Geralmente, as quintas-feiras pós GP são reservadas aos comparativos entre companheiros de equipe, mas uma das várias histórias paralelas do GP da Malásia foi rica demais para ser deixada de lado.
Felipe Massa e Nick Heidfeld largavam em 7º e 6º lugares, respectivamente. Apostando pelo lado de fora na primeira curva, o alemão se deu bem e pulou para o 2º lugar, enquanto o brasileiro, mesmo que também tenha escolhido bem sua linha, terminou a primeira volta em 6º.
Crucialmente, Massa estava à frente de Alonso, e não parecia estar freando o ritmo do espanhol, ainda que a diferença nunca tenha passado de 2s. Na volta 11, estava a 11s5 do líder. Teve o benefício de parar uma volta antes que o companheiro e voltou atrás, em princípio devido a um erro da Ferrari.
Mas uma observação mais clara dos números mostra que ao menos a posição com Alonso já estava perdida. O espanhol reduziu para 5 décimos a diferença um giro antes de Massa parar e sua volta anterior à entrada dos boxes foi mais de 2s mais rápida (1min48s800 x 1min50s942).
Porém, o erro da Ferrari fez com que o prejuízo de Massa fosse maior. Voltou em 13º, ainda que seu ritmo não denuncie problemas com o tráfego. Vários carros que estavam a sua frente foram parando e ele chegou à nova posição na volta 18: 7º, 17s8 atrás do líder. Havia perdido para Alonso – o que, como visto, aconteceria de qualquer maneira – e Webber, mas ganhado de Petrov, que teve voltas de entrada e saída dos pits muito ruins e um pitstop nada brilhante.
Naquele momento, seu ritmo era melhor que o de Webber, Button e Heidfeld.
O alemão, aliás, também tinha despencado após aquela primeira parada. De 2º para 5º, resultado de voltas de entrada e saída do pit ruins e de um pitstop quase 1s5 pior que o de Hamilton, com quem lutava por posição. Com o pelotão muito junto, perdeu para o inglês, Alonso e Button.
Com a parada de Webber, Heidfeld e Massa se encontraram na pista na volta 23, em 5º e 6º, com pouco mais de 1s de diferença. Ali, perto do final do segundo stint, Alonso mostrou seu ritmo e só foi mais lento que Massa em 1 das 12 voltas – a diferença entre os pilotos da Ferrari estava em 12s até a 2º parada do espanhol.
Durante o 3º stint, após a 2ª parada, Massa e Heidfeld continuaram a andar juntos, no mesmo ritmo. O brasileiro fez a 3ª visita aos pits na volta 38, uma antes do alemão, e ambos colocaram pneus duros para aguentar as 18/17 voltas restantes. Naquele momento, estavam a cerca de 25s dos líderes.
A partir dali, suas corridas tomariam rumos diferentes. Dez voltas depois da parada, os tempos de Massa começaram a subir vertiginosamente – girava 1s5 mais lento que Alonso –, o brasileiro passou a perder contato com o Renault e ainda foi presa fácil para Mark Webber, que tinha pneus 5 voltas mais novos.
O mesmo não pode ser dito de Heidfeld que, embora tivesse feito o pitstop apenas uma volta depois de Massa, mantinha um bom ritmo, a ponto de segurar Webber até o final da prova e garantir o pódio, lucrando com a briga de Hamilton e Alonso.
5 Comments
Julianne,
fiquei curioso com esta queda de rendimento do Massa no stint final. Qual seria a causa? O antigo problema de aquecimento de pneus duro da Ferrari? O maior consumo de pneus (em geral) do carro? Ou o modo de guiar do Massa? Ou ainda tudo isso junto hehehehe
Até.
Em corrida de carro, geralmente é um pouco de tudo!
Talvez nem a Ferrari saiba, uma vez que é algo que vem desde o início do ano passado. O fato é que a queda dele com pneus duros na Malásia foi bem menos acentuada que na Austrália. Agora na China poderemos ter uma ideia melhor o quanto a temperatura influi nisso e o quanto foi o acerto, que ele disse que mudou.
Julianne,
Pela análise fria dos tempos de volta de Massa x Alonso, seja com pneus moles ou duros, apresenta-se sempre uma vantagem favorável a Alonso. Se considerarmos que os dois carros são iguais e o próprio Massa confessou que utilizou na última corrida a regulagem do companheiro, só confirma a superioridade técnica do espanhol.
Isso coloca por terra, as teorias conspiratórias de que o brasileiro é sempre prejudicado pela equipe.
A combatividade do Massa melhorou em relação ao ano passado, mas ele tem que melhorar se não quiser ser preterido em breve, pois a vantagem da RBR está se ampliando, especialmente de Vettel.
É isso que os números sugerem. Mesmo naquele primeiro stint, em que Massa estava na frente, após a análise das voltas dá para perceber que ele estava cuidando dos pneus para ganhar a posição fazendo uma volta a mais. Tinha tudo sob controle.
Não é que Massa leva 0s5 por volta em corrida, longe disso, mas o Alonso contorna os problemas e consegue tirar mais de um carro deficitário. Dê uma olhada nesses números de 2010: o desempenho do Felipe em corrida melhorou junto com o carro (mesmo depois da Alemanha).
http://fasterf1.wordpress.com/2011/01/06/as-incognitas-de-2010-a-hora-da-verdade-para-massa/
A boa corrida de Heidfeld me pareceu um pouco com os tempos de Prost, onde uma corrida cautelosa no começo, findava com arrojo, como em sua defesa de Webber e no passão em Hamilton. A Renault parece uma realidade. Voltando a uma dúvida que vc colocou sobre o possível rendimento de Kubica com esse carro, realmente faz sentido, afinal o polonês mt rápido aos sábados, poderia cair no mesmo erro de Hamilton, detonando os pneus para a corrida. Talvez o pragmatismo do alemão, assim como Button, possa funcionar bem, até as equipes adiquirirem o equilíbrio (ou se) próximo dos touros, permitindo-lhes ser agressivos sem tanta perda de rendimento. Caindo em sua teoria dos carros bem nascidos, Massa poderia sonhar, se o carro vermelho possuísse a capacidade de brigar pela pole. O brasileiro até hj, não demonstrou apitidão para brilhar se não largar na primeira fila.