Nem todo mundo no grid é Felipe Massa, dono de três poles e, não fosse a necessidade de fazer jogo de equipe para garantir os pontinhos que faltavam para Raikkonen selar o título de 2007, três vitórias seguidas em sua corrida caseira. Que o diga Mark Webber: após conseguir se salvar na pista em uma prova concluída por apenas oito pilotos para chegar em quinto com sua Minardi no ano de estreia, nunca obteve resultado expressivo em Melbourne.
Em 2010, fez uma corrida toda atrapalhada, de novato, que culminou com o engavetamento de trânsito para cima de Hamilton. Ano passado, envolto com problemas para se entender com os Pirelli, fez outra corrida sem sentido.
Mesmo em 2009, quando o furacão Brawn dominou a prova e a Red Bull pintava como segunda força, andou o tempo todo longe de Vettel. Sem carros competitivos nos seis anos anteriores, Webber teve de amargar nada menos que quatro abandonos em casa.
Mas o australiano não está sozinho em sua sina. O primeiro azarado em provas caseiras que vem à cabeça é Rubens Barrichello, com quem coisas inacreditáveis aconteceram em Interlagos. Em 19 provas, apenas um pódio, em 2004, em uma das três vezes em que foi pole. Entre 1995 e 2003, foram nove abandonos seguidos, com direito a histórias que fazem alguns crerem em maldição, como quando, em 2001, o motor de sua Ferrari falhou antes de chegar no grid, obrigando-o a usar o reserva para, logo nas primeiras voltas, ser atingido por Ralf Schumacher. Ou, pior, quando, dois anos depois, liderava e abandonou com uma improvável pane seca. Além de acidentes, tudo o que poderia acontecer com o carro de Barrichello, aconteceu em Interlagos.
Jenson Button é outro que nunca viveu a glória máxima em Silverstone. Ao contrário de Lewis Hamilton, que fez a pole logo de cara e venceu uma prova épica debaixo de muita água em 2008 – colocando uma volta no quarto colocado – Button nunca esteve perto de vencer.
Na verdade, sequer chegou ao pódio e tem como melhores resultados dois quartos lugares em 12 oportunidades. Uma em 2004, ano mais competitivo da BAR e outro em 2010, quando foi mal na classificação e largou apenas em 15º. Ano passado, tinha chances de chegar ao pódio quando os mecânicos da McLaren não prenderam corretamente sua roda e teve de abandonar.
Mas a derrota provavelmente mais dolorida deve ser a de 2009, quando Button chegou a Silverstone tendo vencido seis das sete primeiras provas. E logo o GP caseiro marcou o início da decadência da Brawn em relação à Red Bull, o que, somado à apatia do inglês naquele final de semana, o levou ao quinto lugar.
Outro que Webber insiste em colocar em sua lista dos azarados é Sebastian Vettel. O alemão teve três oportunidades reais para subir ao lugar mais alto do pódio, seja em Hockenheim (2010), ou em Nurburgring (2009 e 2011), mas seu melhor resultado é um segundo lugar. E teve de ver o companheiro australiano o superar em duas oportunidades, inclusive para vencer a primeira prova da carreira, em 2009. Em 2010, Vettel perdeu posição para as Ferrari após uma má largada e terminou em terceiro. Ano passado, fez sua pior corrida da incrível temporada que o levou ao bicampeonato. Enquanto Webber, Alonso e Hamilton lutavam pela vitória, foi coadjuvante e chegou em quarto.
Coincidência? Pressão? Falta de foco devido aos compromissos extra-pista? Ou pura falta de sorte? Para mudar de sorte 10 anos daquelas memoráveis cenas junto de Paul Stoddart invadindo o pódio com a bandeira australiana, Webber vai precisar se livrar dos demônios que acumulou nesse tempo todo.
1 Comment
Mesmo Ayrton Senna parecia ter um sapo enterrado em Interlagos e Jacarepaguá. Acidentes, bandeiras pretas, Nakajima… Mesmo 1991 foi na bacia das almas, pareceu contra tudo e contra todos…
Já tem caras que se esbaldam em casa, Prost vem à memória…