F1 Mercedes domina desafio de Las Vegas - Julianne Cerasoli Skip to content

Mercedes domina o desafio único de Las Vegas

Que o GP de Las Vegas é aquele em que você tem que deixar suas certezas sobre a temporada de lado para entender, já tínhamos percebido com as quase 100 ultrapassagens do ano passado. Temperatura do asfalto com jeito de pré-temporada na Europa (e pressão de pneus nas alturas para tentar gerar um pouco de calor, mas prejudicando ainda mais a aderência), configuração de baixa pressão aerodinâmica e muros próximos tornam esse evento único no calendário. 

Melhor para a Mercedes, que ganhou o extra-oficial “campeonato de inverno”, aparecendo toda vez que fez mais frio, e para Verstappen, que selou o tetracampeonato sem dificuldades enquanto a McLaren de Lando Norris não se encontrava.

Ok, não foi exatamente sem dificuldades. A Red Bull, por conta do teto orçamentário, optou nas últimas temporadas por não ter uma asa traseira “especialista” de pista de baixa pressão aerodinâmica, ou seja, para usar em Monza e em Las Vegas. A desvantagem nas retas era tanta que eles tiveram que cortar as asas que tinham à disposição, então não foi uma preparação das mais tranquilas para Verstappen. 

Na corrida, no entanto, isso não seria um fator tão importante. O que fez a diferença foi como cada conjunto carro e piloto lidou com os pneus.

Favoritismo da Ferrari dura 4 voltas

Em teoria, esse seria o trunfo da Ferrari. Eles largavam em segundo com Carlos Sainz e em quarto com Charles Leclerc, e tinham tido as melhores simulações de corrida nos treinos livres. O risco era a asa traseira muito fina que eles estavam usando: ela faria com que os pneus deslizassem demais e acabaria com essa vantagem?

O grande desafio para todos era entender como lidar com as primeiras voltas. Forçar muito o pneu médio traria graining por conta do frio da superfície, mas é uma pista em que dá para ultrapassar, então não adianta ser muito conservador e ficar para trás.

Leclerc foi para o ataque. Era segundo após a primeira curva, emparelhou com o pole position Russell na volta 4. E foi o suficiente para o pneu ir embora. 

E foi de uma vez. Leclerc passou a ser 0s6 mais lento por volta. Foi passado por Sainz e por Verstappen, e foi o primeiro dos pilotos que largaram com os médios a parar. Era a volta 9 de 50, um sinal de que teríamos uma corrida de duas paradas.

Logo foram os pneus de Sainz que foram embora. Também de uma hora para a outra. E a Ferrari saiu da disputa pela vitória: Russell já tinha 8s de vantagem para o rival mais próximo quando o espanhol parou, na volta 10.

Esse rival mais próximo era Verstappen, que tinha largado em quinto, e que a essa altura já não tinha mais Lando Norris por perto. A McLaren não apresentava seu melhor desempenho com baixa pressão aerodinâmica e o frio e o inglês tinha parado na mesma volta de Leclerc.

A corrida de recuperação de Hamilton

Quem progredia bem era Lewis Hamilton, que tinha sido rápido nos treinos livres, mas tinha cometido dois erros no Q3 e saía da décima posição.

O heptacampeão passou Hulkenberg, Piastri e Tsunoda em nove voltas e estava diminuindo a desvantagem de 7s em relação a Verstappen quando o holandês parou, na volta 10. E foi o último dos ponteiros a trocar os médios pelos duros, na volta 13.

A Mercedes estava conseguindo ser rápida e evitar o graining ao mesmo tempo. O carro funciona bem quando a temperatura está mais baixa – como no Canadá, Silverstone e Bélgica – e ainda melhor quando o asfalto não tem ondulações e é possível andar com o carro baixo e a suspensão dura. De quebra, a asa traseira não era tão fina quanto a da Ferrari, então o carro escorregava menos nas curvas.

Russell, a essa altura, só tinha que administrar. Mas a briga pelo pódio estava aberta. Verstappen era segundo, com Sainz 2s atrás, seguido por Leclerc 2s atrás dele e Hamilton, na cola do monegasco.

Percebendo que os dois se aproximavam dele e seus pneus estavam acabando mais uma vez, Sainz pediu para a Ferrari pará-lo, mas o time não quis, preocupado em devolvê-lo no meio do trânsito. 

Era a volta 27 e, desta vez, quem parou primeiro foram Verstappen e Hamilton, que tentava ali um undercut nas duas Ferrari. Sainz parou na volta seguinte e, mesmo assim, não conseguiu voltar manter sua posição. Leclerc sabia que já tinha sido ultrapassado, na prática, pela Mercedes e seguiu na pista por mais quatro voltas.

Overcut de Leclerc não funciona

A ideia era levar os pneus até o limite para ter borracha mais nova no final. Para isso, seria importante, também, administrar o ritmo nas primeiras voltas, pois isso é fundamental para controlar o graining (muito menos proeminente no pneu duro mas, no caso da Ferrari, ainda uma ameaça).

Leclerc sabia que tinha perdido a posição, também, para Sainz, e contava que a equipe tivesse instruído o espanhol a não atrapalhar essas suas primeiras voltas, para que sua estratégia desse certo. Eles o fizeram, mas Sainz o passou, na saída do box.

Leclerc chegou a encostar em Sainz, mas já não fazia sentido pensar em uma inversão de posições: Hamilton tinha escapado, foi por vezes 1s por volta mais rápido que Russell e chegou a descontar 6s da vantagem do companheiro, mas depois os tempos de volta começaram a se estabilizar e não tinha muito mais a fazer.

Verstappen nem precisa segurar as Ferrari para ser tetra

As Ferrari pelo menos conseguiram passar Verstappen, que já estava no lucro. Ele chegou em Las Vegas precisando chegar na frente de Norris para ser campeão, e o britânico a essa altura corria sozinho, em sexto, a 10s dessa briga. Tão sozinho que parou no final para conseguir a volta mais rápida e diminuir o prejuízo da McLaren em relação à Ferrari no mundial de construtores.

Deixar as Ferrari passar tranquilamente acabou dando à corrida de Verstappen a cara de sua temporada do tetra: aquele piloto que lutaria com unhas e dentes por qualquer posição amadureceu. Foi segundo quando dava, terceiro quando dava, e mesmo assim conquistou mais pontos do que todo mundo desde que as forças se equilibraram, em Miami. E foi campeão com duas corridas de antecipação.

Oscar Piastri foi o sétimo, com Hulkenberg e Tsunoda se mantendo no top 10 que conquistaram na classificação e Sergio Perez, que tinha sido eliminado no Q1, completando o top 10.

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Adicione o texto do seu título aqui