F1 Turistando na F1 e 10 coisas que você não sabia sobre Abu Dhabi - Julianne Cerasoli Skip to content

Turistando na F1 e 10 coisas que você não sabia sobre Abu Dhabi

Julianne Cerasoli

Não é sempre que a F1 visita lugares cuja história é mais recente que a do Brasil pós-colonização, não é verdade? O GP de Abu Dhabi é um dos poucos exemplos, como a corrida em Melbourne ou Austin, por exemplo. Ao mesmo tempo, é um lugar bem diferente, embora o prefeito de Cabo Frio tenha feito lá suas comparações!

Já falei por aqui dos pratos, de como é o clima do lugar e quanto sai ver uma corrida no GP que tem o ingresso básico mais caro de toda a temporada. Agora vamos de curiosidades no encerramento da quarta temporada do Turistando.

Enquanto Dubai é o mais conhecido dos emirados, Abu Dhabi é o mais raiz, e muito mais antigo. O local se tornou parada de beduínos na segunda metade do século XVIII, quando Dubai, que é mais ao norte, sequer existia. Os dois lugares evoluíram no final do século XIX devido ao comércio de pérolas, mas depois decaíram. Só voltaram a crescer depois da descoberta do petróleo. Em Abu Dhabi, isso ocorreu em 1958 e em Dubai, oito anos depois. Aliás, Abu Dhabi não é em Dubai, nem Dubai é em Abu Dhabi. Ambos são emirados, que fazem parte do país chamado Emirados Árabes Unidos. São sete no total e Abu Dhabi é, de longe, o maior deles. Porém, muito de sua área é desértica.

Mas quanto petróleo existe por lá? Abu Dhabi tem 23 VEZES mais petróleo que Dubai. Na verdade, pode até ser mais porque, no final de novembro, eles descobriram o equivalente a 22 bilhões de barris, o que é bem mais do que o Brasil tem no total. No ritmo atual de consumo e não descobrindo mais nada, eles terão petróleo por mais 150 anos pelo menos.

Numa sociedade cuja riqueza vem do petróleo, quem diria que Abu Dhabi terá uma cidade com capacidade para 40 mil pessoas, 100% sustentável? O projeto era para 2025 e está atrasado devido à covid, mas mostra bem como esses países ricos do Oriente Médio estão dando uma repaginada na imagem – basta ver como a Arábia Saudita passou a se abrir para eventos ocidentais: essa “cidade do futuro”, chamada Masdar vai ter 220.000m2 e terá painéis solares gerando 17000 horas de megawatts por ano, o que é mais que o suficiente para uma cidade dessas dimensões. Além de petróleo, sol não falta por lá, afinal.

Falando em novas cidades dentro do emirado, a cada ano que voltamos para o GP, há algum empreendimento diferente. Quando a ilha artificial de Yas foi feita para ter a pista de F1 e o parque Ferrari World, não havia mais nada, só um ou outro hotel nas redondezas. Hoje há um shopping gigantesco, o Yas Mall, um parque aquático, outro da Warner Bros e inúmeros condomínios. Foram gastos 40 bilhões de dólares na ilha.

Falando no parque da Ferrari, vou colocar um item aqui que não tem a ver com curiosidades de Abu Dhabi em si, mas é de alto teor cômico. Não poderia deixar esse vídeo morrer. Repare aos 25s, quando o Alonso, além de estar odiando o maldito evento promocional, ainda perde tudo o que tinha no bolso! 

A gasolina é muito barata – menos de 60 centavos de dólar. Então por que não gastar dinheiro na placa do seu carro? A mais cara do mundo é lá de Abu Dhabi: custou 14.3 milhões de dólares para um cidadão ter a placa simplesmente com o número 1. E nada mais.

Nas quatro oportunidades em que estive em Abu Dhabi, notei uma grande quantidade de taxistas somali nas ruas por lá, atraídos pela possibilidade de ajudar financeiramente suas famílias (ainda que quase todos com que conversei odiarem o lugar) ao mesmo tempo em que vivem em um lugar em que religião e costumes não são tão diferentes dos seus. Mas a grande maioria dos imigrantes de lá vem principalmente da Índia e do Paquistão. São eles que levantam os arranha-céus dos emirados, muitas vezes em condições péssimas de trabalho. Os imigrantes, inclusive, são 20% da população do país, uma das maiores porcentagens do mundo. 

Dá para ir na praia em Abu Dhabi, de biquíni, no estilo ocidental. Mas não em qualquer lugar. Uma opção são os próprios hotéis, que têm praias particulares, ou na praia pública, em que há algumas regrinhas. Por exemplo: há uma área reservada para mulheres e crianças, em que homens só podem entrar acompanhados de mulheres. E já fiquei em hotel por lá em que eu tinha de cobrir pelo menos os ombros o tempo todo e em que as piscinas e academias eram separadas entre homens e mulheres. Lá dentro, elas treinavam com roupas como as que usamos no ocidente, mas só saíam para as áreas comuns com abayas, geralmente pretas. Mas era um hotel que servia como clube para os militares, então era mais conservador.

Essa sou eu tentando tirar foto da enorme e maravilhosa mesquita

Falando em vestimentas, costumo matar tempo em aeroportos no Oriente Médio tentando aprender mais sobre elas. Com o tempo, dá para tentar adivinhar de onde vem a pessoa de acordo com como ela cobre a cabeça, as cores usadas, etc. No caso dos homens emirati, geralmente é tudo branco – aliás, é um grande mistério como tudo fica tão limpo no meio de tanta areia! – até mesmo a ghutra ou keffiyeh (o tecido que vai na cabeça para proteger do sol e da areia). Já a maioria das mulheres usa apenas o hijab (cobrindo o cabelo), mas algumas cobrem, com preto, o cabelo e o rosto, deixando os olhos de fora (geralmente com muita maquiagem). A burca mesmo (que é sempre de um tom mais claro de azul, com tipo uma renda que cobre o rosto) devo ter visto uma ou duas vezes em aeroportos, já que é vestimenta afegã e bem rara nessa região.

Abu Dhabi é famosa por ter caixas eletrônicos de ouro. É isso mesmo. Você paga no cartão ou com dinheiro, e sai com uma barra de ouro. Hoje há outras cidades, como Londres, que têm o serviço, mas ele começou lá nos emirados há cerca de 10 anos. Eu nunca vi – elas não devem estar nos lugares que freelancers frequentam!

2 Comments

  1. 17000 horas de megawatts? Ju, você não quis dizer 17000 Megawatts/h?


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