Quem diria que Felipe Massa somaria 44 pontos em quatro provas depois de conquistar apenas 25 nas 11 primeiras etapas? Provavelmente nenhum daqueles que insistem em culpar o acidente sofrido em 2009 pela queda de rendimento do brasileiro, que não vence desde o GP do Brasil de 2008. Ou acreditam que o brasileiro, na verdade, nunca foi um bom piloto.
Voltamos à mesma questão do conjunto Schumacher: as regras que privilegiavam o piloto agressivamente veloz – principalmente por pneus duráveis e reabastecimento – e o clima interno mais leve ao dividir a Ferrari com Kimi Raikkonen certamente se encaixavam melhor com o estilo de Massa e, principalmente, lhe davam mais confiança. Felipe não demonstra ser daqueles pilotos operários e cerebrais mas, sim, daqueles cujo estado de espírito influi decisivamente no rendimento.
E o brasileiro teve motivos de sobra para questionar sua habilidade. As novas regras não ajudaram e o ferrarista não conseguiu se adaptar tão bem como outros ao seu redor. Especialmente, o mais próximo deles, Fernando Alonso, cuja ideologia de trabalho acabou por minar o brasileiro em seu valor mais importante, a confiança.
Na primeira parte do ano, acreditava que o problema de Felipe era a classificação: o ritmo de corrida não era ruim, mas largar em posições intermediárias com a maioria dos pneus usados não ajudava sua corrida. Contudo, parece que o buraco era mais embaixo.
Finalmente feliz com o acerto do carro na sexta etapa, em Mônaco, Felipe via o sexto lugar no Principado como a prova de que estava recuperado. Porém, mesmo com o carro na mão, seu problema passou a ser a incapacidade em aproveitar as oportunidades, como no Canadá, em Valência ou na Alemanha, algo que fica ainda mais notório quando se é companheiro de um piloto cuja especialidade é justamente essa.
Lembro de ter saído de Budapeste com a clara sensação de que o próprio Massa se via fora da Ferrari. Você podia perguntar a ele sobre o clima e a resposta seria sobre contrato, com olhar perdido e fala baixa. A Domenicali, perguntei o que eles esperavam de um companheiro de Alonso e a resposta mostrou que Felipe não precisava de muita coisa: “ele tem de marcar pontos consistentemente e ajudar a equipe no Mundial de Construtores”.
Um mês depois, um novo Felipe apareceu em Spa. A prova de recuperação na Bélgica deu o pontapé inicial para uma série que lhe garantiu mais pontos que Raikkonen (41), Hamilton (35), Alonso (30) e Webber (10). Não se trata de nenhuma campanha espetacular, mas ao menos recoloca Massa onde um piloto da Ferrari deve estar.
As classificações e oportunidades perdidas em bons decisivos continuam aparecendo, ainda que mais esporadicamente, e não acredito que, com este tipo de regra e trabalhando na ideologia atual da Ferrari, o brasileiro um dia faça sombra ao piloto que lutou por um mundial até a última curva. Mas é notável que um Massa confiante tem condições de fazer pela equipe o que se espera dele.
16 Comments
Vale a pena salientar que Massa consegue este resultado com um motor que já teve trabalho em Monza e Singapura. Enquanto que a maioria dos pilotos estreavam o 7° ou 8° (Renault e Mercedes respectivamente), a Ferrari dava-lhe mais rosca ao 6°. Digo isto porque após a clasificação levantei a hipotese de que era um baita risco para Alonso não ter um propulsor novo como todos. Agora depois do resultado, Vc acha que o motor mais cansado podería ter sido determinante numa aceleração fraca na largada, com a consequencia de ser atingido por um Raikkonen que vinha babando?.
Voltando ao Massa, ele conseguiu o resultado sem seu “superior” em campo. O problema é que sempre vai ter Alonso por perto. Poderá seguir ganhando dinheiro, mas sua imagem continuará deteriorada. Perguntem sobre Rubinho.
Não vejo uma aceleração ruim no caso de Alonso. A primeira fase da largada é que não foi espetacular, o que aponta para o ajuste de embreagem, e não de motor.
Aponta para o ajuste de embreagem?? Vamos Ju!. Foi confirmado para vc pela Ferrari ou pelo Alonso?
Eu estou lanzando hipotese, mas baseado na estimativa da perda de rendimento de 10 HP que sofre um motor em cada GP, o que pode levar a uma perda de até 0,2 seg por volta (pergunta a qquer um no Padock). O rendimento fica mais crítico na aceleração. O motor de Alonso estava com 2 GPs enquanto que o resto estava com motores zero. Foi um dia ruin pro espanhol… e para Ferrari que elaborou a estrategia.
Por outro lado, agora eles tem dois motores novinhos para 5 GPs, e Alonso ainda tem o de Spa (o 5°) que não foi além da largada. Na contramão estão a Mercedes e a Mc Laren, que usaram o 8° no Japão.
Vc que gosta de analises, bem vale uma olhadinha como está o mapa de usos de motores pelas equipes. Vai se tornar fator importante nesta reta final.
É apenas minha opinião. Inclusive, foi uma largada muito melhor do que de Cingapura.
Fiz uma análise sobre os motores no Credencial pós Itália e não há indicativos, a não ser que ocorra alguma quebra, de que qualquer piloto terá problemas. Mas tenho uma curiosidade: qual é sua fonte para a alocação dos motores a cada prova? Pelos dados da FIA, sabemos que a maioria estreou um motor em Suzuka, mas de onde vem a informação de que o Ferrari tinha dois GPs?
