Ok, não há cena mais repetida em 2011 que o dedo indicador de Vettel em riste. Mas o pódio com o alemão, Jenson Button e Fernando Alonso está longe de ser raridade. Mesmo em ordens diferentes, eis uma combinação que vimos em cinco vezes após 17 provas. E nada disso é coincidência. Em um ano no qual Hamilton e Massa parecem atraídos pelo ímã dos problemas e Mark Webber não se encontra, nem em classificação, nem em ritmo de corrida, é a inteligência daqueles que ocupam as três primeiras posições no campeonato que faz a diferença.
O GP da Índia pode ter sido uma novidade no campeonato, mas a corrida serviu apenas para ratificar como o ano de 2011 se desenhou até aqui. Em outra prova na qual as estratégias da frente não variaram, o que definiu o resultado foi a maneira como os pilotos administraram o ritmo. E, se olharmos os outros GPs em que os três primeiros foram os mesmos – Mônaco, Hungria, Itália e Japão – encontramos o mesmo padrão.
Carro por carro, era para Webber estar na briga, mas o australiano tem nove pódios – Button tem 10 e Alonso também nove – contra 16 de Vettel. Falaremos com mais detalhes das estratégias da Red Bull em posts seguintes, mas ele basicamente não consegue usar a vantagem na classificação para facilitar sua vida aos domingos. Mal adaptado aos Pirelli, gasta demais dos pneus e vira vítima de sua própria estratégia, pois os rivais sempre são mais rápidos ao final de cada stint.
Hamilton também tem carro para estar à frente de Alonso e braço para ser mais rápido que Button, mas desde Mônaco – com lampejos em julho – vem em uma descendente que nem ele consegue explicar. Nas corridas, se coloca em situações difíceis e parece pensar as corridas de maneira micro – volta a volta, ultrapassagem a ultrapassagem. Assim, castiga os pneus com começos de stints fortes demais e é pego tendo de arriscar.
Cenário parecido vive Massa, dono de 30% dos pontos da Ferrari no ano, o pior desempenho frente ao companheiro nas três equipes grandes (Webber tem 37% dos pontos da Red Bull, e Hamilton tem 45% da McLaren). O ritmo tem melhorado claramente, e a sorte não tem ajudado – o brasileiro, computando apenas as últimas provas, foi atrapalhado pelo trânsito no box na Coreia, acertado por Webber em Monza e por Hamilton em Cingapura e ainda teve um pneu furado na Bélgica – mas é de se imaginar por que alguns conseguem se manter mais longe de problemas do que outros.
De uma forma paradoxal, a F-1 das Pirelli provoca o confronto direto devido aos comportamentos distintos de pneus entre os carros, mas acaba premiando quem compreende a hora de ceder uma posição, de adotar um ritmo mais comedido para aproveitar-se da estratégia, de usar, enfim, a cabeça. Fazendo isso, e, por conseguinte, maximizando os resultados de seus carros, Vettel, Button e Alonso ocupam as três primeiras posições no campeonato e fazem as melhores temporadas de suas carreiras.
9 Comments
Pois é, o Button num desses programas pré-corrida da BBC brincou, fingindo raiva: “he keeps doing that!”, fazendo o gesto de #1 do Vettel.
E é isso mesmo, 2011 é a temporada melhor desses três. Bem apontado.
Essa coisa de saber dosar o equipamento me lembra do Jackie Stewart falado do Fittipaldi: “se no final da corrida você vê pelo retrovisor aquele carro preto chegando, saiba que ele vai acabar te passando, porque o Emerson normalmente está com o carro mais inteiro do que o seu”. E o tanto que seria legal se tivéssemos hoje um pouco menos de influência da aerodinâmica, hein?
desafio para juliana:
quantas punicoes hamilton ja levou este ano?
e em toda sua carreira?
qual o piloto mais punido da historia da f1?
onde estaria lewis neste ranking?
Vamos lá. Parece que o pessoal das estatísticas não curte muito contar punições e infelizmente não tenho como recuperar os arquivos da FIA.
Sempre ouvi dizer que Schumacher era o piloto mais punido da história, mas não encontrei nenhum dado concreto a respeito. O fato é que Hamilton acaba de bater um recorde – que já era dele – de maior número de punições em uma temporada: foram seis (Malásia, duas em Mônaco, Hungria, Cingapura e Índia), ainda que há quem contabilize sete (contando o tempo deletado na classificação em Mônaco).
Ano passado, Hamilton levou apenas uma (acredito que os ferraristas/alonsistas de plantão vão lembrar bem qual foi).
O recorde anterior era de 2008, quando o inglês foi punido por cinco vezes. Portanto, Hamilton tem 12 punições em 3 anos. Se alguém encontrar os dados de 2007 e 2009 agradeço imensamente. De cabeça, lembro obviamente da desclassificação do GP da Austrália de 2009. Em 2007, ele foi chamado a se explicar sobre seu comportamento como líder do pelotão em condição de Safety Car no GP do Japão, que teria causado a colisão entre Vettel e Webber, mas não sofreu nenhuma sanção.
Se contarmos também as reprimendas, que entraram em vigor a partir de 2010, Hamilton teve três ano passado e duas nesse temporada.
valeu juliana.
7 punicoes numa temporada eh demais.
fora as ocasioes em que ele poderia ter sido punido, mas nao foi. como por exemplo, este ultimo incidente com massa, aquele com button e um outro com o koba, apenas para lembrar alguns de memoria rapidamente.
esse cara eh um trouble-maker!
faltando 2 corridas, ha chances dele chegar a 9 punicoes pelo menos.
vamos la lewis, voce consegue!
Que corridinha chata essa na Índia!!!!!
É díficil medir quem foi melhor: Button ou Alonso. Apresar que Button tendo vantagem (em pontos), sendo que teve dois abandonos (sem culpa), Alonso está guiando um carro inferior a MClaren e sempre chegando perto.
Esses pneus da Pirelli são temperamentais demais pro meu gosto,acaba matando por tabela o Hamilton com seu estilo “pegando o carro pelo pescoço” em seu dias bons e sem problemas,ah não ser que a pista esteja fria(ex:Gp da Alemanha em que ele ganhou) ou quando um dos pneus levados é o tipo duro(como aconteceu na Espanha em que na classificação ele tomou quase 1s, e na prova no ultimo stint com os pneus duros ele chegou colado no Vettel),claro tirando algumas excessões como na India que teve o pneus duro disponível e no Canada que choveu por tabela estava frio e ele errou e bateu no Button.
Ou seja, não adianta ter apenas o pé pesado no acelerador!
Esse post confirma, que apesar de toda eletrônica, o cérebro ainda conta!