F1 GP de Las Vegas foi um dos melhores - Julianne Cerasoli Skip to content

Como o GP de Las Vegas se tornou um dos melhores do ano

A Liberty Media até sonhava com isso, mas ninguém poderia imaginar que o GP de Las Vegas seria um dos melhores da temporada 2023 da F1. O traçado acabou favorecendo as ultrapassagens, não houve muita degradação de pneus, os pilotos fizeram diferença na administração das temperaturas, havia pilotos fora de posição, dois períodos de SC bagunçaram as estratégias. Enfim, um combo perfeito, que tornou até a vida do vencedor Max Verstappen mais difícil do que de costume.

Traçado

Vamos primeiro aos fatores que atuaram nessa combinação. O traçado parecia pouco interessante até os pilotos perceberem que, até por conta das zebras, o trecho entre as curvas 6 e 9 era bem técnico. Como havia muitas retas, os carros estavam configurados como se estivessem em Monza, o que significa que o vácuo era bem poderoso. E a falta de curvas de média e alta velocidades significava que era menos difícil ficar perto do rival para tentar a manobra.

Pneus

O segundo fator veio dos pneus. A temperatura baixa e o asfalto liso colaboraram para a baixa degradação do pneu duro, o preferido de todos para a corrida. Foi, inclusive, por conseguir ficar praticamente toda a corrida com o composto (após se livrar do médio logo na primeira volta, tendo de trocar o bico após um toque na confusa primeira curva) que Sergio Perez conseguiu uma ótima recuperação. E essa também foi parte da explicação para o quinto lugar de Lance Stroll após largar em penúltimo. Mas vou chegar lá mais adiante. 

Até porque isso não conta toda a história da influência dos pneus. Como fazia muito frio, era preciso cuidar para que o aquecimento não fosse muito acelerado e gerasse graining no pneu. 

Ao mesmo tempo, outra dificuldade era gerar temperatura suficiente na classificação. Isso gerou um grid bem diferente, com oito carros diferentes nos 10 primeiros, e um segundo fator: muitos carros que geraram temperatura suficiente para uma volta lançada acabaram também gerando graining na corrida. E isso movimentou muito o meio do pelotão.

Estratégias diferentes

Houve ainda um período de Safety Car Virtual logo após a largada, depois um SC na terceira volta, e outro na 26. Diferentes decisões tomadas nestes momentos da corrida também bagunçaram a prova.

Feitas as introduções, vamos à prova. Charles Leclerc era o pole position, largou um pouco pior que Max Verstappen e foi jogado para fora da pista pelo holandês, que seria punido com 5s. Mais atrás, muita confusão. Havia muito óleo na pista, jogado pelos carros antigos do desfile de pilotos, e muitos escorregaram na primeira curva. Fernando Alonso tocou em Valtteri Bottas, que parou e foi acertado por Sergio Perez. E Carlos Sainz tocou em Lewis Hamilton. Ninguém ficou pelo caminho, mas Alonso, Perez e Bottas trocaram pneu e se livraram do composto médio.

A pancada de Norris

Logo após a relargada, Lando Norris passou por cima de uma ondulação, perdeu o controle da McLaren e bateu forte, trazendo à pista um Safety Car. Foi a vez de Sainz se livrar do composto médio e de Lance Stroll trocar o pneu macio (que tinha ajudado-o a pular de 19º para nono na primeira volta) também pelo duro. Outro piloto que tinha se dado muito bem na largada foi Esteban Ocon, que pulou de 16º a oitavo.

Essas largadas e relargadas exigiram muito cuidado dos pilotos com os pneus. Quem forçasse demais logo de cara fatalmente teria graining, e foi isso o que aconteceu com Max Verstappen. Ele chegou a abrir 2s em relação a Leclerc, mas viu a vantagem se deteriorar rapidamente até que levou a ultrapassagem na volta 16 e logo parou para colocar os pneus duros e pagar sua punição. Um dos primeiros ponteiros a parar, ele voltou em décimo.

