F1 Toma lá, dá cá - Julianne Cerasoli Skip to content

Toma lá, dá cá

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A estreia de Baku no calendário da Fórmula 1 teve um pouco de tudo. Da desconfiança inicial de muita gente do paddock que simplesmente se nega a acreditar que pode existir civilização fora do que já conhece, passando pelo encanto com uma cultura bastante peculiar, com uma grande influência turca, pincelada por cores árabes e russos, e uma simpatia quase exagerada dos locais, tentando de tudo para impressionar os ‘forasteiros’, até chegar – infelizmente – em uma corrida que ninguém via a hora de terminar.

A falta de emoções de uma prova que se desenhava como épica dentro de um cenário tão improvável frustrou as expectativas, mas pelo menos serviu como mais uma reviravolta no campeonato. Ao contrário de uma semana atrás, é Hamilton quem teve sua confiança testada e buscará dar a volta por cima na próxima etapa.

Rosberg, por sua vez, mediu perfeitamente aquele passo a passo necessário para uma pista nova e altamente desafiadora, que pune o menor dos erros. Não se preocupou em ser o mais rápido nos treinos livres, foi aumentando a intensidade aos poucos e buscando se adaptar às mudanças da pistas, mais bruscas por se tratar de um circuito de rua e de um asfalto novo. Não por acaso, saiu ileso de uma classificação que pegou os mais agressivos de surpresa e pavimentou seu caminho para uma vitória absolutamente tranquila no domingo.

Do outro lado, Hamilton se viu às voltas com mais um problema de motor. Desta vez, uma configuração errada da própria equipe, segundo a versão oficial. Tanto, que o inglês já admite não ter tanta confiança em seu equipamento, que o deixou na mão algumas vezes nesta temporada. Aliás, o tricampeão sabe muito bem que está ‘pendurado’ em dois lados: já está na quarta unidade de um dos elementos da unidade de potência e está a uma reprimenda de perder 10 posições no grid de largada.

Somando-se a isso, voltou a ficar 24 pontos de desvantagem no campeonato, mesma quantia de antes do GP do Canadá.

Mas seriam esses elementos para desestabilizar o inglês? Nem mesmo o resultado frustrante tira de Lewis um trunfo importante: Rosberg ainda não o bateu em um duelo mano a mano, tendo construído sua vantagem ‘jogando no erro do adversário’.

Mas a vantagem existe e gera a pergunta: por que têm ocorrido tantos erros? A pressão da imprensa inglesa já começou ainda no sábado, questionando o comprometimento de um piloto que apareceu em Baku dizendo que havia feito oito voltas no simulador e que nem se interessava em andar pela pista para ver quais trechos poderiam ser mais complicados. E pode ter certeza que tal pressão só piorou quando o inglês demonstrou dificuldade em resolver um problema que apareceu em seu volante. Por mais que muitos concordem que a restrição ao rádio seja um preciosismo, esta é a atual regra e cabe aos pilotos se adaptarem.

E são estes detalhes que Rosberg conhece muito bem.

No mais, o GP da Europa comprovou a ‘sede’ por calor da Ferrari, ajudada pela queda das pressões de pneus que a Pirelli promoveu entre sexta e sábado. E fez com que todos prestassem atenção à Force India, quem mais conseguiu usar uma vantagem que ainda existe, especialmente com a recuperação de energia na corrida, do motor Mercedes. Com Felipe Massa perdido com os pneus, restou saber do que Valtteri Bottas seria capaz com uma classificação melhor. Por essas e outras, voltar a um cenário ‘normal’ em duas semanas, na Áustria, será mais que bem-vindo.

14 Comments

  1. Para entrar no hall dos grandes, além do talento, o piloto tem que ter um algo mais. Hamilton só tem um dos dois.

  2. Ainda me pergunto o que tem acontecido com a Red Bull: o dito “melhor chassi da Fórmula-1” se mostrou um “triturador” de pneus nas duas últimas etapas, fazendo duas paradas enquanto os principais fizeram apenas uma (levando em conta o suposto erro da Ferrari em Montréal). E em duas circunstâncias diferentes: frio canadense e calor azembi.

    Hamilton começou aloprando na sexta-feira e, a partir do sábado, só se perdeu: a quantidade de erros que ele cometeu na classificação, com o carro mais estável do grid, foi absolutamente bisonha, uma das piores apresentações que já vi um piloto fazer (Foram tantos que a FIA permitiu a ele trocar o pneu que usou no Q2 e com o qual largaria, pois ele o havia dechapado). E dar apenas 8 voltas no simulador antes dos treinos é demais! (Ou melhor, de menos!) Ele deve sim ser cobrado por isso, da mesma forma que estava cobrando dos mecânicos na Rússia. Acho que a restrição ao rádio premia também os pilotos mais estudiosos (Vettel se destaca nisso!), algo que joga a favor de Rosberg, já que não tem o mesmo talento do inglês. O piloto também deve ser capaz de resolver seus problemas, e não apenas acelerar e esperar por soluções.

