O GP de Cingapura marca um momento decisivo para várias equipes. Depois da pausa de agosto e de duas provas em circuitos que exigem pacotes aerodinâmicos bastante específicos, inicia-se uma sequência mais normal no campeonato, em que os times poderão avaliar a extensão de sua evolução de julho para cá – e o quanto em termos de recursos vale a pena gastar para crescer ainda mais até novembro.
Devemos ver uma série de atualizações nos carros neste final de semana e é bem possível que a relação de forças vista nas últimas provas sofra alterações. Começando pela Mercedes, cujo pacote de baixo downforce não funcionou como esperado, mas que deve voltar às performances de Silverstone e Hungria. A Lotus também deve andar melhor do que em Spa e Monza, já que se adapta melhor aos circuitos que estão por vir.
Mas será suficiente para superar a Ferrari? O circuito de Cingapura guarda semelhanças com Budapeste e Mônaco, pistas em que o F138 não andou bem. Os italianos afirmam que superaram os problemas que frearam o desenvolvimento do carro em julho, e têm uma grande chance de provar isso em Marina Bay.
Caso as três equipes voltem a se embolar, terão uma dúvida cruel: o quanto desviar o foco para o carro de 2014? Não é segredo que todos vêm trabalhando há muito tempo no projeto completamente novo do ano que vem, mas as porcentagens dos recursos de cada carro vão mudando com o tempo.
A questão é o mundial de construtores: após a Hungria, a Mercedes tinha 208 pontos, contra 194 da Ferrari e 183 da Lotus. Duas provas depois, os italianos viraram, com 248, contra 245 dos alemães e 191 do time de Enstone. A diferença de premiação entre o segundo e o quarto lugares no campeonato é de mais de 17 milhões de dólares. Por outro lado, será que o esforço por uma colocação melhor neste ano não pode prejudicar o desenvolvimento de um projeto que não apenas conta para 2014, como também para as temporadas seguintes?
A McLaren soa confiante de que apenas o trabalho de maximização dos acertos, sem grandes pacotes de mudanças, pode lhe garantir o quinto posto, à frente da Force India. A diferença atualmente é de quatro pontos – era de 22 a favor ao time de Sutil e Di Resta cinco etapas atrás. As posições de Toro Rosso, Sauber e Williams parecem consolidadas.
O desafio de Cingapura
Performances à parte, o GP de Cingapura é um dos grandes desafios para as equipes. Estrategicamente falando, a grande possibilidade de Safety Car – ele apareceu em todas as cinco edições da prova até aqui – e ainda mais em um circuito longo favorece quem consegue uma maior flexibilidade com os pneus. Outro fator é o pitlane longo e lento – com limite de 60km/h por ser um circuito de rua – favorecendo aqueles que aguentam na pista e param menos vezes.
Ano passado, foi uma corrida de duas paradas, muito em função de dois SC. Portanto, era de se esperar que, em 2013, veríamos uma disputa entre conjuntos que conseguem fazer apenas duas paradas e outros com ritmo mais forte, fazendo três. Pena que a Pirelli parece ter jogado jogou um balde de água fria escolhendo os pneus médios ao invés dos macios para fazer dupla com os supermacios. Mais duráveis, devem facilitar a vida de quem vai parar duas vezes.
Outro fator interessante do circuito é o fato de apenas campeões do mundo terem vencido nestas cinco edições. Sebastian Vettel venceu as últimas duas, Lewis Hamilton nunca largou fora do top 4 e Fernando Alonso coleciona quatro pódios.
18 Comments
Está com cara de vitória de Raikkonen com apenas uma parada. É meu palpite.
Meu palpite é de que a vitória ficará entre Vettel e Hamilton, idem a pole. Não entendo Montezemolo: declarou que Massa vai sim ter que ajudar Alonso (que, realisticamente, não tem mais condições para tentar o título). Disse que a Ferrari precisa de pontos nos Construtores. A meu ver, Montezemolo deveria dar liberdade total a Massa para ver se ele sente mais à vontade para obtê-los e assim ajudar a equipe, ao mesmo tempo em que poderia eventualmente botar pressão no espanhol, caso ainda seja capaz, antecipando, assim, esse choque de competição que pretende dar no asturiano em 2014, com Kimi. Mas não: já começa tolhendo psicologicamente Massa, impedindo-o de mostrar o seu potencial às outras equipes, caso ainda o tenha, para que continue na F 1.
