Recebi dois emails parecidos, da Rafaela Oliveira, e da Aline Mariño, dizendo que ficaram em dúvida se mandavam textos neste ano, pois tinham sido selecionadas ano passado e não queriam “roubar o lugar” de ninguém. Mas, se vocês lutam por um lugar, por que não pode ser de vocês de novo, não é verdade? A Rafa, que também atende por Garota da F1, faz uma relação pertinente sobre o novo perfil de fã da F1, resultado direto da exploração de mídias sociais da Liberty, e as mudanças que terão que vir junto desse público.
A Fórmula 1 é quase uma recém-nascida em meio a era das redes sociais, a categoria só aderiu as plataformas na gestão da Liberty Media em 2017 e desde então vem encarando um público que antes não tinha necessidade de satisfazer.
Contudo, uma grande onda de fãs mais jovem vem surgindo, com a juventude vem a mudança de atitude e pensamentos. A F1 sempre foi acostumada com um grupo de expectadores mais velhos, predominantemente masculino e branco, com grande poder aquisitivo. Por isso ela parece ter problemas em atender alguns “pedidos” de seu novo público, que não está feliz com a falta de posicionamento constante da categoria sobre muitas situações.
Como é o atual caso com Nikita Mazepin, o piloto russo está confirmado para a vaga da Haas ao lado de Mick Schumacher. Contudo, desde o princípio Mazepin mostrou muitos problemas de comportamento dentro e fora da pista e o mais recente caso de assédio (filmado pelo próprio piloto) gerou uma grande comoção nas redes sociais – aquelas que a F1 só está ativa a quatro anos – pedindo que o russo não faça mais parte do grid de 2021 da categoria. Neste caso a Fórmula 1 lavou as mãos e jogou qualquer decisão no colo da equipe estadunidense, o que chega a ser um absurdo em vista que eles prontamente criaram uma regra que proíbe manifestações de camisetas anti-racistas (ou de outro cunhos), mas em um caso de assédio não tomam ação alguma.
Não é a primeira vez que a categoria enfrenta o novo nicho que vem se formando. Ainda no início desta temporada de 2020 as cobranças de seu maior astro, Lewis Hamilton, forçaram a F1 a agir e criar às pressas a campanha “We race as one”, mas os adesivos, vídeos e uma amostra de desunião nos atos anti-racistas antes das corridas, escancararam a falta de vontade de realmente construir e mudar alguma coisa dentro do esporte. As atitudes contraditórias da categoria durante o ano só os jogou mais aos leões, a notícia de que a FIA puniria Lewis Hamilton devido uma camiseta no pódio e a proibição, citada acima, de manifestações até mesmo na máscara que os pilotos carregavam na boca, foi o estopim para que a campanha de igualdade fosse taxada de hipócrita.
É claro que em tempo de crise e a permanência daquele grupo tradicional de fãs, faz com que a Fórmula 1 os busque, os encontre e se torne cômoda, mas talvez quando esse público mais jovem, com pensamentos abertos e vontade de mudar o mundo virar o majoritário, eles não poderão se fazer de cegos.
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