A possibilidade clara de Sebastian Vettel bater o recorde oito poles consecutivas de Ayrton Senna já é impressionante por si só, mas o que dizer do fato da Red Bull ter largado na frente em 19 – 14 delas com o alemão – das últimas 23 corridas?
O sistema de classificação sofreu algumas transformações nos últimos 15 anos e os resultados acabaram mascarados por fatores como a quantidade de combustível. A volta dos sábados com combustível mínimo coincidiu com o domínio da Red Bull e a ascensão do jovem alemão, que tem um cuidado quase obsessivo com os recordes.
A marca de Senna, que dura 22 anos, começou no GP da Espanha de 1988 e terminou nos Estados Unidos, no ano seguinte, guiando os igualmente imbatíveis MP4/4 e MP4/5. O próprio brasileiro (entre 1990 e 1991, sua sequência mais impressionante), Prost (1993, de Williams) e Schumacher (2000 a 2001) dividem o segundo lugar na estatística, com 7 poles seguidas.
Vettel tem cinco – igualando Fernando Alonso em 2006 – e talvez só a imprevisibilidade de Mônaco coloque em dúvida a queda da marca, tendo em vista que seu companheiro, o único em um carro tão bom quanto o dele, tem ficado em média quase 0s5 atrás.
Curiosamente, entre as nove oportunidades em que pilotos fizeram mais poles em sucessão que Vettel, por três vezes o projetista era Adrian Newey (as Williams de 93 de Prost e de 92 de Mansell e a McLaren de 1999 de Hakkinen) e por quatro vezes o piloto era Ayrton Senna. É estranho que Schumacher, o homem que mais vezes largou em 1º na história (68), apareça na lista uma única vez.
A vitória no GP da Turquia também coloca Vettel entre os 20 maiores vencedores da história. O alemão está a um triunfo de chegar nos 14 primeiros lugares de Lewis Hamilton, piloto que tem um carro vencedor – ainda que nunca com tamanha supremacia – por dois anos a mais que ele.
Nada disso é novidade. Desde Monza 2010, o alemão nunca largou ou chegou abaixo do segundo lugar – a não ser quando seu motor quebrou enquanto liderava na Coreia. E lá se vão 9 provas.
Para ajudar na supremacia de Vettel na pontuação, nenhum piloto repetiu um segundo ou um terceiro lugar até agora. O único que esteve em ambas posições foi Mark Webber. Somado a isso, a marca de 93 pontos que o piloto da Red Bull tem em quatro corridas só foi alcançada após 7 etapas no ano passado.
Voltas na liderança
Sebastian Vettel | 184 |
Nico Rosberg | 14 |
Jenson Buttom | 14 |
Lewis Hamilton | 9 |
Fernando Alonso | 4 |
Felipe Massa | 3 |
Como era de se esperar, o GP da Turquia marcou o novo recorde de número de pitstops, 81, mais até do que o GP da Europa de 1993, quando o chove e para fez com que algus pilotos fizessem mais de seis paradas – Alain Prost que o diga. O fenômeno é explicado pelo fato de que os abandonos têm sido raros neste ano: em Istambul, apenas dois dos 24 pilotos não completaram a prova.
Enquanto a Williams continua sua má fase e chega à quarta corrida sem pontuar, algo inédito nos inícios de temporada da equipe, Fernando Alonso cumpre sua 10ª prova consecutiva nos pontos. Desde que chegou na Ferrari (23 GPs), o espanhol fez 11 pódios, ganhou cinco vezes e só deixou de marcar pontos em três oportunidades (Malásia, quando teve o motor quebrado, Inglaterra, ao ser 14º após um drive through e Bélgica, depois de acidente).
Mas a preocupação do espanhol com as classificações da Ferrari faz sentido. Há mais de um ano – desde China 2010, com Button saindo em 5º – um piloto não ganha uma corrida largando abaixo de 3º.
Jenson Button entrou na galeria de apenas 8 pilotos que cumpriram mais de 10.000 voltas na F1. Ainda assim, aos 31 anos, o inglês não chega a 2/3 da quilometragem de Rubens Barrichello. São vários os fatores que contribuem para que tenhamos tantos pilotos recentes nesta lista: mais corridas por ano, carros mais resistentes e maior segurança são alguns deles.
