F1 Não é só a Honda que está devendo - Julianne Cerasoli Skip to content

Não é só a Honda que está devendo

Essa imagem mostra o nível de rake que a McLaren tem usado
Essa imagem mostra o nível de rake que a McLaren tem usado

Era de se esperar, claro, mas não deixou de ser bem-vinda a evolução da McLaren-Honda nesta temporada. Mas, ao mesmo tempo que o crescimento do motor japonês foi evidente, o velho discurso de que toda a defasagem de performance era devido à unidade de potência também já não cola mais.

A McLaren garante que tem um dos melhores chassis do grid, mas não esconde que os tais dados de GPS que calculam a velocidade em curva não são vistos exatamente em todo tipo de curva. E não podem mais jogar toda a culpa na Honda.

Os japoneses ainda não chegaram no nível dos rivais, mas fizeram melhorias importantes em seu pacote. Revendo o erro inicial de menosprezar a importância do MGU-H, conseguiram evitar que os pilotos tivessem de economizar tanto combustível nas corridas e aumentaram a potência vinda do sistema de energia calorífica que, há um ano, acabava antes do final das retas, deixando os pilotos sem poder de reação frente aos rivais.

Tais mudanças refletiram tanto na performance, quanto na confiabilidade: e, 2015, foram 10 abandonos por quebra e, nesta temporada 6 até aqui. Button e Alonso ainda são os campeões na utilização de unidades de potência ao longo do ano, mas em 2016 isso foi mais pela opção da Honda de introduzir diversas melhorias no decorrer da temporada

Ainda é preciso evoluir mais, a fim de permitir que o motor ande em modos agressivos por mais tempo e que melhore sua performance em classificação, mas a Honda parece longe de estar perdida.

Ao mesmo tempo, já reconhecendo que o carro não responde tão bem assim que qualquer tipo de circuito, como ficou bastante claro em Suzuka – ainda mais depois que o motor falou alto na Bélgica, talvez no GP em que tenha ficado mais clara sua evolução – a McLaren vem fazendo uma série de alterações no assoalho, difusor e asa traseira, mais recentemente adotando as laterais com ‘dentes abertos’ lançadas pela Toro Rosso – algo que já tinha sido reproduzido na asa dianteira em Cingapura.

Tudo busca aumentar a eficiência geral da parte traseira do carro e fazer com que o rake bastante elevado que tem sido usado cada vez de forma mais intensa nesta temporada funcione. Ter ganhos com um rake agressivo, algo que se tornou especialidade da Red Bull nos últimos anos, é algo tão certeiro quanto difícil de ser obtido, pois depende da interação de uma série de fatores na aerodinâmica do carro inteiro, e as frequentes mudanças que a McLaren tem promovido no carro demonstram que o time ainda não chegou lá.

Logo, a estabilidade especialmente em curvas de média a alta velocidade e mudanças bruscas de direção em velocidade mais alta continuam sendo os problemas do carro do ponto de vista aerodinâmico. É quase como se, para andar bem, a McLaren precisasse de sua carga aerodinâmica máxima mas, uma vez que isso gera uma quantidade contraproducente de arrasto dependendo do circuito, como não é algo possível de fazer em todas as pistas, o rendimento acaba ficando muito dependente do tipo de traçado.

Tendo isso em vista, Alonso já vem há algumas etapas colocando suas maiores esperanças no GP de Abu Dhabi, especialmente pelo travado último setor. Afinal, daqui até o final da temporada, é o que mais se assemelha com Mônaco, Hungria e Cingapura, as melhores pistas para a McLaren nesta temporada. E não é só a deficiência de motor que explica isso.

9 Comments

  1. Julianne, estamos vendo a Honda investir fortemente neste motor a combustão, mas, li em vários lugares que o projeto de 2017 da Honda é totalmente novo. Saberia dizer algo sobre isso?
    Obrigado e parabéns pelas matérias.

  2. Digo e repito: Desde q o Paddy Lowe saiu da Mclaren q a equipe está orfã de um bom projetista. Mesmo com a entrada do Prodromou, eles padecem com um carro pouco eficiente.

    • Prodromou é chefe de aerodinâmica, Paddy Lowe era diretor técnico. São cargos diferentes. O atual diretor técnico da Mclaren é Tim Goss, que foi promovido quando Lowe saiu.

  3. Até que ponto o motor limita a parte aerodinâmica do carro ?

  4. Até que ponto o motor pode estar afetando o desenho aerodinâmico do carro ?

  5. Um dos melhores chassis.
    Ok…. Se estiverem entre os 3 melhores isso significa um top 6, menos um pouquinho do motor = Top 8 ou top 10 para os dois carros.

    Um dos melhores chassis won’t cut the cheese. Precisam de mais.

  6. Ju,a respeito dos pilotos brasileiros na F1,o que se da essa queda de performance de ambos os Filipes ?

  7. A impressão que tive é que Suzuka o ice conta ainda mais, do grampo a gicane é pé embaixo o tempo todo, quase não há lugar pra recuperação via ERS-k… A toro rosso também sofreu e tem bom chassi, quem tinha motor Mercedes ou Ferrari 2016, andou bem. Ate a Haas surpreendeu.


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