Essa hipotese também é opinião propria, e o pior é que não vi ninguem mais dizer alguma coisa parecida. Eu tinha adiantado antes da corrida no blog do Fabio, que Alonso podería ter problemas na aceleração por conta da fadiga do seu motor, enquanto que a maioria estava zero bala pela exigencia da corrida de Suzuka. Eu vi que ele não conseguiu uma boa largada. Com um motor novo, tal vez o Kimi não tivesse chegado tão perto, ou Alonso tivesse tido uma melhor trajetoria. O mapeamento do uso dos motores pode encontra-lo em caranddriverthef1.com, esses españois são muitos serios e seguem muito de perto a F1.
Veja bem, vou esclarecer dois pontos:
– conversei com um engenheiro especializado em motores na f1 e ele me garantiu que o desgaste é bem menor após 2 provas do que 0s2. Eles trabalham com 0s1 a 0s3 a partir de 2000km, equivalente, a grosso modo (pois o motor de sábado e domingo não é o mesmo de sexta) a cerca de 3 GPs e meio.
– as informações do car and driver estão corretas, reproduzem os dados passados pela FIA. Porém, a rigor, não dá para dizer que o motor do Japão era o mesmo da Itália, pois não há necessidade de linearidade no uso dos motores, diferentemente do câmbio. É justamente a esse dado que estava me referindo, pois dificilmente é divulgado pelas equipes. Considero improvável que um mesmo motor tenha sido usado em Cingapura (onde o desgaste é grande por conta do calor + umidade) e uma pista de alta como o Japão, principalmente um desgastado por Monza.
Por ex: no gráfico, aparece que Massa estreou o segundo motor na 3ª prova, e o terceiro, na 5ª. Depois, estreou o quarto apenas na nona. Isso não quer dizer que fez quatro GPs com o mesmo propulsor, mas que alternou os três primeiros nas primeiras nove etapas.
Ju, sei que vc vai ler este comentario. Eu te peço para ler este interesante artigo: http://www.caranddriverthef1.com/formula1/articulos/2012/10/21/63146-ciclo-motores-los-propulsores-aguantaran-hasta-final-temporada
2000 Km, es mais ou menos a vida util total do motor. Com duas ou tres corridas a perda de potencia já não permite ser usado de novo para outro GP. Muitas equipes nem sequer usam de novo o usado em Spa, porque é a pista mais exigente com o motor andando a 18.000 giros o tempo todo.
Insisto em que esse pessoal de caranddriver sabe o que está falando.
Forte abraço (e terminamos com o tema)
Ahh, e a respeito da notificação de uso dos motores. Muito pelo contrario, os dados do uso dos motores tem que ser divulgados pelas equipes sim, de fato é obrigatorio. Não é só divulgado, também é fiscalizado a rigor pela FIA. Que não seja do interesse do grande público que “só quer ver corrida” é outra coisa. Mas para vc que nos brinda uma relação mais especializada é esencial (conta que não é ironia, valorizo muito teu trabalho), por isso reveja o uso dos motores junto ao engenheiro de confiança, que pode ser a clave de até um insidente, porque de que Alonso estava mais lento na largada do que de costumbre, tava. E eu continuo acreditando no motor mais folgado.
As equipes não são obrigadas a divulgar QUAL MOTOR estão usando no GP, nem a usar o mesmo motor por toda a etapa. Lembre-se, ainda, que as unidades podem ser usadas ALEATORIAMENTE. Compreendendo estes três fatores você entenderá por que não concordo com seu argumento. De qualquer forma, fiz um artigo mais longo. Depois me diga se ficou alguma dúvida.
Ju, sem demérito à Massa, caímos naquele caso que vc citou sobre a vantagem de se largar abaixo do 10º, afinal largou em 10º, mas classificou-se em 11º, portanto além das lambanças da largada, os pneus macios novos foram salutares para a corrida do brasileiro.
Alguns comentários…
Estranhamente, o melhor momento pro Felipe, foi um momento ruim pra Alonso/Ferrari que viu a boa vantagem se esvair.
O maior aliado para Alosno ao título será a McLaren. Neste ponto arrisco dizer que o mundial de pilotos custará o segundo lugar de construtores a Ferrari.
Alonso disse em seu twitter que o feito do Felipe, chegando em segundo, foi “coincidência”. Mas as coincidências dele próprio, como, por exemplo, a vitória em Valência com uma sequência de coincidências e abandonos de Grosjean e Vettel destas ele não lembra. “Coincidências” fazem muita parte do esporte. Mas entendi o ponto dele, cobrando melhorias da Ferrari. Só ressaltando aqui um sentimento de frustração com o final de semana nipônico.
Eu gostaria que alguém perguntasse ao Felipe Massa o porque dele querer tanto renovar com a Ferrari, sabendo que lá ele não vencerá uma corrida enquanto Alonso estiver na pista.
Pode até perguntar… Mas a resposta ngm vai ter. Afinal ele tem contrato com a Ferrari. huashuashuas
não existe outra equipe de ponta pra ele pilotar…. se a Ferrari não renovar ele tá fora da F1
Olha… Acho que não… Um ex piloto Ferrari, mesmo que não muito, vende bem. Então sempre vai ter uma sauber afim de um ex piloto ferrari. Mesmo que não esteja tão bem.
Se ele sair da Ferrari agora, provavelmente terá muitas opções, creio eu. Eu torcia mto pra ele ter de volta a companhia do Kimi e na Lotus. Seria o desafio perfeito pra ele voltar a crescer. Eu penso, pelo menos.
Não precissam perguntar para Felipe. O assunto é dinheiro mesmo. O Felipe nunca conseguira o dinheiro que lhe possa pagar a Ferrari, mesmo diminuido muito o que ele ganho até hoje.
Eu ainda penso que mais barato sairía um Hulkenberg ou um Di Resta da vida.