  3. Pois é. E ficou mais feio ainda quando a Mercedes veio a público e informou que Rosberg teve o mesmo problema mas conseguiu resolver. Se não fizer o dever de casa. Mr. Hamilton vai jogar esse campeonato na mão do Alemão.

  4. Ótima análise sobre uma corrida que ficou muito aquém das expectativas em geral, JULIANNE, e gostei da rápida pincelada turística que você fez sobre BAKU. Realmente, essas Repúblicas que compunham a antiga URSS ainda são bastante desconhecidas do Mundo Ocidental, apesar de abrigarem cidades grandes, vibrantes e bonitas, nas quais se mesclam o antigo e o futurístico, vide a moderníssima ASTANA, (a nova capital do Cazaquistão) digamos assim uma espécie de DUBAI com um “look” esotérico. E no dia em que Mr. Ecclestone inventar mais um circuito exótico por aqueles lados, ele poderá, por exemplo, fazer um GP noturno em ASHGABAT, a capital do Turcomenistão, pois não precisará gastar muito na iluminação, que é um dos destaques daquela cidade – ASHGABAT by night é um exótico, feérico e bizarro show de luzes nas avenidas e prédios.

    HAMILTON, irreconhecível, fez um GP pra esquecer. No entanto, que ninguém SUBESTIME o inglês, ainda tem muito campeonato pela frente e não existem pilotos à prova de erro, é bom lembrar: TODOS, SEM EXCEÇÕES, cometem erros e têm seus maus dias – às vezes não apenas dias, mas até ano ou anos, seja por culpa própria, seja por fatores alheios à sua vontade. No caso, o erro cometido por LEWIS no treino de classificação foi um pedágio altíssimo, somado a problemas no carro com os quais não soube lidar, ao contrário de ROSBERG. Espero que ele consiga RETIRAR ENSINAMENTOS dessa adversidade que vivenciou, MAS QUE NUNCA MUDE SEU ESTILO SELVAGEM E VISCERAL.

    VERSTAPPEN e RICCIARDO também enfrentaram vicissitudes pessoais, com RICCIARDO batendo nos treinos livres e VERSTAPPEN atrapalhado por BOTTAS, além de seus carros terem deixado um sabor de decepção – penso que o tipo de circuito não foi adequado à cavalaria adicional posta nos propulsores da RENAULT mais os problemas de instabilidade que tiveram com os compostos mais macios foram os responsáveis. Também fico imaginando que se tivessem posto o jogo de pneus mais duros, talvez ambos tivessem tido chance de uma parada só e um ritmo mais forte, eis que VERSTAPPEN não apenas registrou a MELHOR VOLTA DA PROVA quase ao final da corrida, como também passou a andar mais forte. Sobre isso, aguardarei a opinião abalizada da JULIANNE e de outros comentaristas aqui do Blog.

    No mais, quero comentar aqui que mais uma vez o apedrejadíssimo, desacreditadíssimo e menosprezadíssimo (NÃO POR MIM) SÉRGIO PÉREZ e sua CHILI-pilotagem chegou à frente do festejadíssimo, celebradíssimo e endeusadíssimo HULKENBERG. Até aqui, no confronto dos dois na FORCE ÍNDIA, vem sendo 2 a 1 para o “bogartiano” mexicano, que, pela segunda vez só este ano, foi ao pódio com autoridade, ultrapassando NA PISTA, no mano a mano, RAIKKONEN, não se contentando apenas com a punição sofrida por KIMI, sempre um show à parte em seus diálogos pelo rádio. Mais uma vez nesta temporada, na minha insignificante opinião PÉREZ foi THE STAR OF THE RACE.

    Segundo tempo nos treinos de classificação, até onde PÉREZ poderia ter ameaçado VETTEL se não tivesse tido a punição? VETTEL, por sua vez, extraiu TUDO o que era possível de sua FERRARI.

    • Uma retificação: VERSTAPPEN fez a TERCEIRA melhor volta da prova, e NÃO A MELHOR.

    • Prezado amigo Aucam, tambem nao tenho dificuldades em reconhecer a realidade e como prova disso reconheco aqui que apesar das grandes diferencas nas calssificacoes enre os piloos da Red Bull, nas tres corridas em que tiveram igualdade de condicoes ate aqui com excessao de Monaco, Max foi relativamente superior em todas, principalmente na de ontem, portanto apesar de achar dificil que o jovem holandes mantenha esse nivel de pilotagem perante o australiano, devo reconhecer que na primeira corrida Daniel nao conseguiu escapar de Max e acabou derrotado pela estrategia, se bem que pelo ritmo do jovem Max poderia ter sido perfeitamente na pista, na segunda Max soube aproveitar as oportunidades desde a largada e tambem teve bom ritmo, e onem ele simplesmente foi buscar o companheiro e se tivessemos mais duas voltas poderiamos ter uma inversao de posicoes, portanto caro amigo estou realmente surpreso com o ritmo de corrida de Max, embora repito que nao acredito que consiga se manter no mesmo ritmo de Ricciardo ou ate ligeiramente melhor como tem feito daqui pra frene, no mais e sempre prazeiroso debater com voce amigo, forte abraco

      • OK, amigo HERMES. No fim das contas, nós aficionados é que saímos beneficiados desses fantásticos embates entre esses ases todos.
        Grande abraço!

