Terceira equipe que menos andou na pré-temporada, atrás da nanica Marussia e da Lotus, que só participou dois terços dos testes. Dona da sétima volta mais rápida, a quase 2s5 da Williams. Oitava mais veloz em reta, a mais de 20km/h da líder Ferrari. Nem rápida, nem confiável, a Red Bull começa, quem diria, como a grande incógnita do ano. Mas será um caso de game over para os fãs de Vettel e companhia?
Há quem se apresse em lembrar de um famoso projeto errado de Adrian Newey: em 2003, com a McLaren – um erro tão grave que o MP418 foi para o museu sem uma corridinha sequer no currículo. Com aquele MP418, o RB10 tem a semelhança de apresentar entradas de ar pequenas demais e, consequentemente, ter problemas de arrefecimento. Porém, há indícios de que as coincidências param por aí.
É bem verdade que as dificuldades dos tetracampeões foram se proliferando à medida que o carro ganhou quilômetros – mesmo que a passos lentos – durante os testes. Primeiro, questões de software da unidade de potência, de responsabilidade da Renault; depois, falta de refrigeração suficiente – novamente, acredita-se, algo relacionado à imprecisão e à demora das informações passadas pelos franceses a respeito das dimensões das entradas dos radiadores – e, por fim, comportamentos inconsistentes do novo sistema de freio eletrônico. Ufa!
Certamente, a lista de problemas a resolver é extensa e o próprio consultor da equipe, Helmut Marko, reconheceu que “a temporada está começando dois meses do que deveria” para o time, mas é o potencial demonstrado pelo RB10 quando ele conseguiu ir à pista que dá a impressão de que a Red Bull pode, se não virar, ao menos igualar o jogo.
Os rivais não cansam de repetir isso. “Tenho certeza de que eles têm um carro muito rápido”, disse Hamilton. “É sempre legal dizer que a Red Bull está em dificuldades e que pode lutar com a Caterham, mas pode esquecer. Não será assim. Eles têm um problema para resolver, mas quando estiver resolvido, estarão lá”, endossou Massa. Contudo, o depoimento mais interessante veio de Jenson Button, que se impressionou com a maneira como foi ultrapassado por Daniel Ricciardo durante os testes:
“Estava pilotando com Ricciardo por algumas voltas e ele não conseguia me passar nas retas. Ele me passou por fora na curva 11, que é de alta. Nunca tinha visto algo assim. É um carro que parece funcionar bem do ponto de vista aerodinâmico e acho que, quando eles tiverem confiabilidade, serão muito, muito competitivos.”
A recuperação passa pela Renault, que precisa fazer sua lição de casa, e o espaço para melhora de todos os rivais também é grande. Mas o que está claro é que não se trata de um carro totalmente equivocado, como o MP418. Isso, junto de um poder de recuperação já demonstrado em campanhas como dos últimos anos, faz crer que é mais uma questão de “quando” e não de “se” eles vão se reerguer.
17 Comments
Também acho, Julianne. Enganam-se os que pensam que vão jantar filé. Quando vier o prato principal, verão que se trata de carne de pescoço. . .
Brilhante analise ju,sou muito seu fã você é um exemplo para muitos jornalistas parabéns.
@aucam,
“carne de pescoço”, muito boa! Fez-me comecar o dia de bom-humor, obrigado!
@Ju,
Dentro do quando, eu me questiono em que ano a RBR vai resolver os problemas, 2014 ou 2015. Depender nao apenas da RBR, mas tambem da Renault pode ser um fator que atrase a solucao dos problemas.
Ainda que não seja infalível, Newey é um gênio. Não acredito que a RBR fará como no ano passado, em que o Vettel parecia competir numa categoria diferente, mas acho que as mudanças surtirão o efeito desejado e teremos uma temporada mais equilibrada. O destaque se dará principalmente, acredito eu, na genialidade dos pilotos.
Esse ano veremos se o que vem sendo dito há muito tempo é verdade ou não. Alonso é um gênio que fazia uma Ferrari alcançar o pódio e Vettel tinha um carro melhor e não era um gênio. Vamos descobrir. Mas esse ano é do Massa.
A maioria das pessoas está tão confiante nos resultados da pré temporada, que dão por certo uma prima disputa entre Mercedes e Williams, com Ferrari, McLaren e Force índia correndo por fora, pelo menos até o inicio da temporada europeia. Pode parecer óbvio hoje, mas não é bem assim.
