F1 perde com limites de pista na Áustria - Julianne Cerasoli Skip to content

Verstappen ganha GP, e F1 perde com limites de pista na Áustria

Max Verstappen tinha ganhado a sprint com impressionantes 21 segundos de vantagem em cima do próprio companheiro, Sergio Perez. A corrida rápida teve 24 voltas. Mas ainda assim a Ferrari tinha alguma esperança para a corrida. Afinal, eles tinham Charles Leclerc largando em segundo e Carlos Sainz em terceiro, tinham apresentado um ritmo de corrida não muito longe da Red Bull na única sessão de treinos livres na sexta. E vinham empolgados com o controle do desgaste de pneus e a evolução do carro com as melhorias introduzidas.

A Ferrari se tornou, como a Red Bull, um carro que consegue se adaptar bem a tipos de curva diferentes. Mas logo nas primeiras voltas, ficou claro que eles ainda têm muito chão pela frente para conseguir sequer ameaçar o domínio de Verstappen.

Quando o abandono de Nico Hulkenberg causou um Safety Car Virtual na volta 15, a vantagem do holandês já era de 6s. Como a economia de tempo parando com a corrida neutralizada era tentadora demais para as Ferrari, eles chamaram ambos os pilotos para os boxes, mesmo sendo um pouco cedo na corrida.

Leclerc e Sainz vinham separados por menos de um segundo, com o espanhol mostrando que tinha ritmo e ao mesmo tempo obedecendo a ordem da equipe de não atacar naquele momento. Para evitar ficar esperando Leclerc na parada dupla, Sainz tirou o pé e, quando saiu dos boxes, tinha Perez, Norris e Hamilton a sua frente.

VSC ajudou recuperação de Perez

O mexicano largava em 15º por ter tido voltas deletadas devido aos limites de pista, e teve sua recuperação ajudada por esse VSC, que tirou alguns carros da sua frente. Mesmo tendo largado com os médios, ele continuou na pista, decisão que não foi difícil haja vista que, com o melhor carro do grid, a prioridade sempre tem de ser ter pista livre.

Perez pôde exercer seu ritmo pela maior parte da prova, só tendo um pouco mais de trabalho na parte final para superar Sainz na pista, e terminou em terceiro.

Mais à frente, Verstappen também seguiu na pista, pois já estava fazendo sua própria prova. Mesmo que fosse parar depois e, fatalmente, voltaria atrás de Leclerc, a vantagem de ritmo era tão significativa que isso não assustou a Red Bull.

Na verdade, ao deixar ambos os carros na pista, a Red Bull acabou fazendo uma corrida ainda mais otimizada que os rivais, que tiveram de poupar pneus em dois stints mais longos. E isso inflou a vantagem de Verstappen, que chegou a 25s antes que o holandês parasse para colocar pneus macios só para fazer a volta mais rápida. Correndo sozinho na maior parte do tempo (e liderando 10 voltas pela primeira vez desde setembro de 2022 quando Verstappen parou), Charles Leclerc foi o segundo.

Limites de pista roubaram a cena: 83 infrações

Foi mais atrás das posições de pódio que a corrida foi mais movimentada, pelo bem e pelo mal. Sim, a disputa de Sainz e Perez durou por várias voltas e foi a melhor da prova, valendo o terceiro lugar. Mas essa foi uma posição em que o espanhol só estava pela opção de parar no começo da prova e por uma punição por ter saído dos limites de pista.

Essa é uma questão que sempre aparece principalmente nas curvas 9 e 10 do Red Bull Ring, e houve soluções diferentes ao longo dos anos. Antes, a área de escape era grama, então os pilotos entravam mais lentos. Quando já haviam as questões de segurança que desencorajam essa saída, a zebra passou a ser considerada pista ali. Com o pensamento atual de rigidez da aplicação do regulamento, que obriga os pilotos a ficarem dentro das linhas brancas, sempre seria mais difícil policiar.

Por que limites de pista causaram mais problemas em 2023

Os pneus deste ano dão mais aderência na parte dianteira, e isso estava fazendo os carros escorregarem mais que o normal a traseira naquelas curvas, a parte de alta do circuito. Isso explica porque o problema foi ainda maior em 2023, a ponto de a FIA ter de rever 1200 episódios depois da corrida para encontrar “infratores”.

São daquelas situações em que uma decisão vai levando a outra e que acabam estourando na mão de quem tem de aplicar o que é determinado. Como era muito difícil para o tal VAR da FIA na Suíça ver piloto por piloto, volta por volta, a “patrulha” estava dentro da pista, dedurando o rival que vinha à frente. No final das contas, ficamos com o seguinte saldo: foram 83 infrações de limites de pista, ou seja, em cerca de 6% das voltas 90% dos pilotos saíram da pista pelo menos uma vez (Russell e Zhou foram os únicos que escaparam). Metade do grid foi penalizada, e outros oito pilotos saíram da pista, mas não levaram penas por o fizeram menos de quatro vezes.

Sainz foi punido durante e depois da corrida, e acabou classificado em sexto. No top 10, Hamilton também levou punição durante e depois da prova, e foi oitavo. Ele passou grande parte da corrida em uma batalha particular com a surpresa Lando Norris, andando bem na McLaren atualizada para a Áustria.

Norris à frente das Mercedes e Aston Martin

Norris largou em quarto, foi passado por Hamilton nos primeiros metros, mas conseguiu acompanhar o compatriota, copiando sua estratégia de parar no VSC. Eles seguiram juntos até que Hamilton cumpriu a primeira punição de 5s na segunda parada. Norris ainda daria sorte de, por conta da punição também de Sainz, ficar algumas voltas acompanhando o espanhol por ter conseguido ficar na zona de DRS dele. Como são três zonas na curta pista da Áustria, era quase como se ele estivesse sendo puxado pela Ferrari.

Foi por conta disso, julgou Norris, que ele não foi alcançado por Fernando Alonso, outro piloto que teve uma prova comprometida. Ele vinha bem colocado, em sexto, com pneus duros, quando o VSC saiu. A decisão da Aston Martin foi chamá-lo aos boxes e isso neutralizou a vantagem que ele tinha por sua estratégia diferente. Aquele momento foi decisivo também para Lance Stroll, que vinha atrás de Alonso, mas viu a bandeira verde ser dada enquanto estava nos boxes. Com isso, perdeu cinco posições.

Alonso teve que administrar os pneus para cruzar a linha de chegada com mais um jogo de médios usados e outro de médios novos, e ainda conseguiu superar Hamilton na segunda parada, então o quinto lugar acabou não sendo um mau resultado.

Aston e Mercedes sofreram com configuração na Áustria

Tanto Aston, quanto Mercedes, sofreram para adaptar seus carros à pista da Áustria, com poucas, porém variadas curvas. A Ferrari fez um trabalho muito melhor nesse sentido, e as últimas atualizações colocadas no carro também ajudaram principalmente na consistência nas curvas de alta. Como desde o início da temporada, essa luta para ver quem é a segunda maior força segue animada. Está tudo tão apertado que, quem fizer novas peças funcionar e acertar bem o carro, leva.

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