F1 Má execução nas provas rouba pontos da McLaren - Julianne Cerasoli Skip to content

Má execução nas provas rouba pontos da McLaren

Após fechar a primeira fila nas duas primeiras corridas do campeonato, e por margem considerável na Austrália e ainda respeitável na Malásia em relação aos principais rivais na corrida, a Red Bull (0s729 em Melbourne e 0s242 em um circuito no qual a aerodinâmica conta mais, Sepang), a McLaren não pode dizer que possui todos os pontos que o carro prometia serem possíveis.

Não por acaso, Lewis Hamilton saiu da Malásia reconhecendo que “deveria ter 50 pontos”, mas tem de se contentar com seus 30. Nada mal, é verdade, para o único piloto que subiu ao pódio nestas duas primeiras provas, mas a sensação de ter jogado pontos fora em um campeonato que se desenha apertado a julgar pelo rendimento irregular das equipes em condição de corrida, trata-se de um “desperdício” que o inglês quer resolver logo. E isso se estende ao outro lado da garagem também.

Mas por que a McLaren não estaria conseguindo reproduzir em corrida o ótimo ritmo de classificação? Ficou claro nas duas primeiras provas que a vantagem dos ingleses em classificação não se repete na mesma intensidade aos domingos. Foi assim na Austrália, a partir do momento em que Vettel se livrou das Mercedes e na Malásia, quando a pista secou: a Red Bull mostrou um ritmo ligeiramente superior.

Mas, se olharmos com cuidado ambas as provas, a equipe vem cometendo falhas que explicam os pontos jogados fora. São erros de execução durante o final de semana, estratégicos, os quais, somados a esse equilíbrio aos domingos, fazem com que se pague caro.

Na Austrália, a demora na primeira parada de Hamilton, algo feito para respeitar uma regra interna de que, em condições normais, o piloto que vai à frente tem prioridade nos boxes, acabou deixando o inglês na mira de Vettel. Isso foi especialmente ruim para Lewis porque seus pneus acabaram antes dos de seu companheiro e a volta a mais que deu o fez perder 7s, como vimos na análise estratégica da prova. É claro que o alemão só o superou devido ao Safety Car, mas isso seria evitado com uma tática menos míope no início, lembrando que a liderança de Button jamais esteve ameaçada.

Na Malásia, o inverso ocorreu: Hamilton estava na frente, mas foi Button quem teve prioridade nos boxes. E, quando os dois se encontraram após a segunda parada, era Jenson quem estava na frente. A explicação é que o próprio Lewis pediu para ficar mais na pista – aliás, tomar decisões acertadas em corridas complicadas nunca foi seu forte. Porém, a equipe demorou demais para chamá-lo para a última parada, cometendo o mesmo erro elementar da Sauber e deixando-o novamente na mira de Vettel – que estava se aproximando perigosamente, e com melhor ritmo, antes de bater em Karthikeyan. O indiano, aliás, acabou “salvando” a tarde de Hamilton duas vezes!

Além de um certo conservadorismo nas estratégias, a não ser quando Button tomou as rédeas nas duas primeiras paradas na Malásia – para depois se atrapalhar com o piloto da HRT e com as temperaturas de seus intermediários e acabar com sua corrida –, outro grande empecilho para o potencial da McLaren se transformar em pontos tem sido o trabalho de boxes. A equipe apareceu com o sexto melhor trabalho na Austrália e apenas o 16º na Malásia.

Em Sepang, ambos tiveram paradas desastrosas, principalmente Hamilton, que perdeu quase 28s em seu segundo pit (no qual houve um erro dele, que levou a outro da equipe, além do azar com o tráfego) e 26s3 no terceiro, após outra falha do time. A parada mais rápida do dia foi em 21s6.

O contraste não poderia ser maior com a Ferrari, cujas estratégias e trabalhos de box têm sido irretocáveis. Isso ajuda a explicar como um carro pior pode estar liderando um campeonato. É verdade que é mais fácil ajustar a execução nos finais de semana do que ganhar pontos de aerodinâmica, mas também é verdade que, em um campeonato apertado no qual se espera uma alternância entre as forças, o trabalho de pista vem contando pelo menos tanto quanto o de fábrica.