Mas na minha inútil opinião, essa galera vai viver para sofrer mais uma decepção “inesperada e improvável”, pois enterraram Vettel cedo demais. Sabe-se que as equipes citadas no primeiro parágrafo estão no momento, mais bem cotadas para o sucesso inicial mas, quem sabe do que a Red Bull é capaz? Eu sei do que Vettel é capaz, porque vi ele esmagando a rapa do grid, sem dó nem piedade nos últimos cinco anos. Isso voltará a acontecer? Eu arrisco dizer que sim, não sei se no mesmo grau, ou com a mesma frequência, mas uma coisa é certa: Não subestimem Sebastian Vettel. Pra não se desesperarem depois. Lembrem-se, eu avisei.
Devem me achar “paga pau do alemãozinho piloto de playstation” como dizem seus detratores. Mas acho adequado explicar que minha torcida é pra Lewis Hamilton, aquele descabeçado que se distrai com sua Nicole, com o fofo Roscoe, com as gravações de rap, com as mega festas recheadas de fígado de ganso, blue label e farinha colombiana, quando deveria focar no ofício. Como faz o “alemãozinho”, que não à toa, soma pra si os títulos de Alonso, Button e Hamilton juntos. Nada nessa vida é por acaso.
Admiração irrestrita para esse que é de muito longe o atual monstro da F1, não pela minha opinião, mas pelo que vem fazendo incessantemente desde 2008. esse “Heppenheim knabe”.
Espero (mas não muito) que ele deixe algo pra nós esse ano.
Mas não era isso exatamente o que todos queriam? Acabar com o domínio RedBull/Renault?
Não dá pra dizer que a mudança tão abrangente no regulamente foi feita com esse propósito mas deu pra ver que muita gente esfregou as mãos de satisfação quando a equipe empacotou os equipamentos e saiu de Jerez antes do fim dos testes.
Já vejo detratores de Vettel dizendo: “Agora ele vai ter que provar que é um super piloto pois tem um equipamento inferior”, ou alguma idiotice parecida.
Newey, Vettel, Horner e os franceses vão ter que rebolar muito e é certo que conseguirão solucionar a maioria dos problemas no carro mas resta saber se essa evolução será a tempo e suficiente pra brigar pelo título.
Dois meses de evolução na F1 é uma eternidade e a vantagem construída pelas outras equipes pode ser inatingível.
Minha dúvida é se esse atraso é o preço que eles estão pagando pelos quatro títulos consecutivos. O que vc acha, Julianne?
Dé, essa matéria dá uma pista do que você perguntou:
http://www.totalrace.com.br/site/noticia/2014/03/red-bull-admite-que-errou-ao-priorizar-carro-do-ano-passado
obrigado, Pedro.
Em 2005 e 2006 a Mercedes também penou com o design dos carros da McLaren feitos pelo Newey – e não da para dizer que eles se acharam complemente no decorrer daquelas temporadas.
Pelo menos em 2005, Kimi Räikkönen venceu sete corridas. E poderiam ter sido mais. Talvez Vettel tenha um ano muito parecido com o do finlandês, com um carro rápido nas mãos, mas pouco confiável. E naquele ano, o campeonato só começou de fato para a Mclaren em San Marino. Muito parecido com o que a Red Bull pode vivenciar.
Também acho que eles se recuperam, mas não sei se quero que eles dominem de novo.
Só em caso da Ferrari começar a mandar. hehehe
Oi Ju,
Na pior das hipóteses, se eles não conseguirem fazer o RB10 andar, têm bala para na fase européia já ter outro carro pronto. Disso eu não tenho dúvida.
Da mesma forma não duvido de que eles vão conseguir pelo menos superar as quebras e marcar pontos. Não já na Austrália, mas no decorrer das próximas etapas.
Aproveito para parabenizar toda equipe do Total Race pelo novo visual!
Abs.
Ainda bem que só faltam algumas horas para para o primeiro treino livre, para colocar todas essas teorias em jogo!!!
E, pra ajudar, existe a previsão de chuva!
Que ajuda a esfriar os motores “esquentadinhos” da Renault, nao Ju? 😛
Eu digo que a “farra” da Red Bull acabará somente no dia que a FIA limitar mais o grande downforce que se obtem na parte inferior dos carros.
Até lá, Newey segue soberano nessa area. Vejam o comentario do Button com relação a ultrapassagem do Ricciardo.
Tá claro que o RB10 é só uma fera adormecida. E quando ele acordar não terá motor Mercedes que ajude.
Impressiona o atraso da Red Bull no desenvolvimento, contudo, o mantra “esperem e verão”, é cantado à boca solta no paddock mas, antes da “silly season”, já deverão ocupar o lugar que lhes é esperado e habitual, não faltam grana nem recursos técnicos lá.
Creio que a questão não é se vão andar na frente, mas quando, ainda nesta temporada.
Interessante também, observar como Vettel vai lidar com o fato com o fato de andar no meio ou no fundo do pelotão. De toda forma, esta temporada promete!