É óbvio que a silly season tem esse nome por algum motivo. Afinal, é o popular juntar a fome com a vontade de comer, da ânsia dos fãs por novidades, à fome dos sites por cliques, dos jornais por vendas, dos canais de TV por audiência.
Essa situação acaba gerando dois tipos de fenômenos: suposições, feitas simplesmente por juntar A + B, sem nenhuma sustentação proveniente de fontes fidedignas, se tornam verdade. Ou são usadas com a velha muleta do jornalismo: o “pode”. “Fulano pode ir para a equipe tal”. Os cliques estão garantidos, e você não se compromete caso o grande “furo jornalístico” não se concretizar.
Um outro fenômeno é o ressurgimento de personagens que estão tentando se manter em evidência na mídia, mas que já não têm o trânsito de outrora dentro do paddock. E que, muitas vezes, têm seus interesses para defender – e nenhuma moral a zelar.
Na semana passada, tivemos dois claros exemplos disso dentro da saga McLaren. Enquanto lá estava eu no paddock conversando com Deus e o mundo e tentando entender a situação, vem do Brasil que “Briatore confirmou que a Renault vai para a McLaren”. É tentador passar isso adiante, não? Mas quem é Briatore hoje na F-1? Qual sua relevância? Quais interesses ele representa? Não foi por acaso que nenhuma mídia séria embarcou na dele.
De certa forma, foi algo semelhante a todo rebuliço de Nasr na Force India, com a bênção de Bernie Ecclestone, quando o poderoso chefão já não era tão poderoso assim. E isso não acabou sendo apenas uma manchete vazia, como também foi prejudicial para o próprio Felipe.
Outro exemplo, mais pífio, é Giancarlo Minardi, sobre o mesmo tema, com a mesma declaração. McLaren e Renault podem se juntar? Sim, é plausível, mas não aconteceu ainda. Se o fato eventualmente se confirmar, você ganha pontos para a próxima aposta; caso contrário, ninguém lembra. E é por isso que empurrar aquela bola que está quicando na frente do gol para dentro se tornou especialidade destas figuras periféricas.
O mesmo ocorre com a situação de Massa na Williams. Um jornalista italiano, que tem meu respeito, mas atualmente está em uma campanha aberta para que seu grande amigo Kubica volte à F-1 – afirmo isso porque o conheço, mas é possível perceber pela série de matérias feitas nos últimos dias – o colocou como candidato à vaga.
Ele pincelou isso no final do texto, dizendo que o polonês seria um dos possíveis substitutos. E parte da mídia lança mão do poderoso “pode” e tudo muda de figura.
Novamente, cabe usar um pouquinho de fosfato. Quais os fatos? A Williams procura algum substituto para Massa e quer (isso a Claire Williams disse abertamente) A- Um piloto com mais de 24 anos; B- Um piloto que dê bom retorno aos engenheiros e ajude a desenvolver o carro; C- Um bom piloto bom do ponto de vista do marketing.
Não há muitas opções no mercado que cubram esses requisitos. Alonso já disse não, e não teria porque ir para uma equipe estagnada como a Williams no momento; Perez deve ficar na Force India por bem ou por mal (eles tentam convencê-lo a assinar, mas podem forçá-lo por meio de uma cláusula contratual); Wehrlein poderia ser uma imposição da Mercedes, mas ele não preenche pelo menos um dos requisitos, pois completa 24 anos em outubro. Quem sobra? Kubica. Mas esse é um raciocínio lógico, e não uma apuração.
Com a proximidade da confirmação de Sainz na Renault, outro piloto que preenche dois desses requesitos começará a entrar na equação, Jolyon Palmer. Novamente, raciocínio lógico.
Já escrevi isso algumas vezes mas não custa lembrar: vocês têm o poder de separar as coisas. O façam.
15 Comments
Não entendi a afirmação de que o Palmer ´preenche dois dos requisitos da Williams. Me parece que ele não é piloto que traga retorno de marketing e quanto ao retorno técnico muito menos.
