F1 Uma corrida diferente - Julianne Cerasoli Skip to content

Uma corrida diferente

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Você é daqueles que prefere as boas ou más notícias primeiro? Bom, como prefiro ver o copo meio cheio, acho melhor começar pelo pior: há motivos para acreditarmos que o GP da Rússia não será tão movimentado como os anteriores. A culpa é do asfalto, pouco abrasivo, e do próprio desenho da pista, que não tem as curvas de raio longo rápidas que tanto estressam os pneus.

Na verdade, Sochi será a primeira pista em que os dois pneus preferidos pelas equipes – macio e supermacio – são os mesmos compostos usados ano passado. Em todas as etapas anteriores, os supermacios não haviam sido escolhidos pela Pirelli por se degradarem demais. E, pior: mesmo usando os supermacios, a maioria dos pilotos completou a prova do ano passado tranquilamente com uma parada.

Para não dizer que tudo será igual em termos de tática, um fator pode complicar as estratégias: a prova do ano passado foi disputada em outubro, com temperatura ambiente na casa dos 25ºC. A previsão para este final de semana, contudo, é de máxima de 18ºC. Podemos ver carros que geram menos pressão aerodinâmica com problemas para ter aderência no último setor na classificação e pilotos tentando permanecer na pista o máximo de tempo com os supermacios, uma vez que o undercut (considerando a troca dos supermacios pelos macios, ainda menos aderentes e que custam mais a aquecer) tende a ser menos benéfico nestas circunstâncias.

Mas também vale lembrar que nem por isso faltou emoção na corrida de Sochi ano passado. Dois Safety Cars diminuíram as distâncias no pelotão e o pódio ficou indefinido até o final, quando o terceiro colocado Bottas e o quarto Raikkonen bateram após um pega que durou várias curvas. Na frente, Hamilton, com problemas na asa dianteira, venceu com menos de 6s de vantagem para Vettel.  

Na luta interna da Mercedes, as estatísticas estão a favor de Hamilton, que venceu as duas edições da prova disputadas até aqui. Mas elas não contam toda a história. Em ambas as ocasiões, foi Rosberg quem ditou o ritmo durante o final de semana. Porém, um erro na freada da primeira curva em 2014, que o fez cair para último, e um problema técnico no ano seguinte, adiaram a briga.

Do lado da Ferrari, é possível que a Scuderia traga novidades em seu motor para tentar se aproximar dos alemães. A diferença ficou em cerca de 0s5 nas duas últimas provas e, em ritmo de corrida, os italianos ainda não tiveram uma corrida totalmente limpa para mostrar do que são capazes. Não que se espere vê-los na frente em uma situação normal, mas já é uma diferença menor que ano passado e que dá menos margem de erro à Mercedes.

Mais atrás, depois de bater de forma convincente a Williams nas três primeiras provas, a Red Bull enfrentará sua prova mais dura, devido às longas retas de Sochi só serem compensadas pelo sinuoso último setor. Na imprensa alemã, fala-se que a equipe tem sacrificado a angulação de suas asas de forma até arriscada (usando 30% menos do que os rivais) para compensar a menor potência do motor Renault e que, mesmo assim, os dados de GPS mostram uma equivalência na velocidade de contorno de curvas com o carro da… Mercedes. Não é por acaso que eles andam pressionando forte para as mudanças que devem permitir uma maior equalização dos motores saia do papel. Mas isso já é assunto para outro post.

18 Comments

  1. “Bom, como prefiro ver o copo meio cheio, acho melhor começar pelo pior”
    Hahaha nao entendi , nao seria pelo melhor ?
    No mais, otimo post

    • Vale lembrar, que essa será a primeira corrida disputada em um dia primeiro de Maio, desde a morte do Ayrton

  2. Já q a pista degrada tão pouco, não seria melhor usar o ultramacio?

    • Sim, acredito que se essa escolha tivesse sido feita após alguma etapa já ter sido realizada, os compostos disponíveis seriam diferentes.

