Atire a primeira pedra quem não torceu o nariz quando Bernie Ecclestone anunciou que a Fórmula 1 voltaria aos Estados Unidos em um circuito que seria construído do zero em Austin, no Texas, terra conhecida pelos cowboys e conservadorismo.
Mal sabíamos que o “Keep Austin Weird” (“mantenha Austin estranha”) era mais do que uma frase para estampar camisetas e souvenirs: Austin é mesmo uma estranha no ninho dentro do Texas, e um palco excelente para essa excentricidade que é a F-1 em território norte-americano. De um jeito, digamos, estranho, a categoria rapidamente se encontrou no oásis republicano na terra do faroeste. E dos latinos, mercado mais aberto à F-1, especialmente via Sergio Perez. Como aconteceu em várias oportunidades, Bernie matou dois coelhos com uma cajadada só.
Certamente vocês conhecem os Estados Unidos muito melhor do que eu, e não vou me meter a falar sobre o país, que é imenso e plural. Austin é festeira e relaxada, combinação típica de cidade universitária que, dizem, tem o maior número de bares por habitante nos EUA. É uma das maiores cidades do Texas, mas conserva um quê de progresso e um clima de interior.
Isso não quer dizer, contudo, que é uma cidade barata. Como a Fórmula 1 geralmente divide espaço com os enormemente populares campeonatos universitários de futebol americano e a estrutura hoteleira não é das mais amplas, os preços de acomodação para o GP são exorbitantes. Tanto, que no meu “campeonato” neste ano, Austin só fica atrás de Suzuka e ganha de Mônaco – e olha que fiquei, de fato, em Mônaco, e não nas cidades vizinhas, como muitos optam para economizar.
Os ingressos também não são dos mais baratos, mas o investimento vale a pena. A vista que se consegue com um general admission, à direita do final da reta dos boxes, é considerada uma das melhores da temporada (assim como Interlagos, diga-se de passagem) e o preço é de pouco menos de 700 reais. E a aposta dos organizadores tem sido chamar nomes de peso para tocar após a classificação: ano passado, foram batidos recordes de venda de ingressos devido a um dos únicos shows de Taylor Swift no ano – e, sim, muita gente comprou ingresso para a corrida só para ver o show e não deu a mínima para o que acontecia na pista. E neste ano a atração principal é Justin Timberlake.
Não é a sua praia? Sim, tem ação na pista, cujo traçado é bastante desafiador e interessante. E, de quebra, o melhor bar do mundo, o Pete’s Piano Bar, onde uma banda fica tocando as músicas pedidas pelos fregueses e cobrando mais ou menos dependendo da dificuldade da canção – ou de quantas vezes pediram para repeti-la. Pena que, neste ano, não vai ter Nico Rosberg para dar uma de Jon Bon Jovi e cantar Living On a Prayer com um copo de cerveja na mão derrubando o líquido para tudo quanto é lado.
RAIO-X
Preços: As passagens não são tão caras, especialmente se a opção for voar para Houston e pegar as 3h de estrada para Austin. Mas a acomodação durante os dias de GP beira o absurdo, já vou avisando. E os ingressos também não estão entre os mais baratos – especialmente se o pop americano não for sua praia.
Melhor época: A pista em si recebe categorias por todo o ano, como MotoGP e WEC e a cidade é conhecida pelos vários festivais de música ao longo do ano. Em termos de clima, os invernos são relativamente frios e verões bem quentes, então as melhores épocas são a primavera e o outono.
Por que vale a pena? A vista é boa, a pista é boa e a diversão – sem a afetação de outros destinos da F-1 – está garantida.
5 Comments
Bom dia Ju!
Me surgiu uma dúvida curiosa, nessa dança das cadeiras promovida pela STR, o Kvyat é o substituto do Sainz Jr, já o Hartley é substituto do Gasly (que é substituto do Kvyat).
O Kvyat vai assumir o carro (chassi e unidade de potência) que pertencia ao Sainz Jr. ou o que já era dele?
Kvyat herda carro, alocação de motores e até engenheiros de Sainz.
Baita cidade. Recomendo restaurantes locais fora de downtown (sentido oeste da congress avenue), texmex de primeira e barato. A margem do rio Colorado por toda downtown eh legal tambem.
Ah, por favor visitem a loja flagship do whole foods. A melhor do mundo, vale a viagem.