A cara da França: Ou melhor, da Provence, o Ratatouille. E excelentes vinhos
O melhor lugar para comer: Restaurantes nas áreas de porto das cidades costeiras pelo menos vão valer pela vista.
O que evitar: Convencer algum francês a trabalhar a mais do que o normal só porque é semana de GP.
De volta à Europa, a temporada da Fórmula 1 inicia uma fase difícil em termos gastronômicos. Mas, pelo menos no caso da França, a questão não é a qualidade ou diversidade da comida, mas a dificuldade em encontrar algum restaurante aberto depois que saímos da pista. Isso porque a corrida de Paul Ricard é uma das mais complicadas em termos de logística. Ano passado, na primeira vez em mais de 20 anos que a categoria corria no circuito, foi montado um esquema oficial que deixou uma via liberada apenas para quem trabalha no evento.
As reclamações, contudo, foram gerais: se você estava do outro lado da pista, isso não ajudava em nada e o acesso continuava sendo de apenas uma via, para todo mundo. E os fãs acabaram ficando presos em engarrafamentos quilométricos, que duravam até depois das 21h. Ou seja, três a quatro horas depois do final das atividades de pista – e mais de cinco horas após o último carro de F1 dar o ar da graça.
Junte-se a isso o fato do circuito ficar longe de grandes cidades e ser difícil encontrar hoteis por perto, acabávamos chegando quase 23h para jantar e, embora o menu estivesse recheado de opções saborosas de frutos do mar e afins, só nos era oferecida uma pizza ou tábua de frios depois de muita lábia. Para quem não sabe, franceses não são exatamente conhecidos por fazer hora-extra, mesmo se for para aproveitar uma semana de lucro. Se a cozinha fechou, não tem conversa.
Mas, para quem estiver na região do circuito de passagem, desfrutar do que é considerada a melhor região da França em termos de comida é obrigação. As ervas são famosas, assim como as azeitonas – experimente Tapenade, um molhinho à base de anchovas e azeitonas e depois me diga, ou qualquer coisa coberta com aioli – um ratatouille ou minha salada favorita, niçoise, simples, fresco e muito nutritivo. São todos pratos simples e, como é regra na culinária mediterrânea, o segredo é a qualidade dos ingredientes. E do vinho, claro.
Áustria e dieta não combinam muito bem
A cara da Áustria: Schnitzel e cerveja
O melhor lugar para comer: Para quem curte o tal do schnitzel, um achado dos colegas foi o Arkadenhof Schwarzer Adler, em Leoben (quem tiver curiosidade, dá uma olhada no mapa para ver o quão longe ficamos da pista!)
O que evitar: Diria que ser vegetariano por lá seria um desafio.
Se na França é uma dor de cabeça encontrar algum local disposto a trabalhar até mais tarde, na Áustria o sufoco é duplo: é outra pista muito isolada, com poucas opções. E a comida local não tem nada de interessante, pelo menos para mim. Sei que colegas mal podem esperar chegar por lá para comer o prato mais tradicional da Áustria, schnitzel, todo santo dia, mas confesso que não consigo ver a graça de uma carne à milanesa (pode ser frango, mas geralmente é porco), regada a molho de cranberry – combinação das mais questionáveis até porque, como já disse há alguns capítulos aqui no Turistando, não é natal e as frutas deveriam permanecer em seu devido lugar – acompanhada de batatas. Se você insistir, pode rolar uns vegetais, para dar um colorido, mas eles estarão quase se desfazendo de tão cozidos.
Mesmo as outras opções do menu são sempre comidas pesadas. Muita carne de porco, linguiças e muita, muita batata. Batatas são fundamentais na culinária da maior parte da Europa, muito em função das inúmeras guerras por que o continente passou ao longo dos séculos, devido ao seu cultivo fácil. É um alimento que vai bem com quase tudo também, o que ajuda. Mas não é dos mais empolgantes de se comer, convenhamos.
Mas nem tudo está perdido na Áustria e há duas escapatórias – nenhuma saudável, mas aí seria pedir demais: beber cerveja e se deliciar com os doces de lá.
As cervejas de trigo são as famosas por lá, assim como na vizinha Alemanha, e basicamente não tem erro. É só pedir a cerveja local e curtir. Já os doces podem ser mais polêmicos. Não exatamente a região da Estíria, onde fica o circuito, mas a capital Viena é famosa pelas sobremesas, geralmente bem incrementadas. E beeem doces. Mas tem quem goste, não é?
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Sobre o engarrafamento para chegar ao circuito na França, se fosse no Brasil…