Dia desses, eu li uma definição interessante sobre o palco GP dos Estados Unidos: uma coletânea dos maiores hits da Fórmula 1. E poucos lugares são mais apropriados para ter um circuito desses, ainda mais na super musical Austin.
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A combinação entre uma pista com pontos de ultrapassagem, perda de tempo no pitlane relativamente pequena e a variabilidade do clima formam um combo interessante. Não é por acaso que o Circuito das Américas já nos deu alguns GPs bastante movimentados. E a corrida também foi palco de disputas pelo campeonato entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg no passado:
Qual é o melhor acerto para o Circuito das Américas
É uma pista equilibrada em termos de necessidade de velocidade de reta x mais pressão aerodinâmica, e tem curvas para todos os gostos. COTA é um circuito em que o carro precisa responder bem a mudanças rápidas de direção. Então, ele deve estar bem equilibrado (sem tendência de sair muito de frente ou de traseira).

Por outro lado, um problema que só tem aumentado no Circuito das Américas devido ao terreno em que a pista foi construída são as ondulações. Isso faz com que as equipes tenham que levantar os carros, dependendo de quão sensíveis eles são. E andar com o carro mais alto diminui sua eficiência aerodinâmica. Também por conta das ondulações, as suspensões também devem estar mais macias.
No entanto, isso é negativo para o rendimento da geração atual de carros. Eles precisam manter uma distância pequena e constante em relação ao solo. Encontrar o limite da altura se tornou, então, o grande desafio na pista. Até porque as ondulações vão mudando de lugar a cada ano. Nos últimos anos, vários pontos da pista foram recapeados, mas isso não aconteceu só de uma vez, então há diferenças entre um trecho e outro.
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São muitas curvas, começando com uma sequência de esses de alta velocidade e terminando também em um setor com muitas curvas. Então, o estresse de pneus é alto, favorecendo estratégias com mais paradas.
Ultrapassagens no GP dos Estados Unidos

O primeiro setor de COTA é inspirado na Eau Rouge na primeira curva, depois passando por um trecho mais Suzuka/Silverstone. É difícil seguir o rival de perto nestas circunstâncias, mas isso é importante para um ataque na reta oposta, o grande ponto de ultrapassagem da pista.
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Por conta disso, as ultrapassagens em Austin sempre dependeram muito do DRS. Tivemos GPs dos EUA com número alto de ultrapassagens. Em 2019, por exemplo, foram 61 após a primeira volta, colocando a prova em segundo no ano, atrás apenas do Bahrein. Porém, 70% das manobras dependeram da asa traseira móvel.
Em 2022, com o DRS mais poderoso devido ao novo regulamento, foi até fácil demais passar em Austin, a campeã de manobras do ano, com 85. Mas, no ano seguinte, o número de manobras já foi bem menor, 47, embora acima da média. Em 2024, foram apenas 33 ultrapassagens.
Além da reta oposta e da freada da curva seguinte, a 12, outro pontos de ultrapassagem é na curva 1. Embora a freada fique a apenas 325m da posição do pole, há várias linhas possíveis. E isso ajuda a ação do começo ao fim da prova. Mas não é incomum termos toques ou vermos pilotos saindo da pista, pois a curva começa aberta e depois o espaço desaparece.
Austin ganhou fama de corrida com estratégias variadas pela combinação de três motivos: o pit lane relativamente curto, com perda de por volta de 20s, a possibilidade de se ultrapassar e as condições de tempo variáveis. Não raro, a F1 pegou um dia de frio e, muitas vezes, chuva, seguido por outro de calor. Isso sempre atrapalha a preparação das equipes e ajuda a trazer mais dúvidas para a prova.
Qual é a melhor estratégia para o GP dos Estados Unidos

Essa combinação entre a pouca perda no pitlane e o número razoável de ultrapassagens fez com que as provas em Austin fossem vencidas com táticas de duas paradas. Afinal, vale mais a pena forçar o ritmo do que tentar segurar para fazer apenas uma troca de pneus.
Mas, em 2024, todos os pilotos do top 10 fizeram apenas uma parada, usando o médio e o duro.
Um ponto negativo é que não há muitas variações de estratégia (é mais uma questão de fazer dois stints de duros ou de médios). E, como as áreas de escape são generosas, é uma corrida com pouca incidência de SC.
Dito isso, todas as oito provas disputadas em Austin, o vencedor foi um dos pilotos da primeira fila do grid. Aliás, a possibilidade de contornar bem a primeira curva por fora faz com que a segunda posição não seja um lugar ruim para largar. O piloto que saiu da segunda posição liderou a terceira volta em quatro das últimas cinco corridas em Austin.
Como foi o GP dos Estados Unidos em 2024
Leclerc venceu a corrida depois de largar em quarto, ultrapassando o pole position Norris e Verstappen que largaram em segundo. Sainz também ultrapassou Verstappen e conseguiu garantir o segundo lugar devido a um undercut. Verstappen lutou com seu carro e terminou em terceiro após uma ultrapassagem controversa de Norris que foi considerada ilegal. Norris foi penalizado e caiu para quarto.
A Ferrari não se classificou bem, mas mostrou já no final da sprint que estava se dando melhor com os pneus médios. Não foi o suficiente para vencer no sábado mas, no domingo, Leclerc pulou de quarto para a liderança na primeira curva, e controlou o ritmo até o fim para vencer.
Carlos Sainz precisou de um undercut em cima de Verstappen para se colocar em segundo, e garantiu a dobradinha para a Ferrari em uma pista em que eles historicamente andam bem. E em que, em 2024, eram muito superiores nas curvas lentas.
Restava a Verstappen defender o terceiro lugar. A McLaren tentava um overcut com Norris, que tinha largado na pole e tinha mais ritmo que a Red Bull, mas Verstappen conseguia se defender muito bem. Até que Norris passou por fora da pista e foi punido, em um dos lances mais polêmicos da temporada:
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