7 Comments

  1. Olá Julianne, tudo tranquilo?

    Concordo com você, plenamente, que a estratégia de pit stop da McLaren influenciou os resultados do Hamilton, assim como o resultado das outras equipes. Mas, nesta semana, li a coluna do Luciano Burti na revista QR, onde ele dizia que existe uma enorme diferença no acerto do carro para treino classificatório, e ajuste do carro para uma corrida. O que ele dizia, em suma, era que na qualificação as equipes ajustam o carro para o limite dele, com pouco combustível, pressão diferente nos pneus, e etc. Tais ajustes, segundo ele, ajudam a mascarar muitos defeitos do carro, que aparecem justamente na corrida, onde o monoposto está mais pesado, com calibragem diferente nos pneus, e sujeito ao desgaste de quase duas horas andando sem parar. Talvez isso também ajude a explicar a diferença de rendimento da McLaren e da Mercedez na qualificação e depois na corrida. Principalmente da Mercedez.
    Uma dúvida: A McLaren mudou a pessoa responsável pela estratégia de corrida do Hamilton? Nestas duas corridas, como você bem disse, eles pisaram no quiabo com o inglês…

    Abraço!!!

    • Olá, Thiago. O rendimento varia não só por uma questão de acerto, mas pela própria característica do carro. Hoje na F-1 não faria muito sentido priorizar demais o acerto de classificação, com todos os “apetrechos” para ultrapassagens e sob o risco de acabar com os pneus, mas o carro pode sim ter características que funcionem melhor com tanque vazio. Era a história da Red Bull ano passado, mas o Vettel conseguia fugir da DRS nas primeiras voltas e o resto (estratégia/pit stops) fluía bem.
      Sobre os estrategistas da McLaren, não tenho informações sobre quaisquer mudanças. O curioso é que a Ferrari copiou o sistema da McLaren, que usa o chamado Mission Control, um grupo de engenheiros que analisa os dados em tempo real em Woking, para decidir a estratégia.

  2. Ju, apesar de apenas duas corridas, a sensação que fiquei da Mclaren, é que ela possui muita velocidade em treino, desgastando os pneus mais rapidamente. A Mercedes me parece o carro mais rápido para uma volta, mas os pilotos não colaboram, mas mesmo assim acho que ainda farão pole esse ano. Ferrari, RBR, Sauber, Lotus e Willians, mais conservadoras no sábado, parecem cuidar melhor dos pneus no domingo.

    • Até a China, vou falar mais sobre algumas equipes que você citou e também sobre essa questão dos pneus, que não parece somente variar de carro para carro.

  3. Julianne,

    Me parece que a McLaren está procurando repetir a tática que a RBR fazia no ano passado; largar na pole, abrir vantagem e correr com ar limpo.

    O problema é que no ano passado o Webber tinha um ritmo muito inferior ao Vettel, largava atrás, corria no bolo, desgastava antes os pneus e trocava antes. Assim as janelas de trocas não coincidiam.

    Já o ritmo de Button e Hamilton é mais próximo, assim a janela ideal de troca acaba também coincidindo e alguém acaba sendo prejudicado na história.

    Mas isso é uma coisa a se observar com mais atenção nas próximas corridas.

    Abraço!

  4. Sou da opinião de que quem está na frente não deve tentar ser ousado e dar o “pulo do gato”. Em Sepang, a estratégia da McLaren condizia com a situação de pista e a expectativa de chuva. Tentar prolongar o máximo o stint de um conjunto de pneus intermediários para não ter que fazer uma parada a mais. Por isso, achei natural a demora do Hamilton entrar nos boxes para a troca de seus pneus, tanto na primeira como na segunda parada.

    Os erros de procedimento, todavia, é que devem ser evitados pra não perder segundos valiosos e correr o risco de pegar mais tráfego no retorno a pista, coisa que a Ferrari parece ter dado um jeito.

  5. coisas curiosas:

    1) mercedes adia lançamento do carro para esconder novidades, promete disputar títulos e, terminada a fase pré-europa, está atrás da horrível ferrari no mundial de pilotos e de construtores.

    2) imaginem o que estariam falando e escrevendo sobre a ferrari se ela tivesse começado o ano como a maior força e, depois de quatro corridas, não estivesse liderando nenhum campeonato.

    3) imaginem o que estariam falando e escrevendo sobre ferrari se ela estivesse errando estratégia e pit stops como está errando a mclaren.

    4) tenho lido torcedores do hamilton reclamando que a mclaren está dando preferência para o button.

    5) em 2007, as mesmas pessoas diziam que o hamilton tinha vencido o alonso puramente no braço e que a mclaren não dava preferência para piloto.


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