E cá entre nós, Julianne, como Montezemolo ficou injuriado com o comportamento de Alonso! As farpas com que espetou Fernando, referindo-se a Lauda, antecipam o clima quente que haverá por lá em 2014! Significam também uma volta àqueles tempos em que o austríaco fez dupla com Regazzoni em Maranello, com liberdade para o melhor se impor (Lauda se impunha naturalmente, mas Regazzoni teve condições para discutir o título com Emerson até à última prova, em 1974).
Falando em Regazzoni e Lauda, você viu o Rush?
Você nem vai acreditar, mas ainda não. Assim que o assistir, darei umas pinceladas aqui com as minhas impressões.
Aucam… Tenho só uma questão que acredito, lhe fugiu ao olhar. O Montezemollo podou o Massa por anos. Isso quando era piloto Ferrari e precisava de seus pontos. Agora o Massa está indo embora, talvez para uma grande rival. Nada mais natural que ele tentar podar o Massa mais e mais ainda. Isso é o melhor para a equipe dele. Se o Massa continuar desestruturado, não dar frutos a uma possível concorrente forte como a Lotus, e vai ser menos um para incomodar. Se eu fosse o chefe de Maranello, faria ainda pior, pra pressão ser muito maior em Massa.
Cada um joga com as ferramentas que possui.
Devo deduzir que você tem certeza de que aquele Massa de 2007/2008 subsiste, ainda que manietado, Kin? Sinceramente, eu não tenho essa certeza. E, se ele ainda estiver intacto, não seria hora de começar logo esse choque de competição em cima de Alonso? Talvez assim ambos conseguissem mais pontos para os Construtores do que com um Massa desestruturado, se considerarmos que o título para o Alonso é remotíssimo, a esta altura.
Um abraço.
Ju, vi aqui no Total Race, que a RBR pensa em continuar o desenvolvimento do carro até o fim, bem, será viável, ou por considerarem o campeonato favas contadas e o carro próximo da perfeição (limite de desenvolvimento), uma medida possível? No campo da suposição, focando até o fim, estariam com o carro de 2014″bem” adiantado?
Estariam blefando?
Fiquei em dúvida sobre isso, pois não faz muito sentido. Eles podem ter pequenas melhorias já programadas, mas também pode ter sido uma resposta política do Horner para não admitir que eles estão com os campeonatos ganhos.
Ju, com Vettel vencendo e o Alonso fora do pódio, você acha que todos irão focar na próxima temporada? E se a Mercedes voltar a andar na frente da Ferrari, os italianos também desistem do vice no mundial de equipes?
As equipes trabalham com porcentagens, então nesse caso que você citou, eles devem aumentar as porcentagens para 2014. Abandonar é complicado pela questão que eu levantei da diferença de ser segundo ou quarto.
Mas tudo leva em consideração uma avaliação particular: por exemplo, se a Ferrari vir que colocou novas peças da Hungria para cá e ficou na mesma em pistas de alto downforce, provavelmente chegará à conclusão de que não adianta muito buscar novas melhorias. Seguindo o exemplo, a Mercedes pode avaliar que melhorou a gestão de temperatura de pneus e, como isso será importante ano que vem, pode seguir investindo nesta linha. A análise não é só de resultados.
Primeiro, Ferrari (Montezemolo) x Raikkonen, e agora esta http://www.gptoday.com/full_story/view/464504/Alonso_is_McLarens_prime_target/. Definitivamente, a degustação de batráquios está na moda. . . Mesmo que a matéria faça todas as ressalvas, inclusive aquelas sobre Ron Dennis, ainda acho que se isso vier a acontecer, a McLaren corre o risco de uma nova indigestão, porque quem fica é Button, especialista em comer mingau quente pelas beiradas. . .