O plano de Leclerc então era criar um offset, ficar o máximo possível na pista para ter pneus mais novos no final, além da posição de pista. O monegasco parou após 5 voltas e voltou em terceiro, justamente atrás de Perez e Stroll, que deixaram claro a vantagem de estar no composto duro, mais consistente que o médio.

O SC que mudou a história da prova

Verstappen veio abrindo caminho e já era o quarto quando acabou protagonizando o momento que lhe daria a vantagem de volta. Quando foi ultrapassar George Russell, o inglês não o viu, fechou a porta, e os dois bateram. Verstappen ficou com um pequeno dano na asa dianteira, enquanto o inglês foi punido e saiu da disputa pelo pódio (até ali, ele parecia bem posicionado para lutar por um terceiro lugar).

Mas quem se deu pior foi Leclerc. Ele tinha parado 5 voltas antes e sabia que tudo o que Perez e Stroll queriam nesse momento era um SC para terem outra parada custando menos tempo. Então se ele parasse, continuaria em terceiro. Se não o fizesse, seria o líder com apenas cinco voltas a menos no pneu em um dia de pouca degradação. O monegasco seguiu na pista.

Quem também parou, colocando um jogo novo de duros, foi Verstappen, estava bem mais forte do que com o médio. Na relargada, na volta 29, ele era o quinto. Passou Gasly e Piastri enquanto, lá na frente, Perez ultrapassava Leclerc pela liderança.

O monegasco recuperaria a posição, mas a este ponto Verstappen já estava na cola dos dois. Passou primeiro Perez, depois Leclerc, e reassumiu a liderança na volta 36.

Alpine pegando fogo

Um pouco mais atrás, Esteban Ocon recebeu a ordem de não passar o companheiro Gasly, que tinha largado em quarto, quando estava no meio da manobra. Por via das dúvidas, passou, e esperou por uma segunda ordem, que não veio. O ritmo dele era muito melhor que o do companheiro, que forçou demais o ritmo no começo do stint de pneus duros e foi perdendo posições.

Lance Stroll conseguiu se segurar logo atrás de Ocon, e Russell vinha se recuperando, mas sabendo que teria de pagar a punição no final da prova. E Alonso e Sainz até fizeram a melhor tática de fazer quase toda a corrida com os duros, mas não capitalizaram na mesma medida de Stroll e Perez.

Disputas até o final

E Lewis Hamilton? Ele caiu para 15º após o toque da largada, foi subindo e era quinto quando fez sua parada na volta 17. Estava em nono quando se tocou com Oscar Piastri, o que acabou com o sábado à noite de ambos. Piastri teve danos mais óbvios e logo foi para os boxes, enquanto Hamilton demorou para sentir que tinha um pneu furado, e deu uma volta inteira se arrastando.

Neste ponto, McLaren e Mercedes escolheram táticas diferentes: a primeira colocou Piastri, que tinha largado com duros, em outro jogo de pneus brancos, enquanto a segunda colocou médios em Hamilton. Isso significou que, quando o SC causado por Russell foi acionado, o inglês parou novamente, colocou os duros, caiu para 17º, escalou o pelotão mais uma vez e terminou em oitavo. Enquanto Piastri ficou esperando um SC mais para o final da prova para usar seu segundo composto obrigatório. Ele não veio, e ele teve de parar com seis voltas para o final, terminando em décimo.

Ataque final de Leclerc

Mas a briga lá na frente não tinha terminado. Verstappen até abriu 4s5 e estava, enfim, tranquilo, mas Leclerc era muito pressionado por Perez, que o passou com oito voltas para o final. O monegasco não perdeu contato com o mexicano, economizou sua bateria na penúltima volta para atacar de maneira decidida no giro final, surpreendendo até o chefe Fred Vasseur, que disse só não ter ficado mais surpreso do que o próprio Perez. Mesmo assim, o piloto da Red Bull selou o vice-campeonato, na primeira dobradinha da equipe em um campeonato.

Verstappen venceu a corrida que criticou tanto, com Leclerc em segundo, Perez em terceiro, e o top 10 completado por Ocon, Stroll, Sainz, Hamilton, Russell, Alonso e Piastri.

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