F1 Campeonato maluco começa a mostrar seus segredos: primeira fila e consistência no pódio - Julianne Cerasoli Skip to content

Campeonato maluco começa a mostrar seus segredos: primeira fila e consistência no pódio

Vencedor saiu de fotos como esta por quatro vezes em cinco GPs neste ano. Nos últimos 24, são 18

A principal marca de um campeonato que tem sete pilotos a menos de uma vitória de distância da liderança é a imprevisibilidade, isso é fato. Mas, depois de cinco corridas, é possível ver alguns padrões se estabelecendo.

O mais claro deles é a importância da primeira fila. Se ignorarmos a prova maluca da Malásia, que teve bandeira vermelha e basicamente três fases em termos de condições de pista – encharcada, úmida e seca – em todas as demais corridas o vencedor largou em primeiro ou segundo. Isso remonta ao ano passado e comprova a tese de que a maneira como a prova se desenha para cada piloto é determinante para seu desgaste de pneu e, por conseguinte, para seu resultado.

Isso joga por terra a impressão de que os Pirelli tiraram o valor da classificação. Desde que os pneus italianos voltaram à categoria, há 24 GPs, o pole venceu por 12 vezes. Se considerarmos o número de vencedores que largaram da primeira fila, a taxa sobe para 18 em 24, ou 75%.

Porém, este início também deixa claro que, se a equipe sabe que não tem carro para superar os rivais em uma volta lançada e lutar, de fato, pela pole, poupar pneus na classificação faz sentido. É claro que o tipo de composto – quanto menor a diferença entre os disponibilizados no final de semana, melhor – e de pista influem no tamanho do ganho que se consegue obter com essa estratégia. Mas os números mostram que largar no meio do pelotão do Q3 não é mau negócio.

Posição de largada dos 3 primeiros

Primeiro 1º (três vezes), 2º e 8º
Segundo 2º, 5º, 6º, 9º e 11º
Terceiro 1º (duas vezes), 3º e 7º (duas vezes)

Posição do vencedor após 1ª volta

três vezes
uma vez (Maldonado)
uma vez (Alonso)

As equipes cujo desempenho é mais constante também começam a se destacar, colocando seus carros frequentemente no Q3 e no pódio. Ainda que tenhamos tido cinco vencedores de times distintos, são sempre mais ou menos os mesmos que estão na luta pelas primeiras posições. A diferença em relação aos anos anteriores é que são três carros e sete pilotos, com a adição do até agora impecável Alonso, que estão mais constantemente na briga. Isso significa que se pode facilmente ir de 1º a 7º dependendo da interação entre a máquina e o circuito.

  Q3 Pódios
Red Bull 8 2
McLaren 9 5
Ferrari 4 2
Mercedes 9 1
Lotus 8 3
Force India 2
Sauber 6 1
Toro Rosso 2
Williams 2 1

Unindo todas essas informações, fica mais claro do que nunca que estar consistentemente nos pontos será a chave no campeonato de pilotos, enquanto o desenvolvimento contínuo é o segredo entre as equipes – mesmo que a alta competitividade torne difícil quantificar ganhos e perdas, o importante é afiar a correlação pista/túnel de vento e confiar nos dados da fábrica.

Não por acaso, Fernando Alonso e Lewis Hamilton, os únicos pilotos que pontuaram em todas as etapas até aqui, estão em segundo e terceiro na tabela, enquanto a combinação consistência – quatro provas nos pontos – e posições altas de chegada dão a liderança compartilhada a Sebastian Vettel. O trio, que vem despontando como o mais talentoso que a categoria vê há anos, promete uma briga das boas, da qual um impressionante Kimi Raikkonen não pode ser excluído.

Alonso tem como especialidade saber qual a hora de tentar a vitória e quando é melhor pensar nos pontos. Foi assim que conquistou dois títulos mesmo com sua Renault perdendo fôlego na metade final do campeonato e que quase foi tri em 2010 com o terceiro carro do grid. Vettel aprendeu sua lição justamente em 2010, título certo que quase escapou. Hamilton parece ter reencontrado a forma de 2007, quando demorou seis provas para vencer mas, quando o fez, já tinha somado pontos suficientes para ser alçado à ponta do campeonato, de onde só saiu quando se perdeu nos últimos dois GPs. E quem estava lá para aproveitar a chance? Justamente Raikkonen.

E ainda tem Button, impossível quando se entende com os pneus, além dos brilharecos de Webber e de Rosberg. Para finalizar com chave de ouro, o meio do pelotão está tão próximo que as jovens promessas também aparecem para roubar pontos dos grandes. Se, antes do início da temporada, todos já diziam que esse título valia mais pela presença de seis campeões, agora todo mundo vê sua chance de entrar na dança.