Impressionante a agilidade do Totalrace.:
http://www.totalrace.com.br/site/noticia/2013/09/nao-ha-nenhuma-possibilidade-diz-alonso-sobre-ida-para-mclaren
Pensando bem, será que Alonso não estaria desconversando? Sugiro à brava e ágil equipe do Totalrace entrevistar Eddie Jordan, se possível.
Aucam, imagino que o espanhol está de olho na maré para 2014, se a Ferrari estiver bem, fica, caso contrário, uma Mclaren, com motor Honda, ainda mais que os japoneses não são bobos nada, esperando ver as tendências para vir com tudo em 2015…Sendo assim (pela capacidade técnica dos ingleses) um revival Alonso/Mclaren não seria tão impossível…
Não duvido de mais nada, Wagner, os sapos viraram fina iguaria, está todo mundo engolindo-os, mas Alonso não se livrará de conviver com outro campeão, seja Kimi ou Button. Ainda assim, apostaria 6 fichas nele e 4 em qualquer dos outros dois; apostaria até 7, se não fosse tão temperamental e vivesse se perdendo pela boca.
Sim, mas levando-se em conta os motores japoneses, e uma equipe técnica mais competente e organizada como a de Woking, torna-se viável…Na verdade, Aucam, a Ferrari vive do passado, mais precisamente da era Shumacher/Brawn/Todt, porque atualmente, vive “apenas” do nome, pois possuem muita grana, mas uma incompetência monstruosa!!!
Verdade, Wagner, não consigo imaginar Alonso cumprindo todo o seu contrato, até o final de 2016, apesar de todas as juras de amor que faz cotidianamente à Ferrari. Para mim, ele está desconversando. Às vezes tenho a impressão de que a Ferrari pode estar a caminho de uma seca como aquela pós-Schekter, que durou 20 anos. E o tempo obviamente urge mais para Alonso do que para Vettel e Hamilton, mais ou menos 5/6 temporadas mais jovens. Whitmarsh sempre se derrama para Alonso. Como lembra a BBC, Dennis agora é minoritário e já não tem muita influência no dia a dia da McLaren, mas ainda assim sapos serão engolidos mutuamente, também em mútuo benefício (Dennis ainda circula pelos boxes, como acabamos de ver). Montezemolo e Raikkonen foram forçados a esse tipo de coisa, pelas circunstâncias.
Se, como todo mundo está dizendo, esse turbo da Mercedes tiver uma cavalaria muito diferenciada para mais, durabilidade e o carro em outros aspectos gerais for bom mesmo, Hamilton poderá enfileirar números iguais aos que Vettel enfileira hoje. Então, como gênios na F 1 hoje SÓ existem TRÊS, a McLaren vai precisar COMO NUNCA de Alonso/Honda para enfrentar os outros dois, até porque considero rematada tolice essas especulações de que Vettel irá para a Ferrari, apenas por causa da tradição dela. Por que iria, se tem Newey e toda uma estrutura comprovadamente vencedora A PERDER DE VISTA, com a frieza dos germânicos e dos ingleses? Não vejo o mínimo demérito para Vettel querer continuar ganhando apenas com uma equipe, para mim ele está para a Red Bull e Newey assim como o já lendário Jim Clark estava para a Lotus e Colin Chapman, formando essas conjugações incríveis e difíceis de surgirem e serem replicadas.
E quanta bobagem é não reconhecerem a genialidade de Vettel, como vejo zilhões de pessoas fazerem! Pensam que podem impedir o Sol de nascer. Mas o mesmo ocorre (ocorreu) também com Hamilton e Alonso quando estavam em fase ganhadora (chegaram a apedrejar Alonso injustamente por causa do amortecedor de massa, esquecendo que Fisichella com o mesmo carro não conseguiu suplantar Schumacher). É da natureza humana isso. A minha torcida vai sempre para Hamilton porque aprecio demais o automobilismo-emoção/coração (com duelos feitos com lealdade e responsabilidade) e, dos três gênios atuais Hamilton é – a meu ver – o que mais gera adrenalina, pela sua impetuosidade e arrojo. Mas os outros dois também têm características outras em que são melhores que Hamilton, tudo é uma questão do que o aficionado valorizar mais. Nenhum dos três é praticante do automobilismo-cérebro, de espera, à la Prost (como exemplo maior).