Pilotos com maior nº de voltas na F1
Rubens Barrichello | 15784 |
Michael Schumacher | 15121 |
David Coulthard | 12394 |
Jarno Trulli | 11652 |
Giancarlo Fisichella | 11509 |
Riccardo Patrese | 11346 |
Alain Prost | 10540 |
Jenson Button | 10036 |
6 Comments
Se voltarmos na pré-temporada, lembraremos das palavras de Alonso dizendo, que mesmo com muitas mudanças, o melhor carro estaria na frente. Mesmo com pneus menos duráveis, Newey manteve no RB7, algo mt peculiar ao RB6, um carro mt rápido em volta lançada, que perde pouco em rítimo de corrida. Imagina a diferença alcançada por esse projeto, com pneus menos duráveis, sem difusor duplo, além do KERS para castigar os pneus nas saídas de curva. Os RBR ficam grudados no solo, facilitando o trabalho dos pilotos. Estamos em um momento onde velocidade de carro e piloto se confundem. Fica a grande dúvida: Vettel seria tão rápido assim largando mais atrás?
Depende do quanto mais atrás ele largaria. Imagino que teria o mesmo problema dos demais, mas como ele também não é de negociar ultrapassagens, teria mais facilidade pra chegar nos ponteiros. Aí, dependendo da vantagem que ele estivesse no campeonato, bastaria fazer igual ao Button em 2009, ou seja, administrar os resultados.
Mas aí é que tá Guilherme, não precisaria ser tão atrás assim. Imaginemos um 3º ou 4º. Aconteceria que não possuindo um KERS tão bom, ficaria mais difícil pular na frente, além de estar colado no câmbio de outro, e já vimos como as RBR são feitas para andar de cara para o vento, basta lembrar de Spa 2010, e o aerofóflio oscilando. Ficaria difícil para Vettel economizar tanto os pneus, além das distâncias que imprime nas 5,6 primeiras voltas. Nesse caso, o alemão estaria no bolo, não disparado. Cabe aos outros, tentar desafiar os touros na qualificação. Não seria uma questão do quanto o piloto pode render, mas do quanto o carro poderia atrapalhar.
Na China o Webber largou bem lá atrás e subiu ao pódio. Vettel perdeu a liderança para as duas McLarens e a equipe optou por uma estratégia de 1 parada apenas com o alemão. Ainda assim ele chegou em 2º. Dá pra acreditar que ele ganharia na China caso tivesse feito outra parada. Muita coisa ainda pode rolar, mas o que tem que acontecer pra ele não vencer o campeonato com boa antecedência é não completar algumas corridas na fase europeia. Torço para o campeonato não terminar no Japão, mas pelo andar da carruagem, ou melhor, da RBR, sei não!
Levando-se em conta que Sebastian ainda tem pela frente muitos anos de fórmula 1, acho que não faltarão oportunidades para vermos ele sendo colocado a prova disputando lugares saindo das últimas posições, fazendo corrida de recuperação, usando Kers, DRS e etc… Enfim, acho que esse momento chegará, e aí sim, poderemos analisar o desempenho dele ao desafio. O que sabemos até o momento é que o retrospecto dele em ultrapassagens é muito oscilante… sabemos que houve alguns momentos de precipitação e péssimos resultados e outros de bom desempenho.
Mas, o que tem me deixado feliz é poder presenciar o amadurecimento e crescimento esportivo de Vettel. Isso é notório. Se fizermos uma rápida recapitulação vemos que o alemão não tem cometido os erros de outrora. No mais, também desejo um campeonato equilibrado e com boas disputas em pista, mas espero que isso ocorra devido a evolução das demais equipes e não as custas de infortúnios e quebras de Sebastian, até porque ao meu ver, o jovem piloto da RBR não merece isso.
Sem dúvida Deusy, sobre Vettel, é indiscutível o amadurecimento e talento do garoto, mas quando falo de largar fora da primeira fila, não questiono o piloto, que é tão ou mais arrojado que Hamilton e Alonso por exemplo, mas será que tendo que botar de lado, dividir curva, a RBR renderá tanto assim? Aí é que fica a dúvida, afinal vemos até agora, que em disputa, os Pirelli acabam abruptamente. Guilherme, quando vc citou Webber, basta nos lembrarmos, que além do grande carro, a quantidade de pneus macios novos do aussie, era fabulosa, além do circuito ser mt favorável a ultrapassagens, além da pista mt larga. Sobre Vettel na China, foi como vc falou, ganharia se não errassem na estratégia, mas não serve como parâmetro, pois largou da pole, e mesmo sem KERS, pôde abrir vantagem e gastar menos os pneus.