O resumão das novidades nos carros que começam nesta semana a pré-temporada da Fórmula 1 continua com dois times que trocaram de fornecedores de motor e alguns desenhos simples que devem mudar bastante até o GP da Austrália. Aqui está a parte 1.
McLaren
A McLaren que começou os testes deixou claro o investimento feito mais na adaptação para o motor Renault do que o trabalho aerodinâmico do carro, o que explica a informação de que a equipe pretende fazer muitas mudanças até o GP da Austrália, agora que tem mais recursos para cuidar de elementos como a asa dianteira. Até por isso, é preciso cuidado ao analisar os resultados da equipe nos testes.
O trabalho que foi feito é de maximização do arrefecimento do motor agora que o time tem um equipamento que precisa de menos refrigeração devido à geometria utilizada pela Renault. O sidepod ficou significativamente menor, se assemelhando mais aos carros da ponta.
Outra mudança que já se nota é no assoalho, que ficou bem mais longe do solo, o que, junto do aumento da distância entre eixos, é uma busca por “selar” melhor o ar nessa parte e aumentar a velocidade do fluxo, gerando uma pressão aerodinâmica mais eficiente.
Renault
Assim como a McLaren, o carro da Renault também deve evoluir bastante nas próximas semanas, mas já deu para notar o trabalho feito para melhorar o fluxo de ar dos franceses têm menor necessidade de refrigeração. Isso também é visto pela carenagem, que está bem mais enxuta.
Parte do sistema de arrefecimento, contudo, parece ter mudado para a entrada na parte de cima do carro, pois, apesar dela não ter mudado muito em termos de tamanho, esta parte está mais longa.
Ferrari
Não dá para dizer que a Ferrari não está se mexendo para tentar acabar com o domínio da Mercedes. O novo carro tem mudanças interessantes, começando pela maior distância entre eixos, algo que deve melhorar a performance do carro nos circuitos de alta velocidade.
Curiosamente, o time foi buscar na McLaren a inspiração para uma asa dianteira bem diferente em relação ao ano passado, com a base reta, algo que altera toda a forma como o ar circula na parte debaixo do carro e também como ele é desviado do pneu dianteiro. Mas há uma diferença: os pilões estão bastante separados entre si, provavelmente para aumentar o fluxo de ar e a alimentação do assoalho, gerando mais pressão aerodinâmica na área.
O sidepod em si, como em 2017, é o que mais chama a atenção. Talvez motivado pelo halo, que diminui a quantidade de ar direcionada para esta área, os sidepods estão ainda menores neste ano, o que deve ajudar na velocidade de reta. Mas será interessante ver ao longo da temporada se o desenho acabou não sendo radical demais, comprometendo o funcionamento do motor – especialmente com a limitação de duas unidades por temporada para alguns elementos.
Falando em halo, ele também deve ter motivado a Ferrari a usar uma pequena asa no espelho retrovisor, para minimizar a turbulência nessa região.
É interessante notar, também, como a Ferrari optou por usar ao máximo a área da barbatana de tubarão, inclusive com uma asinha indo próxima da asa traseira, provavelmente para minimizar a separação do fluxo de ar entre as duas partes. Será interessante ver ao longo do ano como a Scuderia reagirá às restrições ao monkey seat, espécie de miniatura da asa traseira, posicionada embaixo dela. Isso porque o time italiano usou o monkey seat em quase todas as etapas, dando a impressão de que dependia disso para gerar pressão aerodinâmica nessa área.
Toro Rosso
O maior desafio da Toro Rosso para 2018 foi a adaptação do carro ao motor Honda, que tem uma arquitetura bastante diferente do Renault, com a turbina e o compressor divididos. Mas as mudanças no carro novo começam no bico, mais alinhado agora com a maior parte do grid – antes, a opção era se inspirar na Mercedes. As mudanças parecem terem sido feitas para diminuir o impacto negativo do halo.
Outra mudança influenciada pela novidade é na base de sustentação do espelho retrovisor, algo que vimos em vários carros (e, curiosamente, cada um adotou uma solução diferente nesse sentido). O restante – bargeboards, sidepods – parece mais uma evolução do carro que terminou 2017, com desenhos inspirados na Ferrari e na Red Bull. Mas há uma área em que a Toro Rosso continua tendo uma abordagem bastante diferente, na parte do difusor logo diante do pneu traseiro, com menos buracos, selando o difusor de maneira distinta.
O mais interessante, contudo, é a continuidade da forma e tamanho das entradas de ar mesmo com o novo motor, enquanto a McLaren, que trocou a Honda pela Renault, veio com entradas bem menores.
Force India
Assim como a McLaren, a Force India mostrou um carro bastante básico, dando a impressão de que muitas mudanças serão feitas até a Austrália. Os sidepods ganharam um desenho mais agressivo, com um recorde mais diagonal, a fim de diminuir a turbulência nos pneus traseiros. Mas isso também pressionou a parte central do chassi, que ganhou mais curvas e, potencialmente, fez o centro de gravidade subir.
Outra área em que o time vem trabalhando bastante é no assoalho, especialmente logo à frente dos pneus traseiros. O modelo que começou os testes tem vários elementos, e é bem provável que eles ainda sejam modificados para melhorar a performance do difusor antes da primeira prova do ano.
6 Comments
Estou ansioso demais para ver essa Toro Rosso andar, quero ver como vai ser se eles andarem mais que a McLaren esse ano, se isso qcontecer o Zack Brown vai ter um infarto.
Rs
Julianne, como e porquê a Mercedes consegue ter um bico tão diferente do resto do grid? A única outra equipe sem o “nariz de gonzo” é a Sauber, mas notei que a engenharia dos suíços está longe de ser igual a dos alemães. O bico dos carros da Mercedes é muito mais fino em relação aos carros da Sauber.
Fiquei curioso quanto a mais informações sobre essa diferença.
Outra dúvida, esse acessório da McLaren, que mais parece um porco espinho, serve para quê exatamente? Direcionar o fluxo de ar? Limpar o fluxo de ar?
Uma observação curiosa, desde o ano passado, o grupo de engenheiros da Ferrari tem usado e abusado dos “penduricalhos” na carenagem, a hora que um não funcionar corretamente, acho que todo o desempenho do carro será prejudicado.
Grande abraço a todos e um abraço especial pra Julianne!
Mclaren já andava melhor que a Toro Rosso com Honda, só não chegava ao fim da corrida, com Renault vai andar mais ainda.
Let’s see it!!!
Olá Eddie!
Sim, na realidade também acho difícil a Toro Rosso andar mais que a McLaren, ainda mais que o motor Renault venceu três corridas ano passado, mas seria muito irônico se isso acontecesse.
Estou bem curioso para ver como será o fator quebra de motor também, pois o motor Renault, embora tenha vencido corridas, também quebrou bastante.
Grande abraço.
Abraços a todos!
Olá Julliane, tudo bem?
Vc poderia explicar melhor a questão dos radiadores da Ferrari? Eu não entendi o seguinte: se o halo desvia menos ar pra área dos sidepods, as entradas de ar não deveriam ser maiores?
Oi Leonardo!
Se reparar bem, a entrada de ar acima da cabeça do piloto no carro da Ferrari, é um pouco maior e mais ovalada em relação às outras equipes. Talvez a refrigeração deles venham mais dessa região do carro, a Julianne que me corrija se estiver errado, além disso, como ela escreveu, eles terão de avaliar se não ficou agressivo demais.
Grande abraço a todos!