F1 A esponja - Julianne Cerasoli Skip to content

A esponja

Ele nunca esteve em um paddock da F-1 nos últimos seis anos e meio. E por um único motivo: “Se fosse para voltar, seria como piloto.” Quem tinha se esquecido pôde comprovar no teste da semana passada o quanto Robert Kubica é um sujeito peculiar. E também teve a certeza de que, se alguém pode pilotar um F-1 com sérias limitações de movimento em um dos braços, é ele.

Foram 18 operações, em fraturas que iam basicamente o pé ao ombro do lado direito. Tanto, que a diferença entre os dois lados é notável até hoje. Não é a toa que foram 18 meses até que ele voltasse a uma competição, época em que via o retorno à F-1 como um “sonho distante”. Porém, pouco mais de dois anos depois do acidente, Kubica já estava testando no simulador da Mercedes, que o ofereceu a chance de um programa que incluía andar de F-1 na pista.

Mas Kubica não achou que era o momento. O momento para ele é agora, mesmo que, fisicamente, ele explique que sua situação está estabilizada já há algum tempo.

E aí entra algo sobre a mentalidade desse polonês que é tão admirado e respeitado dentro do paddock: se ele, que é extremamente duro consigo mesmo, diz que tem condições de voltar, é porque realmente não lhe resta dúvida.

Mesmo assim, ele não sente que ainda está preparado o suficiente. O teste da semana passada o deixou ansioso, ele sente que não fez tudo o que podia porque não teve tempo de processar todas as informações que foi adicionando ao seu incrível ‘hardware’, aquele mesmo que vinha sendo disputado a tapa por montadoras e categorias para o desenvolvimento de seus carros nos últimos anos. Aquele mesmo que muitos na Fórmula 1 acreditam que pertença a um potencial multicampeão da categoria.

É interessante como toda essa história só foi possível graças ao respeito que Kubica tem entre os engenheiros da equipe Renault. Algo sem precedentes nos últimos anos, em que o corpo técnico da equipe peitou o chefe, Cyril Abiteboul, que nunca foi muito fã de todo o esforço para dar a chance do piloto voltar a testar um F-1. E, a julgar pelas últimas declarações, os engenheiros tiveram o apoio de Alain Prost, o que pode ser importante para os próximos passos.

E quais seriam eles? Estava ainda no Canadá quando ouvi de gente próxima a Kubica quais seriam os passos planjedos por ele: primeiro um teste em um circuito mais simples, depois com curvas de alta velocidade – na época estudava-se Silverstone ou Paul Ricard – e então participar do teste da Hungria. Tudo isso focando em substituir Palmer já no GP da Bélgica.

Hoje, pensar em Kubica retornando em Spa soa como algo bom demais para ser verdade. Em junho, toda a história soava assim.

19 Comments

  1. Ju, a imagem do braço direito dele é impressionante. E mais impressionante é pensar que ele possa voltar a pilotar. Uma duvida: ele faz os movimentos no volante apenas com o braço esquerdo? Isso pode ter alguma complicação em termos de segurança?

    • Os movimentos de rotação ele consegue fazer. O que não consegue é usar a borboleta do lado direito e tem um pouco de dificuldade com os botões, por isso tiveram de mudar a posição de alguns deles. Mas os engenheiros falaram que testaram muito com ele essas mudanças no volante e não houve problemas. E ele passou no teste de extração também, o que seria a preocupação em termos de segurança.

  2. A Liberty está tendo uma sorte com determinados casos que estão ocorrendo este ano que não ocorreram nos últimos anos da era Ecclestone.
    Esse caso do Kubica é muito bom para a imagem da categoria, trabalhar todo o lado humano, o da superação, ainda mais um piloto como o Kubica que as pessoas que ao menos viam corridas esporadicamente no final da década passada conseguem lembrar.
    É mais fácil uma pessoa que não acompanha muito de corrida lembrar que é o polonês do que Jolyon Palmer.

  3. Eu estou na torcida para que ele volte. Tenho muita simpatia por esse piloto. Acho que quase todos sentem o mesmo. Ju como estão os rumores sobre a renovação do Vettel?

      • Obrigada!
        Será que ele tá de olho na vaga do Hamilton?

      • Eu acho que pode ser isso sim.

