Ninguém ainda está em condições de cravar se a asa traseira móvel vai funcionar, mas se alguém duvida que os carros estarão em posição de acioná-la, pode tirar o cavalo da chuva. Um levantamento do blog F1 Fanatic apontou que o dispositivo seria ativado mais de 3.500 vezes na temporada.
Relembrando: a asa traseira móvel é um dispositivo que estreia na F1 em 2011 e promete fomentar as ultrapassagens. Excetuando-se as 2 primeiras voltas após largadas e relargadas, quando dois carros estiverem a 1s de distância entre si em locais da pista pré-determinados pela FIA, o que estiver atrás receberá um sinal no volante que indica que o dispositivo estará liberado para uso. Os pilotos que testaram a novidade falam em até 15km/h de vantagem nas retas.
Os dados servem apenas como estimativas, tendo em vista que usam como base a diferença de tempo entre os carros na linha de chegada, uma vez que ainda não há como saber quais serão os pontos em que a asa móvel será liberada pela FIA. Outra variável que os dados escondem é que, um vez feita a ultrapassagem, não se sabe o quão fácil será para o piloto que vem atrás recuperar a posição. Mas dão uma boa ideia do impacto que a nova regra pode ter, inclusive nas estratégias de corrida.
Isso porque, se as ultrapassagens realmente forem facilitadas, poderemos ver mais pilotos arriscando fazer como Webber em Cingapura, que parou mais cedo para ganhar a briga com as McLaren, numa estratégia que dependia da capacidade de fazer ultrapassagens o mais rápido possível. É claro que isso também depende da durabilidade dos pneus, mas abre-se uma possibilidade a mais.
Um número que chama a atenção é a quantidade de vezes que a ATM poderia ser ativada em 2010 pelos pilotos da Ferrari, que encabeçam a lista:
Piloto | Possíveis ativações da ATM em 2010 | |
1 | Felipe Massa | 281 |
2 | Fernando Alonso | 263 |
3 | Robert Kubica | 225 |
4 | Nico Hülkenberg | 203 |
5 | Michael Schumacher | 201 |
5 | Kamui Kobayashi | 201 |
7 | Jaime Alguersuari | 200 |
8 | Mark Webber | 177 |
9 | Adrian Sutil | 173 |
10 | Lewis Hamilton | 172 |
10 | Vitaly Petrov | 172 |
12 | Vitantonio Liuzzi | 166 |
13 | Sebastian Vettel | 147 |
14 | Sebastien Buemi | 141 |
15 | Rubens Barrichello | 111 |
16 | Jenson Button | 105 |
17 | Nico Rosberg | 102 |
18 | Timo Glock | 95 |
19 | Heikki Kovalainen | 93 |
20 | Jarno Trulli | 68 |
21 | Pedro de la Rosa | 60 |
21 | Nick Heidfeld | 60 |
23 | Lucas di Grassi | 41 |
24 | Bruno Senna | 30 |
25 | Karun Chandhok | 15 |
26 | Sakon Yamamoto | 9 |
27 | Christian Klien | 0 |
Isso quer dizer que Massa e Alonso ficaram constantemente presos atrás de outros carros durante a temporada. Para se ter uma ideia, apenas em Abu Dhabi, o brasileiro poderia ter usado a asa móvel 47 vezes, e o espanhol, 38. Isso é uma indicação clara de que o duto aerodinâmico da Scuderia não era dos melhores. Portanto, a princípio, a remoção do artifício e o fato de todos começarem do zero com a ATM pode privilegiá-los.
Os pilotos da Red Bull, é claro, estão mais abaixo na lista, até porque costumavam estar lá na frente nas corridas… ao passo que os da Hispania pouco seriam ajudados pelo dispositivo, tamanha a discrepância em relação aos rivais.
O número de possíveis ativações da asa traseira móvel por prova é resultado direto de algumas situações de corrida. O Brasil encabeça a lista principalmente devido ao período de Safty Car, que juntou todo mundo numa pista curta. No entanto, é um alento para organizadores de GPs como da Europa e de Abu Dhabi. Será que só assim para vermos ultrapassagens nessas duas tentativas de recriar Mônaco?
Prova | Possíveis ativações da ATM em 2010 | |
1 | Brazil | 339 |
2 | Turkey | 264 |
2 | Canada | 264 |
2 | Europe | 264 |
2 | Britain | 264 |
6 | Abu Dhabi | 252 |
7 | Italy | 220 |
8 | Singapore | 197 |
9 | Hungary | 183 |
10 | Germany | 170 |
11 | Australia | 167 |
12 | Spain | 164 |
13 | Monaco | 144 |
14 | Malaysia | 123 |
15 | Belgium | 122 |
16 | Japan | 119 |
17 | Bahrain | 110 |
18 | China | 92 |
19 | Korea | 53 |
4 Comments
Estava pensando como irão suceder o trabalho deste dispositivo em algumas situações, quando existir a perseguição de um piloto considerado o 2º do time a um piloto considerado 1º desta equipe, será que o comando do time não permitirá o acionamento da mesma?
Acredito que o time não possa interferir diretamente, já que a telemetria bidirecional é probida – a equipe não pode mandar informações para o carro. Mas isso é facilmente resolvido pela velha pressão. Assim como pilotos cederam a mensagens no rádio no passado, provavelmente com medo do que lhes aconteceria no futuro caso agissem contra a recomendação da equipes, uma simples mensagem “hold position”, agora inclusive liberada pelas regras, já deve resolver.
Talvez possamos estar errados, mas soa tão mal e deprimente essa indicação de quando e onde usar. O escesso de ultrapassagens não pode ser banalizado. Sabemos que a aerodinâmica é fundamental hj, e a proibição do duto e do difusor duplo, pareciam racionais, ao passo que jogaram água fora da bacia com esse Mário Kart. Seria mais racional e menos premeditado, manter os cortes aerodinâmicos, e mexer na parte mecânica, como os pneus por exemplo, afinal estaríamos atacando o foco do problema (carros instáveis e muito iguais) por outra vertente. Onde está a naturalidade da surpesa? Onde está o mérito de se vencer o oponente pela pressão da condução?
Prefiro ver funcionando antes de falar, mas é claro que foi uma decisão de sopetão, logo depois da corrida do Bahrein.