F1 Turistando off-season e o paraíso - Julianne Cerasoli Skip to content

Turistando off-season e o paraíso

Dizem que “quem converte, não se diverte” e o ano passado testou os brasileiros pelo mundo nesse quesito. Mas o Japão é tão fascinante que, até convertendo, é impossível não curtir. E olha que estou falando de um lugar onde uma viagem de 2h30 (só ida, ok?) no trem-bala de Tóquio a Osaka sai por quase 500 reais. Sim, mesmo sendo bem caro  trata-se de um país que deveria estar na lista de qualquer um.

Quando digo isso aos meus amigos e familiares, eles me perguntam por que e tenho dificuldade em colocar em palavras. Visitar o Japão é viver uma série de “por que eu nunca pensei nisso antes?”. Você vai para a Europa e pros EUA e fica impressionado ao ver “aqui, diferentemente de casa, as coisas simplesmente funcionam”? Bom, meus amigos europeus vão ao Japão e têm exatamente a mesma sensação sobre as casas deles.

Ficar no Japão entre os GPs de Suzuka e EUA, enfim, não foi uma decisão financeira. Queria um pouco de calor e de praia porque sabia que os meses seguintes seriam complicados na Europa e, pesquisando “quais são as melhores praias no Japão”, notei que todas estavam basicamente no mesmo lugar, no arquipélago de Okinawa. O Japão, para minha surpresa, tinha um conjunto de ilhas de clima tropical, a 2h de voo ao sul de Osaka, que fica mais ou menos no centro do país.

Antes de chegar ao paraíso, decidi dar uma passada em Hiroshima e na belíssima ilha de Miyajima, que fica próxima à cidade que ficou famosa pelos piores motivos. Em pleno clima bélico da eleição no Brasil, lá estava eu tendo um tour com uma filha de sobrevivente da bomba atômica, que ainda me deu um origami de pássaro feito pela mãe. É uma visita tão forte quanto necessária.

Mas, como a vida é feita de equilíbrio, eu precisava de praia. Peguei o Shinkansen (o tal trem-bala) para Osaka, dormi numa cápsula no aeroporto, peguei o voo a Naha, capital de Okinawa, e finalmente um barco até Zamami, onde seria meu refúgio por quase uma semana. Era uma ilha de menos de 1000 habitantes em que poucos falavam inglês. O mar era talvez o azul mais claro que já vi e a vida marinha é tão rica que era possível ver peixes, tartarugas e corais mesmo sem snorkel!

Mesmo com a chuva não ajudando em nada, a viagem foi espetacular. A comida que a dona da pousada preparava todo dia era deliciosa, as estradas que iam até os picos da ilhas guiavam a paisagens de tirar o fôlego, e as pessoas são de uma cordialidade e sensibilidade marcantes. Enfim, estava no Japão culturalmente falando – ainda que haja diferenças grandes de tradições em Okinawa – e em um lugar de beleza natural ímpar.

Não foi a toa que, quando falei para colegas japoneses que ia para lá, todos se empolgavam. Ou lamentavam por nunca terem tido a oportunidade de ir.

Por fim, até fiquei famosa em um restaurante em que era a única gaijin e, após mil perguntas feitas e respondidas mais com gestos do que qualquer coisa, os japoneses descobriram que eu era brasileira e trabalhava na Fórmula 1. E uma mulher exclamou, lá na ilha minúscula no meio do Mar da China: Ayrton Senna!

Isso me lembrou que era hora de voltar à rotina de aviões e aeroportos. Naha a Osaka, Osaka a Seul, Seul a Los Angeles por dois dias até o GP dos EUA. “Ah, LA, que legal!” Bom, fica a dica: não espere que seu corpo se recupere facilmente de 14h de fuso, tá? Ficar no Japão foi maravilhoso, mas fazer isso antes da perna das Américas do campeonato eu não vou fazer de novo!

1 Comment

  1. Ju, o Japão já estava na minha bucket-list, mas agora ele subiu para o topo! com Okinawa como parada obrigatória na lista! Obrigado por compartilhar!


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