Teve um pouco de tudo no GP de São Paulo, de uma história política e técnica mirabolante, a muita ação na pista – inclusive, com 15 ultrapassagens em 24 voltas de Lewis Hamilton na sprint. E outro show na corrida. Foi mais um fim de semana que terminamos dizendo que “só em Interlagos mesmo”. E nem precisou chover.
Foi na sexta depois do FP1 que eu vi Newey com sua prancheta e Monaghan com seu laptop indo falar na FIA. E isso costuma ser sinal de que eles estavam questionando algo. Logo descobrimos que era a flexibilidade da asa traseira da Mercedes – o que Verstappen quis sentir com as próprias mãos.
Por conta dessa queixa, a FIA foi fazer as medições completas na asa da Mercedes, e acabou achando algo inesperado: a peça usada para aferir a abertura do DRS passava no lado direito, indicando que a distância entre as lâminas era maior que o permitido. Eram exatos 0.2mm a mais.
Como não se trata de uma asa nova e a de Bottas estava regular, tudo leva a crer que foi uma questão de desgaste. Ou seja, a grosso modo, o que aconteceu com a Red Bull no México. A diferença, na interpretação da FIA, foi que a Red Bull viu e tentou resolver (eles tiveram permissão para reparar o carro em regime de parque fechado, como contei na coluna passada) e a Mercedes, não. Os alemães, que cada vez falam mais abertamente sobre a crença de que as mudanças no regulamento do assoalho deste ano tinham apenas eles como alvo, não engoliram bem essa. Toto estava possesso. No domingo, a primeira coisa que ele fez foi chamar Nikolas Tombazis de lado para deixar claro seu ponto de vista.
O clima agora, que ficou claro por como eles celebraram a vitória, é de Mercedes contra a rapa.
E pensar que eles até cogitaram protestar, mas sabiam que o resultado de todo o fim de semana poderia ficar em risco. Ah, e Newey e Monaghan também estavam indo aos escritórios da FIA no domingo…
Enquanto vocês lêem estas palavras, a Fórmula 1 está fazendo mais um esforço logístico depois de grande parte do material das equipes só chegar na quinta-feira à tarde entre a primeira e a segunda pernas da sequência mais ambiciosa da história da categoria. Algumas equipes ficaram trabalhando até perto da meia-noite, mas por volta das 19h a primeira a acabar o trabalho foi a Alpine. O foco, claro, era partir logo para a churrascaria, e deu para ver alguns membros mais jovens dos times, que nunca tinham ido ao Brasil, ficando progressivamente mais baleados ao longo do final de semana com a mistura carne e caipirinha.
Aliás, não sei sobre a caipirinha, mas um que só queria saber de churrasco era Norris. Ele, inclusive, era um dos pilotos mais assediados no paddock, junto de seu companheiro e Hamilton. Aliás, em todos os dias tinha muito mais gente berrando por ele do que por Verstappen no Paddock Club. E isso pareceu dar muita força a ele. Ouvi dizer que nas arquibancadas estava bem mais parelho.
Não que ele fosse o único piloto que se sentiu em casa. A assessora de Leclerc tem família no Brasil e comprou 1000 pulseirinhas do senhor do Bonfim, e saiu distribuindo na equipe. Charles escolheu uma vermelhinha, e acreditou mesmo que estava dando sorte. Ele adora o Brasil.
Teve também tempo para rumores: o anúncio de Zhou na Alfa Romeo deve ser na terça. E Otmar Szafnauer está conversando com a Alpine, mas não há nada fechado. Aliás, falando em profissionais da Aston Martin, alguém viu que a camiseta de Sebastian Vettel era totalmente preta no grid, sem mensagem alguma?
1 Comment
oi, julianne
avisando pra corrigir: “Logo descobrimos que era a flexibilidade da asa traseira da Red Bull (…)”
imagino que seria a asa a mercedes, certo?
boa viagem pra vcs todos
deve estar cansativo pra diacho essa sequência de corridas, ainda mais com a treta dos voos pro brasil…
abraço!