Tração e velocidade de reta são as qualidades premiadas no GP do Canadá. O circuito Gilles Villeneuve tem uma configuração tão incomum que as asas usadas são próximas às de Monza. Ao mesmo tempo, pode-se dizer que Montreal é basicamente Mônaco + retas, ou seja, quem mostrou boa saída de curva em Monte Carlo e apresenta pouca resistência ao ar deve se dar bem neste final de semana.
Mas o maior desafio não está no acerto do carro. Em uma das pistas que mais melhora em termos de emborrachamento durante o final de semana, os estrategistas têm o desafio de prever a durabilidade dos pneus na corrida com base em dados bastante diferentes dos recolhidos nos treinos. Também têm de pensar numa tática flexível em função dos Safety Cars, muito comuns no Canadá – estiveram presentes em sete das últimas 10 provas – pela proximidade dos muros e a necessidade dos pilotos atacarem as zebras para baixarem o tempo. O pitlane é um dos menores da temporada, e a perda total não passa dos 19s. Ainda por cima, a expectativa é que os pneus supermacios durem bem menos (pela maior velocidade e abrasão) do que em Mônaco.
Isso quer dizer que a expectativa é de mais paradas e, principalmente, mais alternativas, pois os treinos livres não deixarão claro qual o melhor caminho. Tendo isso em vista, a Pirelli prevê que as equipes coloquem cada piloto em uma estratégia para cobrir essas variáveis. Seja qual for o caminho, a tendência é que vejamos uma corrida bem diferente de Mônaco pois, como a ultrapassagem não é um problema, o estrategistas podem ousar mais.
Isso também significa que a classificação tende a ser menos importante, ainda que tenhamos de lembrar que cinco dos seis vencedores até aqui largaram da primeira fila.
Outro fator que traz incerteza para o final de semana é o clima. Montreal tem uma das maiores amplitudes térmicas da temporada e isso é especialmente importante nesta competitiva F-1 atual.
As diferenças entre os carros são tão pequenas que a escolha de um favorito tem que ser de olho no termômetro: no papel, quem tem tudo para se dar bem são Mercedes (que preferem o frio) e Lotus (mais chegadas no calor. No entanto, a primeira tem que conviver com um desgaste de pneu maior em Montreal que em Monte Carlo e a segunda precisa entender se esse tipo de asfalto menos abrasivo e com mais ondulações foi o motivo do fraco rendimento de Raikkonen na última prova.
Por fora, correm Fernando Alonso e sua Ferrari que promete ter o escapamento original, abandonado após destroçar os pneus traseiros nos testes de fevereiro, e Lewis Hamilton, que tem em Montreal um de seus melhores retrospectos (três poles e duas vitórias). É um circuito em que tradicionalmente a Red Bull não se dá bem por seu problema de falta de velocidade de reta, então ver Vettel ou Webber lutando pelas primeiras posições seriam um bom presságio para a equipe em relação ao resto da temporada.
7 Comments
as edições dos anos recentes realmente foram sensacionais do ponto de vista esportivo; se não me engano foi a corrida de 2010 que mr. E utilizou como referência ao ‘solicitar’ à Pirelli as características gerais do sets de pneus para os campeonatos seguintes.
mas penso ser prudente não esquecer que a pista da ilha de Notre-Dame apresenta alto risco de sérios acidentes, obviamente pela alta velocidade média numa pista de rua – vide os acidentes (em ordem cronológica) de Panis, Frentzen e Kubítiza. o que ameniza é que a segurança dos carros cresceu nesse período, vide as consequências sofridas por Panis e as do piloto polonês.
mas achei um pouquinho assustadora essa notícia de que a Ferrari voltará a utilizarum escape que destroçou pneus quando foi utilizado (e isso em clima frio – há previsão de sol e seco para a corrida). veremos.
Ju, pelo histórico do Canadá, com suas corridas conturbadas, além da imprevisibilidade do clima, vc poderia indicar um link para se assistir a corrida, caso a Globo resolva interromper a transmissão como ano passado? ;-)))
Deve aparece algo aqui mais para perto da corrida, Wagner. http://www.thefirstrow.eu/sport/motosport.html
😉
“a Red Bull não se dá bem por seu problema de falta de velocidade de reta”
Problema ? Pelo contrário … é opção. É filosofia de trabalho do Newey
Claro que é uma filosofia para beneficiar o downforce, que se mostra acertada pela maior parte do calendário, menos para este tipo de circuito. Daí se torna, sim, um problema. Muito do que a Red Bull pode fazer neste final de semana depende da classificação e do quanto eles podem tirar asa nesse carro e seguir bem equilibrados nas chicanes. Vettel mostrou em Monza que o benefício da pole é maior que o prejuízo da falta de velocidade mesmo em circuitos de baixa carga aerodinâmica.
J’aime Montréal 🙂