Como Verstappen bateu Norris na Espanha - Julianne Cerasoli Skip to content

Verstappen usou as duas vantagens que a Red Bull ainda tem para vencer em Barcelona

Quem diria que o GP da Espanha seria decidido a favor de Max Verstappen por uma questão de detalhes. Logo essa pista, que evidencia quem tem o melhor caror, nos deixou com a impressão de que é difícil ter um veredicto neste momento do campeonato. A Red Bull ainda tem vantagem nas curvas de alta velocidade, ainda executa a corrida melhor do que a McLaren. Mas a diferença é mínima.

A McLaren parece estar em uma jornada de descoberta com cada melhora, entendendo onde estão seus limites. Lando Norris fez a pole position com 20 milésimos de vantagem porque confiou que o carro agora tem a capacidade de entrar mais rápido nas curvas, algo que Verstappen faz com confiança há tempos.

Na corrida, as abordagens deles foram diferentes para maximizar o que seus carros têm de melhor. Verstappen foi mais agressivo no começo dos stints, Norris foi muito mais veloz no final deles e a diferença de 2s2 entre eles foi mais ditada pela presença de George Russell entre os dois na primeira parte da prova do que qualquer outra coisa.

Russell vai de 4º a primeiro

Russell pegou um vácuo duplo na largada e pulou de quarto para primeiro. Vendo Russell por fora e Verstappen por dentro, Norris tirou o pé e caiu para terceiro, com Hamilton em quarto, e Leclerc e Sainz fechando o top 6.

No meio da segunda volta, o engenheiro de Verstappen, Gianpiero Lambiase, lhe disse que essa seria sua melhor oportunidade de passar Russell. Ele sabia que a estratégia da Red Bull era atacar no começo. Verstappen usou a velocidade maior da Red Bull na veloz curva 14 para entrar na reta próximo de Russell e fez a ultrapassagem.

Mais atrás, Norris não conseguiu fazer o mesmo. No início, ele estava adotando um ritmo mais lento porque sua estratégia era demorar para parar – e, de acordo com Andrea Stella, essa seria a tática de qualquer maneira, mesmo se ele estivesse na liderança. A lógica era ter pneus mais novos mais para frente, usando o alto desgaste de Barcelona ao seu favor. Na disputa com Russell, também não ajudou o fato de a McLaren não ser tão forte no terceiro setor quanto a Red Bull.

Russell parou na volta 15, iniciando seu ciclo de paradas antecipadas que o forçaria a colocar o pneu duro no final da prova, e liberou o ritmo de Norris. A diferença entre o inglês e Verstappen era de 5s5.

McLaren foi mais forte no final de cada stint

Na volta seguinte, ele foi 0s8 mais rápido que Verstappen, que logo parou também, já pensando em evitar a possibilidade de levar um undercut. Era o momento de Norris criar um tyre offset, ou seja, uma diferença de voltas que lhe daria a chance de atacar mais adiante na corrida. Ele ficou na pista por outras seis voltas, colocou pneus médios e voltou 10s atrás de Verstappen.

Isso também significou perder posição para Russell, Hamilton e Sainz (já que Leclerc estava em tática semelhante à de Norris), mas a McLaren julgou que não seria difícil ultrapassar. De fato, ele foi abrindo caminho ao mesmo tempo em que diminuía um pouco a diferença.

Nesse momento da corrida, Verstappen parecia mais vulnerável. O equilíbrio do carro com o pneu médio não era tão bom e, mesmo que Norris tenha sido obrigado a fazer ultrapassagens, ele ainda assim era bem mais rápido que o holandês no final do stint e a diferença estava abaixo dos 5s quando Max parou pela segunda vez.

Desta vez, a McLaren só deixou Norris na pista por mais três voltas, evitando que ele pegasse trânsito novamente. Ele voltou 7s6 atrás de Verstappen, e a história se repetiu: o ritmo da McLaren no final do stint era bem melhor, mas não o bastante para que ele ameaçasse Verstappen, que guardou seu jogo novo de macios para o final e só controlou o ritmo para vencer pela sétima vez no ano.

Hamilton volta ao pódio

É mais uma corrida que Russell gostaria de ter executado melhor. Ele acabou tirando muito do pneu no começo, foi o primeiro dos ponteiros a parar, e depois fez o mesmo endurecendo a disputa com Norris mesmo em um dia em que estava claro que a Mercedes não tinha ritmo para andar com Red Bull e McLaren. 

Isso o trouxe novamente cedo para os boxes na segunda parte da corrida, até porque seu ritmo caiu e ele passou a segurar Hamilton, que trazia consigo as Ferrari. Evitando arriscar a pontuação da equipe, a Mercedes o chamou na volta 36, e naquele momento só os duros aguentariam até o final (já que Russell não tinha mais médios).

Na outra Mercedes, Hamilton seguiu seu plano original de usar macio-médio-macio e teve a vantagem de ritmo na parte final, ultrapassando o companheiro e subindo ao pódio pela primeira vez desde o GP da Cidade do México de 2023.

Russell foi o quarto, com Leclerc chegando à frente de Sainz com uma tática semelhante à de Norris. Os dois ferraristas chegaram a se estranhar na pista e Leclerc reclamou da agressividade do companheiro. Mas o que ficou claro em Barcelona é que a Ferrari ainda sofre mais que as outras nas curvas de alta velocidade.

Largando mais atrás após classificações ruins (e, no caso de Perez, uma punição), Checo e Oscar Piastri nunca conseguiram recuperar a desvantagem na corrida, com o australiano chegando na frente do mexicano. E as duas Alpine, sem entender muito bem por que o carro casou tão bem com Barcelona, completaram o top 10.

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