Foi engraçado quando perguntei a Lewis Hamilton como ele vinha conseguindo fazer tantas poles positions incríveis, destruindo o resto do pelotão, mesmo tendo em mãos um carro que foi apelidado no paddock de “diva” por seu comportamento temperamental. “Ela não é uma diva, ela só é um pouco teimosa. Nós temos coisas em comum, e por isso nos damos bem.”
Sim, quando olharmos para a história desta temporada, saltará aos olhos o momento atual, em que Hamilton fez 68 pontos em três provas contra 12 de Vettel, sendo que, em pelo menos duas delas (Cingapura e Malásia, porque em Suzuka não pudemos ver se o alemão aproveitaria a largada melhor que efetivamente teve para vencer) era a Ferrari quem tinha clara vantagem. Mas, em última análise, as performances de Hamilton e do carro da Mercedes aos sábados será a grande explicação quando o tetra, agora mais uma questão de “quando” do que de “se”, salvo algum desastre histórico, se concretizar.
Isso é uma questão de projeto: a Mercedes foca em ter um carro especialmente forte em classificação, até para poder se aproveitar ao máximo do único fator que ainda faz com que seu motor seja o melhor da F-1, o potente modo de classificação, que misteriosamente parece que só o time de fábrica consegue aproveitar. Mas também é a grande especialidade de seu piloto, que não é o único da história a ter quebrado a barreira de 70 poles positions de graça. E que nesta temporada tem teimado em fazer voltas de classificação quase sobrenaturais, como no Canadá, na Inglaterra e no último sábado no Japão.
Não que Vettel também não esteja sendo brilhante nesta temporada, minimizando os erros para aproveitar as oportunidades em um carro que, no geral, é um pouco inferior, mas principalmente pela maneira como vem lidando com todas as derrotas e problemas, desde a Bélgica.
O alemão não pode, mesmo, deixar a massa desandar na Ferrari. Talvez o campeonato deste ano tenha ficado difícil demais, mas há muita gente no paddock acreditando que o time italiano tem mais chances de começar o ano que vem, com o nível de desenvolvimento e a base construída em 2017, mesmo com as mudanças que tiveram ser feitas ao longo do ano para atender às demandas da FIA, até na frente da Mercedes.
Isso tem a ver com a tal diva que Hamilton diz compreender, mas que deu muita dor de cabeça para os engenheiros ao longo da temporada. É um projeto que terá de ser revisto, o que talvez leve a Mercedes por caminhos desconhecidos.
Tudo isso não significa que teremos corridas monótonas daqui em diante, até porque a Ferrari segue forte, a Red Bull realmente chegou e a diva continuará com sua lista de demandas especiais, algo que devemos ver especialmente nas três etapas finais.
Mas, depois de mais um 25 a 0 no Japão, tudo indica que, pelo menos neste ano, a teimosia venceu a paciência.
24 Comments
Hamilton no modo Dragon Ball, fazendo o V com ambas as mãos.
Julianne, Hamilton não pode bater o recorde de poles num mesmo ano?
Quanto ao inglês, isso é para ele aprender que, assim como aconteceu com ele ano passado, pode acontecer com os demais em outras ocasiões. Em 2016 ele abusou dos erros e creditou a perda do título as falhas do motor. Em 2017 levou a se´rio desde a primeira corrida e o resultado está aparecendo.
Julianne li em alguns lugares que a assessora de Vettel Brita foi maltratada por alguns jornalistas da mídia britânica. O que a fez inclusive chorar em público. Isso é verdade? Você sabe o que aconteceu? Sobre as atitudes do Vettel eu penso o seguinte: Me lembro bem da quebra do Hamilton ano passado quando ele disse alguém aqui ( equipe) não quer que eu vença o campeonato. Vettel diz que precisa proteger a equipe. Dois pilotos grandiosos. Duas personalidades muito distintas.
Não foi bem assim. Outros, assim como eu, comentaram ao vivo que a atitude dele, que tb tem a ver com alguns jornalistas terem quebrado acordos, não foi o que é acordado conosco. Não houve insulto à Britta. Ela chorou, sim, pelo estresse da situação.
Desculpa Julianne não entendi. Existe um acordo entre os pilotos e jornalistas para as entrevistas? E esse acordo foi quebrado?
É um procedimento da FIA, que inclusive está prestes a se tornar regra. Explico melhor a situação nos drops, ok?
Daniela, reforço suas palavras: eu sempre admirarei Seb por isso. Em termos de talento, não deixa nada a dever a Hamilton, Alonso (embora este se recuse a admitir), Verstappen e Ricciardo. Mas Seb tem algo a mais: ele joga com a equipe, sabe que não ganha nada sozinho e, muitas vezes, assume culpas que nem são dele.