  3. Algo que não vi ninguém comentar ainda, mas que acredito ser também relevante e que, provavelmente, deve influenciar para uma prova menos movimentada é a escolha dos pneus. Nos primeiros 3 GPS, muitos pilotos optaram por compostos diferentes dos próprios parceiros, mas em Sochi TODAS as duplas correrão com as mesmas opçōes de compostos, diminuindo portanto, a quantidade geral de estratégias distintas ao longo da corrida. Certamente, essa equalização na definição dos calçados já é um trabalho dos engenheiros após a coleta de dados feita no início do ano e que, infelizmente, tende a nivelar as performances dos pilotos. Para o bem do espetáculo, torço para que eu esteja enganado. O que você acha, Ju?

    • Ainda não, porque essa escolha foi feita antes da temporada começar. É que simplesmente há menos a ser arriscado porque todos sabem que os médios dificilmente serão usados e os supermacios serão os preferidos.

      • Hmmm.. Você tem razão, Ju. Pesquisei agora no seu blog e realmente me confundi. Achei que as escolhas pré-temporada eram para as primeiras 3 provas, mas foram feitas para as 4… De qualquer forma, independente de quando ou quem definiu as opçōes idênticas de borrachas para os companheiros de equipe, ainda penso que isso deve impactar diretamente nas estratégias durante esse GP, pois no cômputo geral, reduzirá o número de variáveis quando comparadas as tabelas da Pirelli e, consequentemente, possibilitará uma prova menos movimentada que as três primeiras do calendário. Sem dúvidas, essa questão dos pneus está longe de ser um cálculo matemático simples e se mostra cada vez mais uma ciência à parte dentro do esporte. Vamos ver o que esse GP nos reserva para melhorar nossa compreensão da principal mudança técnica no regulamento desse ano. Chega logo, final de semana!

  4. A Pirelli explicou o porque do ultra macio ter ficado de fora? Me parece mais lógico usar o Ultra, Super e o Macio. Parece sem sentido colocar o médio pra essa pista.

  5. É assustador esses 30% de asa da Red Bull ao mesmo tempo que nos faz lembrar que a “era dos motores” apenas mascararam o chassi voador do Newey, que continua firme e forte no cantinho dele só a espera de um motor decente.

    • Kro Israel! Este 30% éh o pretendido para o regulamento de 2017 e já esta havendo a grita de engenheiros e pilotos que o aumento do downforce vai tornar mais difíceis as ultrapassagens na F1. O que pregam éh a ênfase no grip mecânico que possibilitaria mais disputas.

      Palavras do Hamilton: “’Precisamos de mais aderência mecânica e menos turbulência, para que possamos se aproximar (de outros carros). Hoje você nos vê saindo de traseira, já não temos muita aderência e ainda perdemos mais com a turbulência. Não tem nada que possamos fazer’, reclamou”. – http://grandepremio.uol.com.br/f1/noticias/hamilton-reclama-de-muitas-pessoas-tomando-decisoes-na-f1-e-ja-mostra-descrenca-em-grandes-mudancas-para-2017

      Esse negócio de privilegiar mais a aerodinâmica do que o motor e suspensão éh que ta matando a F1!

      • Mas não dá para colocar isso na conta das equipes se o regulamento permite. Quando o regulamento tentou fazer algo no sentindo de deixar os carros menos reféns da aerodinâmica em 2009, a primeira coisa que a FIA fez foi considerar legal os difusores duplos da Brawn, que não estavam previstos no regulamento. O que deveria ser um avanço voltou à estaca zero.

        As equipes técnicas não fazem o que o regulamento permite; elas fazem o que ele não proíbe.

