F1 Mais uma vez, a McLaren tem que correr atrás do prejuízo - Julianne Cerasoli Skip to content

Mais uma vez, a McLaren tem que correr atrás do prejuízo

Uma das grandes questões desta pré-temporada tem sido a McLaren. Não é a primeira vez que o time parece ao menos perdido, o que não necessariamente resultou em fiascos no passado, mas o desânimo de Lewis Hamilton e Jenson Button, somado à disparidade de voltas completadas em relação aos rivais diretos ao título cobre de dúvidas o real potencial do MP4-26.

Ao final dos treinos de ontem, o campeão de 2008 falou em limitar os danos no início do campeonato. “O carro pode melhorar. Se mantivermos o caminho certo no desenvolvimento durante diversas corridas, poderemos diminuir a distância e competir por vitórias. Se conseguirmos marcar pontos nas primeiras provas, ficando, por exemplo, no top 5, quando o carro for capaz de vencer corridas, o título ainda será possível. Então, definitivamente não estou desistindo do ano”.

O desafio da McLaren é compreender suas inovações

Seu companheiro também não anda muito otimista. “Há trabalho para ser feito para sermos tão rápidos quanto Red Bull, Ferrari e um ou dois times, mas estamos melhorando e é um ótimo sentimento. Ficaria surpreso se andarmos no ritmo de Red Bull e Ferrari em Melbourne, é pedir muito considerando a quilometragem e a performance nos testes até agora.”

Hamilton reclamou muito dos pneus e quem viu o carro na pista observou que os McLaren se movem mais que a concorrência, são mais ariscos, o que favorece o desgaste da borracha. Aparentemente, falta downforce para o carro.

O que dá para perceber é que a equipe tem tido problemas em quase todos os dias de testes. Ontem, por exemplo, Hamilton sofreu uma pane hidráulica e uma falha no escapamento. Assim, não conseguem evoluir na mesma proporção que os rivais, que têm passado constantemente da marca de 100 voltas por dia.

Em entrevista ao f1.com em 21 de fevereiro, o diretor Jonathan Neale indicou qual seria o caminho durante os testes. “A primeira tarefa é ter certeza de que o carro não tem gremlins que prejudiquem a quilometragem, que os números do túnel de vento batem com os da pista e que o carro é estável. Se você tem um problema, particularmente aerodinâmico, você tem que voltar e repensar até os updates que já estão preparados, pois terá que mudar a base. Por isso, todos nós trabalhamos para firmar nossa base.”

E parece que a base não está bem firmada. O time decidiu estrear o carro novo apenas na segunda bateria de testes, a fim de estabelecer uma boa comparação para os pneus Pirelli num carro já conhecido. Fez o lançamento do bólido de 2011 dia 4 de fevereiro e impressionou com as diferentes entradas de ar, tanto nos radiadores, quanto na carenagem.

Tanta inovação tem custado caro aos engenheiros, cuja dificuldade nos testes é compreendê-las. Até uma troca de peças para a avaliação de diferentes configurações tem dado dores de cabeça que projetos menos ambiciosos não geram. Além disso, muito tempo de pista foi perdido por falta de peças de reposição.

Até agora, o MP4-26 deu 741 voltas, contra 1211 da Red Bull e 1285 da Ferrari. Nenhum dos pilotos conseguiu ainda fazer uma simulação completa de corrida, ao mesmo tempo em que os rivais chegam a completar 2 por dia. Nada disso, no entanto, significa que o carro seja exatamente lento, como frisou o chefe Martin Witmarsh em entrevista publicada hoje. “Tivemos algumas dificuldades de confiabilidade durante os testes até agora, mas estamos confiantes de que estamos na direção certa agora.”

Cruzando todas essas informações, do sentimento dos pilotos de que este (ainda) não é um carro vencedor, com a explicação de Neale e Witmarsh, o tipo de dificuldade encontrada e os dados de quilometragem, parece que os planos iniciais devem ter sido refeitos e que a McLaren chegará à Austrália alguns passos atrás dos rivais, que já começam a fazer até simulações de classificação, buscando performance pura. Uma vez reencontrado o norte, o time terá que correr atrás do prejuízo para tirar a diferença.

A equipe sempre aparece com maneiras diferentes de coletar dados

Isso não quer dizer que o carro nasceu ruim, como o modelo de 2009, que tinha problemas fundamentais. Aliás, Hamilton se adiantou em dizer que se sente muito melhor com esse modelo em relação àquele, que começou a pré-temporada a cerca de 2,5s em relação aos líderes.

O déficit de desenvolvimento inicial se parece mais com o que aconteceu ano passado. Hamilton levou mais de 1s1 do pole Vettel na 1ª classificação de 2010 e, com um misto de boas estratégias e rápida evolução, a McLaren chegou à liderança entre os construtores ainda em maio.

Mesmo vendo a história se repetir – olhando para trás, é difícil lembrar de alguma temporada recente em que a McLaren tenha despontado como favorita na pré-temporada – Neale rebate as críticas e diz que está tudo sob controle. “Ano passado, jornalistas de menor reputação julgaram que estivéssemos com problemas devido ao número de sensores que usamos no carro. Nós somos muito mais disciplinados em relação a como usados os testes”. Provavelmente no último dia de testes, quando todos ensaiarem com pneus supermacios, pouco combustível e com todas as atualizações já prontas no carro, veremos o quanto há de disciplina e o quanto há de trabalho duro pela frente.

6 Comments

  1. Outro detalhe que, acredito, indica que a Mclaren tem problemas sérios é eles terem procurado o Pedro de la Rosa. O espanhol não é lá grande coisa na pista, mas tem ótima reputação entre os engenheiros para desenvolvimento de soluções para carros problemáticos. A Mclaren ter contratado ele me parece um indicativo forte de que as coisas não vão tão bem por lá.

  2. Políticas internas não se discutem, mas os resultados sim. Tudo bem que o título de 2008, ajudou, mas me parece que o foco extremamente tecnicista, acreditando cegamente na telemetria e simuladores, e ainda por cima, nos testes de final de ano, dando folga para Hamilton e Button, ao passo que outras equipes colocaram seus titulares, como forma de medir em pista, diferenças de japoneses e italianos, demonstram alguns pontos negativos na leitura do time. Não dá para medir até que ponto um piloto possa ajudar no crescimento do carro, mas colocar a responsabilidade de achar respostas, nas mãos de testadores, não parece ser mt salutar. Posso estar extremamente errado, mas a condução de um Hamilton e de um De la Rosa, não apontam para o mesmo lado.

  3. É o preço que se paga ao lançar um projeto arrojado e inovador numa época em que os testes são limitados. Nada mais natural.

    Mas a McLaren é uma equipe muito forte, são capazes de igualar ou até virar o jogo em algumas provas, não se enganem.

    Não me surpreenderá se isso acontecer.

  4. As equipes que mais arriscaram em seus projetos deste ano foram a McLaren e a Williams e talvez paguem um preço alto pelo seu arrojo.

    Sem dúvida a McLaren tem capacidade técnica para reverter este mau momento, o problema é o risco de perda de muitos pontos no começo do campeonato, reduzindo suas chances de sucesso no final do ano.

    Outra equipe que parece perdida é a Mercedes, que foi uma das primeiras a iniciar os estudos do carro deste ano, devido o fraco desempenho do carro do ano passado e até agora se mostrou muito inconstante.

  5. Espero mesmo que eles não estejam correndo “atrás do prejuizo”


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