Antes da temporada começar, havia nas casas britânicas quem apostasse que Button não conseguiria se classificar à frente de Hamilton em nenhuma etapa sequer neste ano. Perderam dinheiro.
Mas, mesmo que a lavada anunciada não tenha acontecido, é interessante perceber como o desempenho do campeão de 2009 caiu desde da introdução frustrada do difusor escapamento, em Silverstone. Se a equipe escolheu privilegiar o estilo de pilotagem de sua cria ou simplesmente o carro mais nervoso foi mais bem domado por Hamilton, provavelmente nunca saberemos.
O fato é que a temporada da McLaren pode ser dividida em 3 etapas: Button começou melhor o ano, aproveitando-se de provas em condições difíceis, enquanto seu companheiro tinha altos e baixos – no placar entre os dois nas 6 primeiras etapas, 70 a 59 para o novato no time.
No começo da temporada europeia, Lewis se recuperou e colocou ordem na casa, ao mesmo tempo em que a McLaren parecia mais próxima da Red Bull, principalmente na Turquia e na Inglaterra: Hamilton fez 98 dos 125 pontos possíveis (contra 73 de Button) nas 6 provas entre Turquia e Alemanha e assumiu a ponta no duelo interno.
Mas o time de Woking teve uma série de upgrades que não funcionaram no carro, deixando-os como a 3ª força nas provas finais à exceção do tapete de Abu Dhabi, sem as ondulações que tanto atrapalharam a equipe. E foi com o carro pior que a diferença entre os pilotos se fez mais clara: 83 a 71 nas últimas 8 provas, mesmo com a série de erros de Hamilton, uns mais custosos que os outros (Monza, Cingapura – mesmo que sua culpa seja discutível –, os treinos no Japão e os deslizes em lutas por posições na Coréia e no Brasil).
Fica clara a supremacia de Hamilton, que aumenta na proporção da dificuldade em se guiar o carro, mas também a rápida adaptação de Button, que vinha de 6 anos na equipe que hoje é a Mercedes. O implícito é a dificuldade de ambos em liderar o desenvolvimento e o acerto do carro. Por várias vezes, mudaram de direção em cima da hora e/ou escolheram caminhos diferentes, o que certamente não ajudou o time.
Hamilton | Button | |
Vitórias | 4 | 2 |
Voltas na liderança | 100 | 145 |
Poles | 1 | 0 |
Diferença média na classificação | -0.16 | 0.16 |
Média de posição no grid | 5.2 | 6.9 |
Pódios | 9 | 7 |
Média de posição de chegada | 3.75 | 4.47 |
Voltas mais rápidas | 5 | 1 |
Voltas completadas em corrida | 1001 | 1023 |
Abandonos por falhas mecânicas | 1 | 1 |
Abandonos por acidentes | 2 | 1 |
6 Comments
Ju, esta disputa é bem equilibrada! a vantagem de hamilton para mim é o arrojo! uma caracteristica importante quando está se decidindo um campeonato! button deve ter pensado em alonso a respeito da proteção que hamilton possui no time, portanto, dançou conforme à música, até ganhar a equipe! acho que hamilton possui um talento nato para guiar em condições adversas, já button, acho muito burocrático! sem dúvida, pelos anos de time, o carro foi consebido ao estilo lewis! pelo fato de ambos serem igleses e campeões, talvez seja este o motivo da chapa ainda não ter esquentado! resta saber se no futuro, com uma disputa direta, os ânimos serão tão cordiais! quando você tocou no assunto do acerto do carro, me veio à cabeça, uma teoria que guardo comigo: – boatos diziam que em 2007, alonso era responsável pelo acerto e desenvolvimento do carro!; em 2009 dizia-se que barrichello acertava e desenvolvia o carro! bem, boato ou não, pode ser uma comprovação da dificuldade da dupla para fazer as flechas de prata alcançar um maior degrau de desenvolvimento! pode ser!!!
Wagner, você advinhou sobre o que eu queria escrever! O passado e Lewis e Jenson e o caminho – ou a perda dele – que tomaram nesse ano leva a crer que ambos tenham esse ponto negativo no acerto do carro. O fato de nenhum dos 2 terem sido escalados pros testes com Pirelli só colabora pra essa teoria.
Lewis e Jenson, cada um em seu estilo, se completam. A chegada de Button à equipe fez Hamilton crescer como piloto. A maneira como Jenson cuidava bem dos pneus e se deu bem por isso em duas das 4 primeiras provas do ano fez com que Hamilton revisse o seu estilo destruidor de pneus que ele tinha fama. E o contrário também é válido: Jenson não conseguiu esse ano, mas tem consciência de que precisa melhorar seu ritmo de classificação para o ano que vem.
E foi essa diferença de ritmo de classificação que fez com que ambos se encontrassem muito pouco na pista: Austrália, antes da parada do Button, Hamilton passou ele sem cerimônia; e Turquia, onde Jenson passou e Lewis devolveu o passão. Fora essas duas, nas outras provas seus ritmos de corrida ou suas posições na pista, mesmo que em posições subsequêntes, não permitiram mais contato em corrida.
Quanto à questão levantada pelo Wagner e por você Ju, concordo, mas em partes. Em 2007 se falou que Alonso deixou de dividir informações de acerto depois do episódio da Hungria. Como Lewis teria continuado a ser competitivo até o fim da temporada? E quem acertou o carro em 2008, Heikki? Acho pouco provável. Mas por outro lado, o fato de Jenson gostar de compartilhar as informações de acerto mostra que talvez – talvez – ele não consiga acertar sozinho.
Enfim, nós não temos como saber.
Essa teoria de que o Button ajudou o Hamilton a amadurecer é muito defendida na Inglaterra e, de fato, Lewis já não é o devorador de pneu de antes.
É difícil hoje em dia um piloto esconder acerto, pois os dados das mudanças nos carros são obrigatoriamente colocados num computador que os distribui.
O que me parece é que a McLaren não confia muito nas informações de seus pilotos, preferem se basear nas suas simulações, mas falarei sobre isso mais tarde.
Isso Ju. Tocou num ponto que eu queria chegar. Por ex., o carro está saindo muito de frente. O piloto chega e fala pro engenheiro dele. O engenheiro, junto com vários integrantes de sua equipe se reúnem, trocam idéias e resolvem o q
Esquece meu comentário anterior. Apertei o botão errado. Então, continuando. Com base no que foi passado pelo piloto, o engenheiro resolve o que fazer no carro pra ele deixar de sair de frente ou sair um pouco mais de traseira, pra equilibrar o conjunto. Não seria ingenuidade achar que um mauricinho como rubinho ou Hamilton já mexeu em um carro de verdade, já desmontou qualquer coisa mecânica? Será que o Alonso sabe o diâmetro da barra estabilizadora, do disco de freio, a relação do diferencial e outras coisitas? Tenho certeza que não. Esse negócio de que fulano é mais “acertador de carro” que outro é porque o cidadão sabe deixar o carro com comportamento de acordo com o o seu estilo de pilotar. Dizem que rubinho é “bão de acertar”. Quando chegou na BGP ele, que pisa no freio com o pé direito, precisou de 6 provas pra se adaptar (apesar dos 17 anos) ao sistema de freios, até que a equipe fizesse um sistema diferente pra ele e pro Button. Se fosse esse super “acertador de carros” que dizem, ele chamaria o engenheiro e diria: Escuta aqui, esse pedal no freio, pra mim precisa de uma força de tantos quilos, pra isso você separa pra mim uma pinça com “x” pressão, muda o material do disco e etc etc. Sabemos que isso não acontece. O que você pensa sobre isso?