  6. Julianne, gostaria que descrevesse as mudanças na parte aerodinâmica dos carros que já foram aprovadas, o máximo que obtive foi carros com 2m de largura pneus 305mm dianteiros e 405mm traseiros, asa dianteira 1,80m e traseira 950mm e mais baixo 800mm. Os outros dados quais são?
    Os motores ficaram para definir nesse final de semana.
    Grato.

  7. Billy disse: “Mas não dá para colocar isso na conta das equipes se o regulamento permite. Quando o regulamento tentou fazer algo no sentindo de deixar os carros menos reféns da aerodinâmica em 2009, a primeira coisa que a FIA fez foi considerar legal os difusores duplos da Brawn, que não estavam previstos no regulamento. “

    Pois éh exatamente este o “x” da questão! A FIA muitas vezes não foi coerente com as suas regras porque sempre deu margem para dupla interpretação. Èh por isto que espertos como o Newey e o Brawn sempre se deram bem porque além de espertos têm inteligência para achar “brechas” no regulamento e explorá-las. Na minha opinião, a origem dos problemas da categoria vem da FIA. Agora cabe uma pergunta: Estas “brechas” no regulamento são propositais ou não passa de mais uma “teoria da conspiração”????

    • é mal feita mesmo. Basta ver o regulamento dos carros do WEC, se der meia folha de A4 é muito. Lá diz “o motor é assim, o fluxo de combustível é assim, o peso mínimo é esse e o resto vocês se viram.”

      Tanto é que teve 4 especificações de motores diferentes correndo SÓ na LMP1, V4, v6 e v8, turbo e aspirados, gasolina e diesel tudo competindo entre si. Isso só foi possível porque limitaram o fluxo de combustível pra carros eletricos ou combustão / limite de fluxo pra diesel ou gasolina. No fim acabava que tudo saía muito pareado, desde o v4 turbo da Nissan salvo engano até o v8 aspirado da toytota.

      • Este regulamento da WEC éh a melhor definição de automobilismo que nós temos hoje no mundo! Regras claras e sucintas e deixe que o resto se resolva dentro da pista com aquilo de melhor que cada um fabricante possa utilizar. O Paddy Lower (projetista chefe da Mercedes) disse o seguinte sobre as novas regras para os motores 2017:“A coisa interessante que surgiu (das atuais regras de motores) foi essa noção de que a unidade de potência ou motor não deve ser um diferencial”, disse Lowe à ESPN. “Tivemos esse breve período na história da F1 quando os motores foram congelados, mas para mim essa é uma anomalia. A indicação está no nome, é chamado esporte a motor por uma boa razão!” E acrescentou: “Então por que deveríamos pensar que o motor não deve ser um diferencial eu não entendo. Apenas restauramos o que sempre costumava ser e acho que está absolutamente correto. Se a F1 deve ser uma competição sobre esportistas e tecnologia, então deve ser sobre toda a tecnologia e não apenas o pouco que as pessoas querem”. – http://www.autoracing.com.br/f1-motores-permanecerao-como-diferencial-de-desempenho-diz-lowe/

        E ao que parece, a F1 esta para tomar uma decisão que julgo muito importante: Deixar livre (acabar com a limitação de fichas) o desenvolvimento de motores (ou Unidades-de-Potência) para a temporada de 2017: http://grandepremio.uol.com.br/f1/noticias/f1-abandona-sistema-de-fichas-e-libera-desenvolvimento-de-motores-a-partir-da-temporada-2017-diz-revista-alema

      • Israel e DVD estao certos. Por ai mesmo.

  8. Bom dia a todos!
    Esperava conhecer os ultramacios já nessa corrida, até por causa da única parada ano passado, não entendi o pq da Pirelli não ter disponibilizado os pneus…
    Julianne,
    Seria muito pedir um post sobre a tão falada proteção de cockpit? A RedBull testou o seu “parabrisa alto” e me pareceu uma solução bem mais elegante e eficiente do que o Halo da Ferrari, daria um belo post!
    Abraços pros meninos e beijos pras meninas!


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