F1 Uma casa underground para a F-1 nos EUA - Julianne Cerasoli Skip to content

Uma casa underground para a F-1 nos EUA

Nada mal para uma sexta-feira

Quando foi anunciado o retorno do GP dos Estados Unidos em um circuito totalmente voltado para a Fórmula 1 em pleno Texas, em meados de 2010, ninguém botou muita fé. Afinal, o país sempre fora resistente à categoria e voltar justamente em um estado marcado pelo conservadorismo, relativamente longe das grandes metrópoles norte-americanas, parecia um tiro no pé.

Mas o velho Bernie não costuma errar em suas apostas. E encontrou na cidade de Austin um reduto um tanto underground, mas ao mesmo tempo um hit instantâneo. Uma ilha universitária, jovem e democrata em um estado tradicionalmente republicano, estrategicamente próxima ao México e ao norte da América do Sul, atraindo em parte um público novo e também outra porção que há muito não via a Fórmula 1 de perto.

Inclusive, tanto o fato de Austin ser um oásis no deserto texano, quanto sua localização criaram um fenômeno interessante: se as arquibancadas estão bem cheias até mesmo nos treinos livres de sexta-feira, isso não quer dizer que a Fórmula 1 caiu nas graças dos norte-americanos como num passe de mágica. Segundo os organizadores, cerca de 80% dos ingressos foram comprados por estrangeiros.

E eles os compraram aos montes. Tanto, que os preços aumentaram cerca de 10% em relação ao ano passado devido à demanda (e, se você está curioso, o pacote mais caro para os três dias hoje sai 470 dólares, pouco menos de 1100 reais).

Se a corrida continuar dando esse tipo de estímulo para a economia local, trazendo milhares de turistas, o sucesso está garantido. E, com a prova tendo uma continuidade, aí sim a Fórmula 1 pode ampliar sua hoje minúscula participação no mercado norte-americano.

Contudo, há alguns entraves difíceis de superar. O horário das provas é um deles, especialmente, é claro, na costa oeste, onde as provas europeias ocorrem no meio da madrugada e as asiáticas, no fim da noite. Outro problema é o próprio conceito de esporte televisionado nos EUA. Jogos de futebol americano, beisebol, basquete e corridas de Nascar são eventos longos, com inúmeras paradas, mais voltados para o show. E a Fórmula 1, ainda mais com a resistência ao uso da internet, acaba sendo quadrada demais para entrar neste padrão.

A primeira tacada deu certo e o GP em Austin tem todos os ingredientes para vingar – além dos atrativos do evento em si, ainda há a pista, talvez o melhor dos Tilkódromos, um raro caso de circuito de alta velocidade em que dá para seguir outro carro de perto, como vimos por toda a corrida do ano passado. Agora “só” é preciso convencer os próprios norte-americanos a aparecer.

7 Comments

  1. “Mas o velho Bernie não costuma errar em suas apostas.” Tais como Turquia, Coreia e Índia?

  2. $470 pelos 3 dias??? preciso programar-me p/ o ano que vem!

  3. Acho que também vou.
    Pelo que estou vendo o mais caro, sem ser área vip custa 2700. Já na área vip de 3700 a 11200.
    Vale programar uma viagem a Austin na época do gp.
    Ju, este pacote mais caro é equivalente a que lugar em interlagos?

    • É difícil comparar porque são circuitos muito diferentes. Interlagos é muito compacto, então um bom lugar no setor A, por exemplo, garante uma visão quase completa da corrida, e isso é um luxo difícil de encontrar em outros circuitos.

      Os preços estão aumentando agora em Austin porque faltam poucos ingressos, mas pesquisei há pouco um assento de frente para os boxes a 228 USD para o domingo. Seria um lugar equivalente ao setor B de Interlagos, que está custando 2.630 (os três dias).

      Mas se me perguntar o que escolheria para Austin (e qualquer outro lugar que tiver essa opção) optaria pelo General Admission, que permite andar por toda a pista e escolher vários pontos durante o final de semana nos gramados – e Austin tem 8 pontos para GA, inclusive lá no alto no final da reta. O preço? 159 USD (pelos 3 dias) quando os ingressos começaram a ser comercializados, em junho.

  4. Ótima análise! Para vingar de vez, acredito que a Fórmula 1 tenha que se abrir mais para o público. Você mesma lembrou que há resistência a internet. E isso é muito ruim. Não há como a NASCAR um canal no YouTube com um conteúdo muito, mas muito bacana mesmo para se acompanhar a categoria, preparativos, decisões, etapas, etc. Para mim, nem mesmo uma prova aos arredores de Nova York ou um piloto americano de volta a F1 melhoraria a preferência do público por lá.

    A F1 não precisa virar um show como os demais esportes, mas precisa se abrir mais, licenciar mais produtos, ter mais contato com o público e um marketing mais moderno. Esse é o jeito americano de trabalhar. =D

  5. Julianne,

    Vivo no Mexico e te digo que qto a publico a F1 em Austin pode ficar tranquila apesar do peh na bunda do Perez.
    Alias eh muito engracado isso , o mexicano na sua grande maioria ou tem um complexo enorme de viralata ou em muitos casos eh ¨Mamon¨ como o Perez e nesse caso isso o deixou a pe nesse momento, mas te digo que o amor pela F1 e o automobilismo segue, com Perez ou com Gutierrez correndo ou nao.
    O ano que vem , se puder irei a Austin e quizas aos Hermanos Rodrigues tambem, obrigado pela dica do G.A. , jah foi devidamente anotado.

    FP

  6. Juliene, muito obrigado pela sua atenção.
    É possível assistir a corrida na torre. De lá dá para ver a pista inteira.


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