Lembro do GP de Mônaco do ano passado, em que ele atendeu a um pedido da equipe e antecipou sua parada nos boxes para trocar os pneus intermediários por de pista seca. Ficou preso atrás de Felipe Massa, por ser inviável arriscar uma ultrapassagem em Mônaco fora do trilho com pneus de pista seca. Em nenhum momento acusou a equipe por errar no timing para chamá-lo para os boxes (quem não se lembra do GP de Mônaco de 2015?), e assumiu toda a responsabilidade por ter fracassado na tentativa de ultrapassagem.
Seb tem seus momentos de loucura (como no México ano passado e em Baku este ano), com os quais jamais concordarei, bem como de falta de adaptação (ele simplesmente não se encaixou com a unidade de potência da Renault em 2014), mas esses momentos são muito mais a exceção do que a regra, embora alguns só o analisem por esse lado. O fato de ter perdido para Ricciardo em 2014 não quer dizer o australiano seja melhor do que ele, simplesmente porque a amostra é pequena (correram apenas um ano juntos) e em 2014 Vettel não esteve bem. Seria o mesmo que dizer que Button é melhor do Hamilton apenas pelo que fizeram no ano de 2011.
O título se esvaiu para ele? De certa forma sim, pois até ontem ele ainda dependia só de si. Mas Seb sabe que o caminho é longo: ele chegou a uma Ferrari depois de caírem Stefano Domenicalli, Pat Fry, Nikolas Tombazis, Marco Mattiacci, Fernando Alonso e até o presidente na e´poca Luca de Montezemolo. Isso sem lembrar a perda do James Allison no meio do caminho por problemas pessoais. Ele não chegou a uma equipe já pronta, ou com promessas de ser dominante em pouco tempo.
As últimas três provas realmente foram para esquecer, mas 2017 esteve melhor do que a encomenda, e ele sabe disso. É um dos primeiros a admitir que 2016, apesar de tudo, foi um ano importante para ele e a equipe. Que 2018 traga boas novas!
Verdade. Ninguém acreditava na Ferrari em 2017. E olha até onde conseguiram ir. Perfeitas as suas colocações.
Meu Caro,
Respeito o seu ponto de vista, mas você não foi imparcial o bastante, devendo apenas fazer uma simples lembrança de quando o Seb esteve na Red Bull e o seu companheiro Marc Weber, e quando Seb foi companheiro de Daniel Ricardo em 2014, quando esse foi superior ao Seb em toda a temporada… O maravilhoso exemplo de conduta o Sr. Seb não é bem assim, diversos problemas houveram no período em que esteve a frente na Red Bull, se não houvesse a interferência direta do Helmut Marko na condução da Red Bull, acredito que o Seb não seria o que é hoje, um poço de arrogância criada pela guarda de Helmut que tudo permitiu ele fazer, até mesmo descumprir ordem de Christian Horner, o que pegou muito mal, e mesmo assim o Helmut defendeu a sua atitude…
Em alguns momentos do campeonato a pilotagem de Vettel se assemelhava ao que Alonso fez na mesma Ferrari nas temporadas de 2010 e 2012, ou seja, lutando até o fim sem ter o melhor carro, mas em alguns instantes o alemão sucumbiu a pressão por estar na equipe vermelha e cometeu erros primários, como em Baku e Singapura…dessa forma, uma equipe com o melhor carro e um piloto acima da média, que já foi taxado por muitos como fraco psicologicamente, não perdoam. Prefiro ter uma diva cheia de caprichos do que uma gueixa problemática, kkkk, que o diga Alonso, kkkk. Fiquei com dupla sensação na foto de Hamilton: inglês paz e amor ou tetra? Ps: o mundo da voltas, afinal em duas corridas consecutivas por vontade ou não, Alonso trabalhou de escudeiro para Hamilton 😉
Oi Jú, ótima análise, desde Cingapura achei que o campeonato tinha azedado pro Vettel, claro que nunca imaginaria esse cenário, mas pelos pontos fracos da Scuderia que não tem 2 pilotos que estão sempre no pódio, apesar do Bottas ter caído bastante nas últimas provas, no Japão esse segundo e meio foi fundamental na luta do L.H com Verstapen.
Jú se tiver 2 perguntas para o credencial: Vcs viram algum tipo de maldade na manobra do Alonso? Pra mim até foi deliberada, mas será que ele gosta tanto do L.H para favorece-lo?
Segunda: Por que o Verstapen está sendo tão superior ao Ricciardo nas últimas corridas?
Abraços
Permita-me, Daniel. Não acredito que a manobra de Alonso foi deliberada, mas uma coincidência, até porque a corrida estava acabando e o espanhol estava no encalço de Massa. No momento da manobra pensei o mesmo, kkkk, mas analisando friamente, sendo um piloto competitivo, Alonso esperou Hamilton atacar o brasileiro e aproveitar a manobra para ganhar a posição, mas dessa forma fez, intencional ou não, escudo para Hamilton. Penso que foi no modo automático, mas como já lutou por coisas grandes na carreira, segundos depois abriu espaço para Verstappen. Fiz uma brincadeira, mas pessoalmente, penso que Alonso, vendo um possível triunfo de Vettel na Ferrari “torceria contra” o alemão, até porque me parece que o “respeito” de Alonso por Hamilton é público e notório em detrimento do alemão.