7 Comments

  1. As única equipe com perfil verdadeiramente consistente nessa temporada é a Caterham, obteve sólidos últimos lugares em praticamente todas as 5 corridas até aqui, sendo ameaçada apenas pela Marusia. Devemos compreender que o profissional que viva da cobertura desse “esporte” (Poker também é considerado esporte?) esteja preocupado com a situação…

    Se por um lado ele verifica o retorno da atenção popular para a sua especialidade – o que profissionalmente é bom – ele sabe perfeitamente que se essa tendência persistir, a sua função de comentarista vai para o saco, junto com a tola pretensão daqueles que gostam da F1 como plataforma de incríveis inovações que obrigam as demais equipes a copiarem ou, ainda, daqueles que fazem transferência emocionais, os torcedores de pilotos e equipes que querem ver uma supremacia a qualquer custo (ela que é a vitória, um GP na esquina não interessa, a coisa tem que ser acachapante para ter sabor, sempre foi assim…)

    Em virtude disso tudo Ju, lamento lhe informar que sua teoria é furada. Nada justifica a alternância de rendimento e estratégias que deram certo aqui, mas que não deram lá, como se os pássaros que aqui gorjeiam não “gorjeiassem” como lá… Outro dia a Pirelli distribuiu (chegaram a esse ponto!) um press release explicando como se dava a distribuição dos pneus quando as provas são na Europa. A fábrica, para uma evasão fiscal básica, fica na Turquia, de lá vão de caminhão (3 dias) até uma cidadezinha na Inglaterra e lá, na base do código de barra e fiscais da FIA atribuem o que vai ser de quem e aí fica até o final da prova, quando o pobre pneu é triturado é vira um monte de coisa, até fumaça poluente na queima dedicada para os geração de eletricidade das fábricas de cimento.

    Vivemos em um mundo de teorias conspiratórias e todos sabem que é complicado um “esporte” milionário que cheira a desperdício tendo que existir quando países como a França (que largamente vive de turismo também) não patrocinam um GP por dúvidas em relação ao retorno… Afinal esses europeus surfam essa crise ou não surfam? O floating da F1 go ahead in Singapura a qualquer momento o lançamento inicial ao público será de US$ 3bi. Se alguém acredita em consistência, em algo que depende de um velhinho esperto de 81 anos pode ir lá (eletronicamente claro) comprar esse stocks e ser dono de um pedacinho da Fórmula Um… O conselho que se dá no mercado acionário é que se venda ações da Pirelli (companhia de marketing suicida, em breve virará sinônimo de imprevisibilidade… pneus não podem ser imprevisíveis… e topou entrar nessa roubada…) e se compre ações da F1 (seja qual for o nome que o velhinho inventar para a companhia, acho que é a CVC… basta falar com o corretor chinapau que quer ações do velhinho que ele vai entender… 😉

    • Calma, poderia ser pior! Poderíamos gastar horas falando da “caixinha de surpresas” do futebol e buscando explicações para o grande Chelsea (re)construído com dinheiro russo de procedência transparente. 😉

  2. Ju, vendo seu post, imaginei algumas questões. Vc acha que o duto da Mercedes deve ser copiado, afinal nas últimas corridas, não vimos os prateados tão fortes na luta pela pole? Vc acha que a abordagem da Mclaren – apesar dos erros de pit stop- com um carro mt rápido no sábado, mas inconstante no domingo, é a melhor abordagem? Ou seria algo fora dos planos? Ps: não entendo por quê os pneus não podem influenciar na competição, afinal os motores não podem? A aerodinâmica não pode? Onde está a loteria nessa história? A competitividade entre as equipes é ruim? Por quê a síndrome do mata mata tem que existir? Por quê tem que haver polarização da disputa? Por quê apenas Mclaren e RBR? Acredito que o campeonato de 1988, foi bom apenas para a Mclaren! Penso que o campeonato de 1992 foi bom apenas para a Willians! Penso que o campeonato de 2011 foi bom apenas para a RBR! Se os pneus não podem influenciar na corrida, que se coloque “asas” nos carros! Como quantificar o quanto uma vitória é influência apenas dos pneus? Qual a porcentagem? Ora, uma largada bem feita, um bom acerto, uma decisão em pista, uma manobra arriscada, uma boa estratégia, um pouco de sorte, etc, não contam??? Só os pneus são culpados, para o bem e para o mal? Ora, menos radicalismo, mais racionalismo!

    • Sobre a McLaren, não acredito que seja sua intenção. Eles vêm errando em várias áreas, embora o projeto em si seja dos melhores. Na Espanha, por exemplo, a sétima marcha do Hamilton estava curta demais e ele ficou encaixotado atrás da Ferrari do Massa, muito mais lenta de reta. Isso é um exemplo de acerto pensando mais na classificação, mas, repito, não acredito que seja inteiramente o intuito deles. É necessário um equilíbrio.

      Estive pensando sobre o duto da Mercedes e gostaria de conversar com alguns colegas para trocar ideias. Já se sabia que a vantagem era pouca e o investimento (também de tempo, pois é preciso redesenhar tudo para encaixar um duto que percorre o carro inteiro), alto. Mas esperava ouvir mais notícias das grandes copiando o sistema. Com ou sem duto, o fato da performance da Mercedes ter tido seu ponto alto no frio da China mostra que os pneus são realmente mais importantes do que a engenhoca.

  3. Parabéns pelo post! Mas acredito que até o fim do ano, muita água ainda vai passar por baixo dessa ponte. E a análise só deve ficar realmente clara depois da fase europeia. Talvez já seja tarde demais para equipes como a Mercedes que parece que sofre mais com os pneus. Agora tenho uma dúvida! dá uma olhada nessa foto da batida do B.Senna com o Schummy. Os pneus traseiros da foto de bruno senna nao possuem a marca amarela na lateral! as marcas sumiram? se podem misturar compostos?

    http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2012/05/cidadao-normal-apos-volta-schumi-ve-gloria-lhe-virar-costas-na-f-1.html

    • Bastante curiosa a imagem, mas acredito que seja resultado do toque anterior com Grosjean, não?

      • Provavelmente! Vou procurar outras imagens por outros ângulos! Te digo depois!


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Adicione o texto do seu título aqui