mantiveram o Ross Brawn. E parece que deu certo.
    Sobre os motores, não acredito que o motor que a Mercedes vende as equipes é idêntico ao que utiliza. Deve ter algo a mais no da matriz, que dá alguns décimos a mais. E não tem como saber.
    Caro Aucam e amigos, se o Pascal Wehrlang for para a Willians, o Hulk vai dançar de novo. Ai ele sai da F1.

    • Meu caro Alexandre, realmente com o Wehrlang pegando quilometragem na Williams no lugar de Bottas, a situação de Hulkenberg iria complicar as possibilidades de ele vir a correr por uma equipe grande. No mínimo, teria que esperar a transferência de Wehrlang da Williams para a Mercedes, após uma hipotética não renovação de Rosberg. A McLaren já tem Vandoorne e Magnussen, no caso da saída de Button. A Ferrari já estaria completa. A Red Bull tem a política de aproveitamento da prata da casa. A Mercedes em 2016 também já está completa com a dupla atual, Hamillton e Rosberg, além de ter o firme propósito de engajar Pascal Wehrlang.

      Mas acredito que Hulk não sairia da F 1 a curto prazo (por uma ou mais duas temporadas), pois Vijay Malya gosta muito dele e o tem em alta consideração. E restaria ainda para Hulk uma aposta de alto risco: ir para a Haas e crescer com ela. Gene Haas já disse que gostaria muito de ter Hulk (seria o seu preferido), mas – com os pés no chão – disse também achar difícil Hulk trocar a Force India pela sua equipe estreante, posto que, ainda que as pretensões dele – Haas – sejam grandes, certamente a equipe não tem a expertise e a experiência da escuderia indiana. Hulkenberg tem que dar um jeito de fazer algumas corridas arrebatadoras neste e no ano que vem na Force India, para se manter em evidência, pois ainda é relativamente jovem (está com 28 anos) e tem muita experiência.

      • Mas o que esperamos dele são as corridas arrebadoras, que ainda não aconteceram. É um bom piloto, mas falta lampejos de fora de série. Se desse para juntar o Hulk com o Peres, teríamos este piloto.


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