Ele tem dinheiro e a idade.
Jú, depois de Donald Trump e o famoso “Fake News” a verdade na notícia se tornou apenas um detalhe, esses seres periféricos que adoram ser o pai da notícia sempre estão presentes, mas o maior furo de todos ninguém nem sonhou em falar que foi a ida de Vettel para a Ferrari, essa bomba só foi ofuscada pela morte do J. Bianchi, então esse é um dos motivos que aprecio suas matérias que não jogam qualquer coisa pra ganhar cliques…
Ju,
Já que Massa preenche os três pré-requisitos de Claire Williams, o quê leva a equipe a procurar um outro piloto? Ou é apenas “vamos ver se conseguimos coisa melhor”? Basicamente, por que não renovar com Massa, se não existe nada *obviamente* melhor no mercado?
Acredito que seja essa mesmo a leitura.
Button se encaixa tb, e ainda por cima é inglês… algum rumor a respeito disso?? Ou podemos dá-lo como aposentado mesmo?
Ju, porque a Renault não ficou com o Kubica, que é tão respeitado dentro da equipe?
Muguello, acho o Kubica melhor que o Massa e com mais motivação.
Aparentemente eles não queriam fazer mais testes com o carro atual para ter certeza, mas isso não seria permitido. Resolveram não arriscar e, além disso, Sainz estava no radar há tempos e é mais jovem.
Alexandre, tenho mais vontade de ver Kubica de volta do que ver Massa continuar. Mas sem estar acompanhando os testes dele *bem* de perto vai ser sempre um risco contrata-lo como piloto. Principalmente sem ter um *ótimo* plano B. E, cá entre nós, ousadia não é uma característica atual da Williams, não é?
Não acho q a Williams vá ficar estagnada muito tempo.
Acredito q o Paddy Lowe possa reverter aquela situação a partir do momento que trabalhar num carro começado do zero.
Ótima analise! Realmente agente esquece qual o significado da “temporada dos tolos”, por assim dizer.
Muita coisa pode ser simplesmente deduzida…. Cravar algo no cenário da F1 é difícil, são muitos interesses em jogo e muitos pouco tem a ver com a esportividade.
Quanto a Williams… eu optaria pelo Kubica ano que vem! Se ele for competitivo ótimo, fica bom pra todo mundo; o marketing fica feliz, os fans da F1 ficariam felizes e a equipe fica feliz com um cara mais competitivo na pista. Se ele não for competitivo é só falar com o Toto Wolff e colocar o Wehrlein assim que ele completar a idade necessária, e pronto… todo mundo feliz novamente.
Jú muito obrigado pelo trabalho que você presta aos fãs da F1, você é uma jornalista incrível. Acompanho o trabalho faz anos, mas só agora tenho um pouco mais de tempo para comentar.
Abraço!!
O pessoal que comenta aqui também é top… vale a pena ler o comentário de alguns.
O Paddy Lowe ainda precisa dizer a quê veio. A Williams 2017 só andou pra trás.
Adoraria ver o Kubica de volta em 2018, mas que dono de equipe arriscaria uma temporada? Quem sabe algumas corridas ainda em 2017? Colocá-lo na vaga de Sainz traria um bom retorno de mídia. E se der certo seria o cara para tocar o novo projeto da Honda para a RedBull. Opa! Tá começando a valer a pena…
interessante como torcedor age; ainda ha english speakers tentando fazer lobby por (jesus) paul di resta e alguns brasileiros falando de felipe nasr.
o eddie jordan toda semana tambem anuncia uma fusao entre mercedes e bmw, honda e seat, yugo e gurgel… de chutador (com proposito), ta lotado o paddock.
Repórteres que se atêm aos fatos são raros, e nesse caso incluo você, Ju. No caso do jornalismo desinformativo , o que aparece é uma camuflagem para o que realmente não devemos saber ou que não querem que saibamos… Ps: “Na guerra ‘de palavras’ a verdade é a primeira vítima.”