Tranquilo Wagner, eu também não acredito mas foi muito estranho e depois também achei que ele não teria analisado dessa maneira…kkk Em relação ao Vettel claro que o Alonso torce contra, pois como ele mesmo disse só se arrependeria de ter saído da Ferrari quando o Vettel conseguisse um resultado melhor do que o dele no campeonato, ou seja, se o Vettel for campeão ele vai ficar muito arrependido…kkk
Alonso respeita muito o L.H pela luta em 2007 pois o mesmo o venceu com o mesmo carro, já Vettel ele “não respeita tanto” ou não dá tanto crédito pois ao contrário de Alonso ele se deu melhor que o espanhol nas suas escolhas na carreira.
Abraço
“o potente modo de classificação, que misteriosamente parece que só o time de fábrica consegue aproveitar.”
Esperemos que isso não seja nada a la Briatore, porque é realmente estranho a diferença de classificação do time de fábrica para os clientes. Especialmente a Force India que parece se esforçar para andar na frente. A Williams nem conta, viraram um negócio de vender assento sem buscar resutados
Não há nada ilegal, acredita-se que tenha a ver com o software. Mas é uma área da relação fornecedora-cliente meio obscura.
Como é prazeroso ler suas análises Julianne!
Infelizmente, esse final de campeonato não esteve à altura do início, o tetra de Lewis vai se consolidar com três erros seguidos do adversário, um do Vettel e dois da Ferrari.
Isso em si não é um problema, os erros estão aí para isso, que o diga 2016, quando esse mesmo Hamilton perdeu o título pela quebra de motor, mas todos gostaríamos de ver batalhas épicas entre o britânico e o alemão.
A postura de Vettel diante desses três erros tem sido incrivelmente elegante, tem todos os motivos do mundo para reclamar da equipe, porém não deu um pio.
Como as equipes clientes recebem apenas as informações gerais do motor, como peso e equilíbrio, talvez seja por isso que somente a equipe de fábrica consiga tirar vantagem do modo de classificação.
Abraços a todos.
É Vettel teve a oportunidade de trocar *tudo* na Malásia, mas não trocou de “santo”… e agora deu problema nas velas…. kkkk
Imagine o Alonso na Ferrari, a crise estaria fora de escala.
Nos últimos três anos a RedBull virou especialista em acertar o carro quando não tem mais chances de título.
Quanto a Ferrari, não é a primeira vez que perde a taça por conta de quebras, 2006 também foi assim.
Mercedes e Hamilton merecem o título, ao invés de perderem a cabeça quando as coisas estavam ruins no começo do ano (como Vettel costuma fazer), trabalharam para resolver suas questões e voltarem a entregar o melhor conjunto carro/piloto.
Hamilton aprendeu a domar o sua genialidade, coisa que o Verstapen ainda vai levar um tempo para fazer, mas deve conseguir.
Julianne, ja começaram as apostas entre os jornalistas para acertar quem vai substituir Arrivabene na Ferrari? Sem dúvida ele será eleito o culpado pelo caos ferrarista que começou em Monza e que ainda não tem hora para acabar. Com razão ou não, a tradição italuana não vai perdoa-lo.
Na verdade as apostas começaram ainda no meio do ano passado. Mas agora Marchionne precisa reagir até por questões políticas internas, e a verdade é que Arrivabene é fraco e já deveria ter sido substituído. Só não foi porque sempre fez todas as vontades do chefe.
A Mercedes é a equipe com menor “rake” do grid hoje em dia, e o carro mais longo.
Provavelmente nunca conseguiram remediar completamente a falta da suspensão proibida no começo do ano.
Então espero a Mercedes mais parecida com a Ferrari em 2018. Aliás, espero boa parte desse grid imitando o carro da Ferrari. Um carro veloz e previsível, muito competitivo em todas as pistas do ano, diferente da Mercedes que foi MUITO MAL em Mônaco e seria também em Singapura não fosse a chuva.
Hamilton, ótimo piloto, mas, sortudo até demais. O cara só pilotou máquinas vencedoras e as conquistas são em grande parte pelo equipamento que o cara tem.
O campeonato desse ano acabou de perder a graça, ainda bem que essa era esta chegando ao fim, para o próximo ano Ferrari e o motor Renault devem equilibrar as coisas.
Me responda, qual piloto foi campeão sem ter um carro vencedor?
Meu amigo, se o cara “só pilotou máquinas” é porque as equipes boas o querem lá pilotando essas máquinas.
Quem deveria estar no lugar do Hamilton então? O Palmer?
Hamilton já começou no topo e 11 temporadas depois se mantém extremamente competitivo.
Se ele tivesse apagões e estivesse em má forma tudo bem, mas não, isso nunca aconteceu,
Reclamar dos carros que pilota beira a infantilidade.