As equipes começaram o GP da Turquia com a ideia de fazer 3 paradas – algumas arriscariam duas. No entanto, o aumento da temperatura (30ºC na pista no domingo) e o desgaste dos pneus traseiros fizeram com que muitos revissem seus planos.
Olhando os tempos de volta, não há uma queda significativa, portanto a teoria da Pirelli de que a sucessão de pitstops foi consequência mais da estratégia do que da degradação faz algum sentido. A parada de Webber, na volta 9, teria sido o gatilho para que Massa e Hamilton trocassem seus pneus no mesmo giro e alterassem suas estratégias, uma vez que as corridas iniciais provaram que é melhor copiar do que inventar.
Na volta seguinte, entrariam Alonso e Rosberg. Mas Button e Vettel seguiram na pista. Ao que tudo indica, a Red Bull decidiu apenas após a terceira parada que seu piloto número 1 também partiria para o plano B, provavelmente uma lição aprendida com o sofrimento das voltas finais da China. Até aquele momento, Vettel seguiu caminho semelhante ao de Button, alongando principalmente o terceiro stint.
Falando no inglês, sua decisão de se manter no plano A só não deu certo por 5 voltas. Foi quando começou a perder 2s por volta para os rivais. Pelo que sugerem seus tempos antes de parar, seria possível alongar o 2º e 3º stints em duas voltas cada e parar pela última vez com 15 para o final.
Uma estratégia de 3 paradas que certamente daria certo era com Kobayashi. O japonês ficou de fora da classificação e tinha todos os jogos novinhos em folha. Foi 10º, mas poderia ter sido melhor, tendo em vista o que Buemi conseguiu, mas voltaremos à Toro Rosso em instantes.
Mesmo com Perez, a tática da Sauber na classificação parece ter sido guardar pneus para a corrida, algo que o mexicano colocou a perder com o toque logo na primeira volta.
Na Toro Rosso, Alguersuari saiu do carro sem saber porque a estratégia de três paradas funcionara com seu companheiro e não com ele. Afinal, seu ritmo tinha caído tão fortemente no quarto stint – chegou a rodar 4s mais lento – que ele voltou aos boxes com 3 voltas para o fim. A resposta parece estar no tipo de pneu escolhido para fazer as últimas 19 voltas: macio usado, ao passo que Buemi calçava duros novos.
Os compostos duros, aliás, foram mais utilizados pelas equipes na Turquia, principalmente Mercedes e Renault, que têm se mostrado mais famintas por borracha – o que explica o bom rendimento em classificação e uma queda na corrida. Ao usarem os duros no meio da corrida, ao invés do final, a ideia era ter uma vantagem de performance nos últimos stints, uma vez que a China ensinou que os Pirelli não emborracham a pista como os Bridgestone – o que tornaria os duros mais duráveis e vantajosos no final da prova. Funcionou para Rosberg e Heidfeld, que ganharam posições nas últimas voltas.
Resumo dos Pitstops
Stint 1 | Stint 2 | Stint 3 | Stint 4 | Stint 5 | |
Vettel | Mu | Mu (11) | Mn (25) | Dn (40) | Dn (47) |
Webber | Mu | Mu (9) | Mn (20) | Dn (35) | Dn (45) |
Alonso | Mu | Mu (10) | Mu (23) | Dn (36) | Du (46) |
Hamilton | Mu | Mu (9) | Mu (20) | Dn (34) | Dn (46) |
Rosberg | Mu | Dn (10) | Dn (22) | Mu (33) | Mn (44) |
Button | Mu | Mu (13) | Mu (26) | Dn (39) | |
Heidfeld | Mu | Dn (10) | Dn (22) | Du (36) | Mu (46) |
Petrov | Mu | Dn (8) | Du (19) | Du (34) | Mu (45) |
Buemi | Mu | Mu (9) | Mu (23) | Dn (40) | |
Kobayashi | Dn | Mn (13) | Mn (23) | Mn (38) | |
Massa | Mu | Mu (9) | Mu (23) | Dn (34) | Dn (46) |
Schumacher | Mu | Mu (2) | Mn (14) | Dn (30) | Mu (45) |
Sutil | Mu | Mn (10) | Dn (25) | Mu (40) | |
Perez | Mu | Dn (1) | Mn (16) | Mu (32) | Dn (42) |
Barrichello | Mu | Mn (10) | Mu (24) | Dn (40) | |
Alguersuari | Dn | Mn (13) | Mu (29) | Mu (39) | Dn (55) |
Maldonado | Mu | Mu (11) | Mu (25) | Dn (41) | |
Trulli | Mn | Mn (13) | Mu (25) | Dn (39) | |
Kovalainen | Mn | Mu (15) | Dn (31) | Dn (53) | |
D’Ambrosio | Mn | Mu (16) | Dn (33) | ||
Karthikeyan | Mn | Mu (14) | Dn (27) | Mu (45) | |
Liuzzi | Mn | Mu (15) | Dn (16) | Mu (35) | Dn (37) |
Di Resta | Mu | Mn (11) | Dn (24) | Mu (32) | Dn (44) |
M = Macio
D = Duro
u = usado
n = novo
entre parênteses, as voltas das paradas
2 Comments
Julianne,
Os pneus Pirelli estão obrigando os pilotos a agirem contra os seus instintos naturais, de pilotos predadores.
Na classificação, o objetivo principal era a pole, agora se conseguir está no lucro. No fim o que vale mesmo é economizar pneus para a corrida.
Já em corrida, a disputa por posições aumenta drasticamente o consumo encurtando os stints e prejudicando o resultado final da prova.
Para quem ataca, tem que ser decidido, não pode perder tempo. Para quem se defende com pneus usados, a melhor opção é deixar passar e tentar recuperar-se no último stint, não adianta dividir freada de curva, é inútil.
A busca pela perfeição é ainda mais obrigatória.
Tem que ser rápido mas poupando pneu. Tem que ser decidido na ultrapassagem. Tem que saber lidar com pneu macio ou duro. Tem que saber ler a corrida. Não pode ficar encostando o bico no carro dos outros. Não pode esquecer de pisar no freio durante o pit stop. Não pode ficar saindo da pista e nem pisar na farofa. A margem para erro é ainda menor, é o fio da navalha.
Ao menos no fim do ano, tiraremos um monte de dúvidas.
Quem será o campeão do ano. E também quem realmente é o 1º ou 2º piloto por equipe, sem conspirações, mas com resultados em pista. Por que os melhores sempre se impõem.
Como vc disse em post passado, talvez o aumento em 3,4 voltas no pneu duro, previsto pela Pirelli, apartir do GP da Espanha, possa abrir o leque de estratégias. Sobre Vettel, um fato é interessante, pois largando na pole, não precisando brigar por posição, além do carro mt equilibrado, da boa fase, e da pouca necessidade de se usar o KERS, afinal vai de cara para o vento, dá ao alemão da RBR, a possibilidade de estender-se sempre em uma,duas voltas, sem milagre – pois não possui mais os Bridgestone – mas por simplesmente forçar menos. Impressiona quando vemos as on board das RBR! As tocadas são perfeitas, os carros parecem literalmente em trilhos!