      • Caro HERMES LEANDRO:

        Agora, anote este nome: YE YIFEI, chinês que acaba de completar 16 anos e está em sua segunda temporada de Fórmula 4 Francesa (algo assim como uma Fórmula Ford). YE YIFEI já disputou este ano 12 provas da F 4 e venceu 10, das quais cinco com o grid invertido (o que se torna bem difícil). Está com o dobro da pontuação do segundo colocado. Na temporada de estreia, ele venceu 2 vezes, perfazendo portanto um total de 12 vitórias na categoria. GOSTO DE QUEM “CHEGA CHEGANDO”, isso diz muito. YIFEI é um nome para acompanhar. MAS SEM PERDER DE VISTA AQUELE NEGÓCIO MUITO SÉRIO de que os limites de cada piloto vão sendo evidenciados a cada passagem para uma categoria mais pesada, mais rápida, mais potente e com adversários mais qualificados. Isso já derrubou muita gente boa, promissora, até alguns que conseguiram chegar à F 1. Mas também não é uma verdade ABSOLUTA – NIKI LAUDA é o maior exemplo de quem SÓ BRILHOU na F 1 – no entanto, é um grande parâmetro.

  5. O cara anda bem na sexta-feira pela manhã enfia 3 décimos em Rosberg
    Pela tarde 7 décimos
    Entao a noite mexem na configuração do carro
    No sábado o cara inexplicavelmente erra a classificação inteira com o carro completamente desequilibrado
    Na corrida a mesma coisa o carro sem ritmo nenhum com a regulagem incorreta
    Outra coisa Rosberg teve o mesmo “problema” e num passe de mágica resolveu em apenas uma volta
    Por que tem cola das configurações no cockpit só isso
    Se Hamilton não usa simulador é por que sabe do seu potencial.Piloto diferenciado um dos que não gosta de simulador
    Então menos aí por que Rosberg não é isso tudo que tentam enfiar goela abaixo coisa de torcedor fanático. ..

  6. Eu até esperava menos da corrido devido a volta ser muito longa. Foi razoável. Dia para o Hamilton esquecer, mas pontou. Desta vez, é de novo, os touros que se enrolaram com os pneus. E agora vão correr em casa. Vamos ver se a cavalaria a mais da Renault vai ajudar.
    Bela corrida do Perez, novamente. Ainda não descobri o que ele fez com o carro. Até parecia que estava com a Mercedes do Hamilton. Qual o mistério do Perez, Julianne.
    Aucam, acho que o Hulkemberg é o melhor segundo piloto que tem. É rápido e regular, pontua bastante e deixa os pódios para seu companheiro. Que venha o circuito dos touros com sua penúltima curva complicada.

    • ALEXANDRE, gostei da observação e concordo com ela, rsrs. . . Sei que você preferiria SAINZ, mas eu gostaria de ver uma segunda chance para o PÉREZ na Ferrari, mesmo que fosse com um contrato de um ano apenas. SAINZ é muito jovem e eu vejo nele muito potencial para correr por uma equipe grande, num futuro não distante, ainda tem bastante tempo pela frente. SAINZ é muito rápido e combativo; ele faz grandes corridas de recuperação.

    • O segredo de Perez é como ele consegue tracionar saindo de curvas lentas sem castigar os pneus. Perceba que as grandes provas dele vêm em pistas com estas características.

  7. Sinceramente, esperava mais desse GP de BAKU, a corrida mais sem sal que já vi em 2016. Pelas características do circuito pensei que seria uma corrida mais desafiadora, justamente pelos riscos que a mesma trazia. Ou será, a maioria dos pilotos no domingo resolveram não pisar tão fundo assim e conseguirem terminar a corrida ilesos de acidentes. Notei a princípio os carros muito próximos uns dos outros.
    Por outro lado, a saída de Pérez da maclaren, só o fez evoluir como piloto, se confirmando com excelente GP que lhe deu mais um pódio em Baku. Hamilton deve esquecer esse final de semana trágico, mas tirar lições do ocorrido, isso também faz parte do processo de aprendizagem do piloto. Agora, será mesmo que Rosberg teve o problema no carro idêntico ao de Lewis, como alguns dizem por ai e resolveu em uma volta, tenho minhas dúvidas. Quem não lembra Nico no GP da Espanha, alterando as configurações do carro, em modo de segurança que o fez perder potência e aproximação de Hamilton, contribuindo com o acidente.
    O maior fator de vantagens de Roberg, não é tanto algumas falhas de seu adversário, mas é justamente as causas externas no carro de Hamilton que não tem nada com falha do piloto. Não acredito que na classificação Lewis tenha desaprendido o que fez nos treinos livres.

    • O Hamilton não teve um bom resultado em Baku, exclusivamente pela falha de pilotagem dele no Q3.


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