F1 A estreia de Ricciardo na Hispania dá várias dicas - Julianne Cerasoli Skip to content

A estreia de Ricciardo na Hispania dá várias dicas

Ricciardo vai ter de entrar retrancado na Hispania

A princípio, é de se estranhar que o novo garoto prodígio da Red Bull, Daniel Ricciardo, faça sua estréia na F-1 neste final de semana pela Hispania. Afinal, o australiano teria tudo para ser queimado logo de cara, entrando no meio da temporada no pior carro do grid – ainda por cima, o anúncio da equipe na sexta-feira não deixou claro se o piloto estará em todas as etapas ou dividirá o carro com seus companheiros, o que seria ainda pior para sua adaptação.

Porém, a manobra da Red Bull para colocar Ricciardo na Red Bull revela muitas coisas. Parece haver uma certa urgência para definir quem será o companheiro de Sebastian Vettel quando Mark Webber se aposentar. Parece, também, que não há certeza de que Sebastien Buemi ou Jaime Alguersuari estejam prontos para ocupar este papel.

Neste caso, o andamento normal seria sacar um dos pilotos da Toro Rosso e promover a estreia do jovem de 22 anos. A julgar pelo desempenho de ambos nas seis primeiras etapas, a opção era clara por Alguersuari, superado constantemente pelo companheiro em classificações – reconhecidamente, seu ponto fraco – e também nas corridas – o espanhol não se acertava com os pneus Pirelli.

No entanto, Alguersuari virou o jogo nas últimas duas etapas, alcançando por duas vezes sua melhor posição de chegada na carreira e chegando aos mesmos 8 pontos de Buemi. Talvez até por contrato, não poderia ser sacado agora.

A urgência de testar Ricciardo e o bom trabalho agora dos dois pilotos da Toro Rosso explicam a ida do australiano – que vem, aliás, de um mercado estratégico para a Red Bull, muito mais influente que o suíço, de Buemi, ou mesmo o espanhol, de Alguersuari – para a fraca Hispania. Classificar-se à frente ou ao menos perto de Liuzzi e se manter longe de problemas nas corridas – como, aliás, D’Ambrosio tem feito na Virgin de maneira até surpreendente – já será uma vitória.

Outro fato curioso a ser observado é que Ricciardo vem da World Series, e não da GP2, que se tornou nos últimos seis anos referência para a consolidação de jovens talentos e candidatos à F-1. E parte desta urgência provavelmente vem do fato do piloto não estar dominando a temporada como se esperava. Em seu segundo ano na categoria – foi vice na estreia – ocupa a sexta colocação no campeonato

A Red Bull vem, aliás, pulando a GP2 como categoria de acesso já há algum tempo. O próprio Vettel veio direto da World Series e da F-3 Europeia, enquanto Alguersuari foi promovido após ser campeão da F-3 Inglesa.

De acordo com Felipe Nasr, em entrevista recente ao TotalRace, a categoria está se tornando mais interessante que a GP2 por oferecer praticamente o mesmo nível de experiência e ser muito mais barata:

“Ano que vem, eles terão o motor V8 no carro, de 550 cavalos. Vão aumentar a quantidade de pressão aerodinâmica e adotar o sistema da asa traseira móvel. Sem contar os custos. Na GP2, estamos falando de dois milhões, dois milhões e meio de euros [equivalente a R$ 4,5 mi a 5,6 mi] se você quer andar em uma equipe de ponta. É muita grana para uma categoria em que você já está chegando à F-1. Na World Series, o valor gira em torno de 800, 900 mil euros [R$ 1,8 milhão a 2 milhões]. A diferença é muito grande. Claro que não é o mesmo carro, mas o importante é ter a experiência de correr onde a F-1 está”.

Até hoje, a Vettel falta um pouco de race craft, ou seja, as noções de correr no meio do pelotão, e a Alguersuari, tirar tudo do carro em uma volta. Difícil saber se é essa queima de etapas que fez a diferença – ainda que a “deficiência” do alemão esteja sendo facilmente mascarada pelas poles que consegue somar. De qualquer maneira, teremos em Ricciardo outro exemplo a observar a partir de Silverstone.

2 Comments

  1. O nível da GP2 atual é muito fraco. Os pilotos que estão lá fazem cada bobagem, demonstrando que a maior parte deles, mesmo os mais rodados, como o Grosjean, não estão nem um pouco preparados para a F1.

    O Ricciardo, creio eu, deve estar priorizando mesmo os treinos que faz nas sextas pela Toro Rosso. É uma boa chance de dar quilometragem ao garoto, mas não sei até que pontoé bom colocá-lo na cadeira elétrica espanhola.

  2. Ricciardo é fruto das etapas queimadas pelo imediatismo da F1. Por mais que se tenha simuladores, algo é inegavel, afinal virtualmente, sabe-se que uma saída de pista, não será tão ruim, ao passo que em pista, o limite e coragem são testados todo tempo. Não sei se é saudosismo, mas a falta de testes e as “variadas escolinhas anteriores”, além e claro da supremacia tecnológica da f1, dificultam a vida dos garotos.


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