Quem diria que o GP da Espanha seria decidido a favor de Max Verstappen por uma questão de detalhes. Logo essa pista, que evidencia quem tem o melhor caror, nos deixou com a impressão de que é difícil ter um veredicto neste momento do campeonato. A Red Bull ainda tem vantagem nas curvas de alta velocidade, ainda executa a corrida melhor do que a McLaren. Mas a diferença é mínima.
A McLaren parece estar em uma jornada de descoberta com cada melhora, entendendo onde estão seus limites. Lando Norris fez a pole position com 20 milésimos de vantagem porque confiou que o carro agora tem a capacidade de entrar mais rápido nas curvas, algo que Verstappen faz com confiança há tempos.
Na corrida, as abordagens deles foram diferentes para maximizar o que seus carros têm de melhor. Verstappen foi mais agressivo no começo dos stints, Norris foi muito mais veloz no final deles e a diferença de 2s2 entre eles foi mais ditada pela presença de George Russell entre os dois na primeira parte da prova do que qualquer outra coisa.
Russell vai de 4º a primeiro
Russell pegou um vácuo duplo na largada e pulou de quarto para primeiro. Vendo Russell por fora e Verstappen por dentro, Norris tirou o pé e caiu para terceiro, com Hamilton em quarto, e Leclerc e Sainz fechando o top 6.
A quite frankly ridiculous start from George Russell, moving up from P4 to P1! 🚀#F1 #SpanishGP #F1Insights @awscloud pic.twitter.com/BmKP2XgH1e
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No meio da segunda volta, o engenheiro de Verstappen, Gianpiero Lambiase, lhe disse que essa seria sua melhor oportunidade de passar Russell. Ele sabia que a estratégia da Red Bull era atacar no começo. Verstappen usou a velocidade maior da Red Bull na veloz curva 14 para entrar na reta próximo de Russell e fez a ultrapassagem.
Mais atrás, Norris não conseguiu fazer o mesmo. No início, ele estava adotando um ritmo mais lento porque sua estratégia era demorar para parar – e, de acordo com Andrea Stella, essa seria a tática de qualquer maneira, mesmo se ele estivesse na liderança. A lógica era ter pneus mais novos mais para frente, usando o alto desgaste de Barcelona ao seu favor. Na disputa com Russell, também não ajudou o fato de a McLaren não ser tão forte no terceiro setor quanto a Red Bull.
Russell parou na volta 15, iniciando seu ciclo de paradas antecipadas que o forçaria a colocar o pneu duro no final da prova, e liberou o ritmo de Norris. A diferença entre o inglês e Verstappen era de 5s5.
Aiming for the very top… Lando gave it his all in Barcelona 💪#F1 #SpanishGP @LandoNorris pic.twitter.com/oCuzONOl3B
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McLaren foi mais forte no final de cada stint
Na volta seguinte, ele foi 0s8 mais rápido que Verstappen, que logo parou também, já pensando em evitar a possibilidade de levar um undercut. Era o momento de Norris criar um tyre offset, ou seja, uma diferença de voltas que lhe daria a chance de atacar mais adiante na corrida. Ele ficou na pista por outras seis voltas, colocou pneus médios e voltou 10s atrás de Verstappen.
Isso também significou perder posição para Russell, Hamilton e Sainz (já que Leclerc estava em tática semelhante à de Norris), mas a McLaren julgou que não seria difícil ultrapassar. De fato, ele foi abrindo caminho ao mesmo tempo em que diminuía um pouco a diferença.
Half a lap, wheel to wheel 😱
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Box office entertainment from Lando and George! 🍿#F1 #SpanishGP pic.twitter.com/waADJJL1fV
Nesse momento da corrida, Verstappen parecia mais vulnerável. O equilíbrio do carro com o pneu médio não era tão bom e, mesmo que Norris tenha sido obrigado a fazer ultrapassagens, ele ainda assim era bem mais rápido que o holandês no final do stint e a diferença estava abaixo dos 5s quando Max parou pela segunda vez.
Desta vez, a McLaren só deixou Norris na pista por mais três voltas, evitando que ele pegasse trânsito novamente. Ele voltou 7s6 atrás de Verstappen, e a história se repetiu: o ritmo da McLaren no final do stint era bem melhor, mas não o bastante para que ele ameaçasse Verstappen, que guardou seu jogo novo de macios para o final e só controlou o ritmo para vencer pela sétima vez no ano.
Hamilton volta ao pódio

É mais uma corrida que Russell gostaria de ter executado melhor. Ele acabou tirando muito do pneu no começo, foi o primeiro dos ponteiros a parar, e depois fez o mesmo endurecendo a disputa com Norris mesmo em um dia em que estava claro que a Mercedes não tinha ritmo para andar com Red Bull e McLaren.
Isso o trouxe novamente cedo para os boxes na segunda parte da corrida, até porque seu ritmo caiu e ele passou a segurar Hamilton, que trazia consigo as Ferrari. Evitando arriscar a pontuação da equipe, a Mercedes o chamou na volta 36, e naquele momento só os duros aguentariam até o final (já que Russell não tinha mais médios).
Na outra Mercedes, Hamilton seguiu seu plano original de usar macio-médio-macio e teve a vantagem de ritmo na parte final, ultrapassando o companheiro e subindo ao pódio pela primeira vez desde o GP da Cidade do México de 2023.
Russell foi o quarto, com Leclerc chegando à frente de Sainz com uma tática semelhante à de Norris. Os dois ferraristas chegaram a se estranhar na pista e Leclerc reclamou da agressividade do companheiro. Mas o que ficou claro em Barcelona é que a Ferrari ainda sofre mais que as outras nas curvas de alta velocidade.
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Largando mais atrás após classificações ruins (e, no caso de Perez, uma punição), Checo e Oscar Piastri nunca conseguiram recuperar a desvantagem na corrida, com o australiano chegando na frente do mexicano. E as duas Alpine, sem entender muito bem por que o carro casou tão bem com Barcelona, completaram o top 10.
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