        Mas acho que o principal é que Vettel não quer se comprometer com uma equipe por um período tão longo e perder a chance de se colocar no mercado. Vou dar um exemplo: Alonso assinou primeiramente por 3 anos com a Ferrari (2010, 2011 e 2012). Mas logo em 2011, em Barcelona, renovou até o fim de 2016. Tubo bem que ele saiu no fim de 2014, mas ele perdeu a chance de ser ele (e não Hamilton) o escolhido pela Mercedes em 2012 com a aposentadoria de Schumacher, ano em que ele foi quase perfeito. Talvez ele, e não Hamilton, teria acumulado os títulos da Mercedes nesse período.

        Mas a saída para Vettel pode ser simples: renovar com a Ferrari (que até agora vive um bom momento), mas colocar um cláusula que o libere do contrato caso a equipe não atinja uma determinada pontuação no mundial de pilotos ou de construtores. Foi assim que ele saiu da Red Bull em 2014.

        Lembrando que Vettel, por não ter empresário, costuma contratar advogado quando da assinatura de novos contratos. Ou seja, o alemão sabe como negociar. 😛

  4. Julianne,

    Os testes na Hungria dão algum indicativo relacionado a velocidade dele?

    Ela ainda está lá?

    Abraços,

    Luis Antonio Mendes

    • Não tenho acesso às condições em que ele virou suas voltas. Mas o que ficou clara foi a evolução dele ao longo do dia e os engenheiros se mostraram muito felizes. E disseram que ele não chegou a fazer simulações de classificação.

  5. Se bem me lembro, Ju, tem um post muito antigo seu, onde fica demonstrado se não me engano com um teste de reflexo/luzes o Kubica ser o mais rápido… não me lembro o ano, mas me parece algo sobre a preparação física/técnica dos pilotos. Sobre o título, é uma alusão a capacidade de absorção de fatos novos pelo polonês?

  6. Era esse o post que eu queria, obrigado.
    Gosto muito do Kubica e depois do que você escreveu, acredito que ele vai voltar muito competitivo.
    É pensar que ele iria pilotar a Lotus que o Kimi foi bem.
    O Kubica com um braço é bem melhor que o Palmer. E o Hulkemberg que se prepare.

  7. Muito bom o post Ju!
    E muito legal ver esse retorno do Kuboca à F1, não fosse o acidente, não tenho dúvidas de que ele teria pelo menos um título na conta! Muito bom piloto,tomara que realmente retorne, e nesse caso o Hulkemberg que se prepare, vai ter um páreo duro pela frente.
    Agora entendi pq o Cyril Abiteboul insistia em dizer para que se tivesse cuidado nesse retorno do Kubica e que ainda teria muita coisa a ser avaliada.
    Daniela,
    Você acha que é de olho na vaga do Hamilton? Tenho certeza, ainda mais com as mudanças em 2021, Vettel não é apressado como Alonso nas escolhas, ele observa bem o mercado e escolhe bem.
    Abraços pros meninos e beijos pras meninas!

    • Sorte tem quem esta preparado para te-la. Caso dos novos donos da F-1. Kubica, que legal ver o cara novamente. Tomara que em alto nivel.

      Nato, Vettel realmente sempre se deu nas negociacoes. Ele e o Alonso poderiam servir bem de caso de estudo, por resultados bem diferentes. Alonso comentou recentemente que nao tinha bola de cristal para adivinhar o que seria da redbull. Quem sabe negociar vai ate a fabrica, pede informacoes sobre staff, quem esta la, quem fica, quem sai, quais serao os patrocinadores, qual orcamento para os anos proximos…quem fornecera pneus, combustivel etc.

      Ao menos Alonso perdeu a arrogancia que tinha, hoje esta muito mais simpatico.

      • Plow,
        Digo isso pq esse namoro do Vettel com a Ferrari, é extra conjugal, quando estava na RedBull, e ganhou o primeiro campeonato, já namorava a Ferrari. Pq não saiu de lá? Pq sabia quem iria dominar os anos seguintes.
        Quando viu que o domínio da RedBull acabou, pôde investir no sonho de pilotar a Ferrari.
        Pode não existir bola de cristal, mas quando se faz o que você escreveu, pode-se tentar advinhar as coisas.
        Ah! Lembrando que a RedBull queria contratar o Alonso, mas ele recusou dizendo que “tinha pressa de ser campeão e não poderia investir em uma aposta”
        Assinou contrato com a Ferrari, e o resto como dizem, é história.
        Abraços pros meninos e beijos pras meninas!

    • Verdade. Ele pensa sempre a longo prazo.
      Abraços.

  8. Nato, seguindo seu raciocínio, vendo que a fama da Ferrari é menor que a eficiência da Mercedes, talvez esteja querendo uma “Ferrrari prateada” kkkkk


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