Se eu tivesse de apostar qual equipe dará o maior salto no GP da Espanha, que certamente será um desfile de novidades em todos os carros, meu palpite seria a Lotus. Não só porque, por ser o time que mais caiu em relação ao ano passado, são eles que têm mais a evoluir, mas principalmente porque o E22 vem comprovando ter uma boa base.
O GP da Malásia já havia sido animador. Não tanto pelos resultados – Grosjean foi 15º no grid e 11º na corrida – mas pela velocidade demonstrada nas curvas, maior que carros que brigam dentro do top 10, como Williams e McLaren. Isso quer dizer que a aerodinâmica está funcionando bem, como também ocorre com a Red Bull, outro carro que deve aparecer forte em Barcelona.
O diretor técnico Alan Permane explicou que o time “perde nas freadas” e “tem culpa por ter mais problemas que as outras equipes que usam motor Renault”, dando a entender que ao menos parte das dificuldades é relacionada ao MGU-H, sistema de recuperação de energia calorífica cuja principal missão é reduzir o turbo lag, impulsionando o carro quando os pilotos tiram o pé do acelerador no final das retas.
Essa culpa pelos problemas com a Renault tem a ver com o fato do time não ter participado da primeira bateria de testes na pré-temporada, em Jerez. Mesmo que os outros carros equipados com os motores franceses tenham andado pouco na ocasião, entenderam algumas mudanças necessárias para trabalharem bem com a unidade de potência.
Por isso, o salto que a Red Bull deu entre o último teste e o GP da Austrália, ainda está por vir no caso da Lotus.
E ele vem se desenhando. O sistema de transmissão foi alterado para o GP do Bahrein, mas os ganhos só ficaram mais claros na China, quando a equipe recebeu o último update da Renault – antes, apenas Toro Rosso e Red Bull tinham a unidade de potência mais avançada. O resultado foi o primeiro top 10 do ano no grid – um top 10 real, que tinha tudo para gerar os primeiros pontos da Lotus no ano, não fosse um raro problema de câmbio.
Para Barcelona, o E22 ganhará novos mapeamentos de motor, melhorias no sistema de arrefecimento e várias mudanças na carenagem, que visam aprimorar a aerodinâmica e tornar o carro “mais previsível para os pilotos”, além de fazer com que ele trabalhe melhor os pneus.
Eles provavelmente não estarão no pódio, muito menos disputarão vitórias. Mas que o E22 tem tudo para entrar na briga já apertada pelos pontos, junto de Red Bull, Ferrari, McLaren, Williams e Force India, isso tem. E alguém vai acabar sobrando.
29 Comments
Juliane, se vc revisar nos meus comentarios desde antes do GP da Australia, quado tudo mundo enterrava a Lotus, eu tenho salientado que o carro OroNero, era melhor nascido que Williams e McLarem, e não foi porque precissamente tenha fumado um tabaco e ter visto nas cinzas, mas sim porque caiu nas minhas mãos um relatorio no final do ano passado, de analises de desenvolvimento no tunel de vento, por conta de uma importante patrocinadora. Não é que eu confie no pessoal dessa patrocinadora (que na realidade só tem destruido a empresa), mas sim alientado por quem tinha desenvolvido as carangas.
È claro que os problemas económicos da Lotus pesaram muito, e até o fato de não estarem seguros da sua participação do mundial e de ter motores Renault, até poucos dias antes dos primeiros tests de Barcelona. Ninguem faz magia num esporte tão exigente, e os atrasos passaram a fatura, mas a Lotus está ai. Grosjean e Maldonado tem velocidade, este último sendo muito afobado comete erros imperdonaveis. Mas a Renault já resaltou que no Canada estarão perto do 100% da potencia, e isso é alentador.
É verdade que 0 “Marvado Pastor” é reconhecido por ser bocasas, e ficou ridiculo dizer que Barcelona poderíam estar no Top Five, mas lembrem que no começo de 2012 todos riram quando ele disse que estava na Williams até para ganhar corridas. E não foi que ganhou em Barcelona??
LOTUS [I Believe]
O que pode acontecer são as mudanças na Lotus surtirem efeito em termos de desempenho, mas acabarem camufladas pelas alterações promovidas pelas outras equipes também. Tipo, dando um passo a frente ao mesmo tempo que outras dão também.
Reescrevendo comentário mal formulado em 1…2…3:
O que pode acontecer são as mudanças introduzidas pela Lotus surtirem de fato o efeito esperado, mas seu novo desempenho desaparecer diante das alterações promovidas pelas outras equipes citadas no seu texto.
Tipo, um passo a frente seria dado ao mesmo tempo que as demais.
Ju, ainda aposta em vitória da Red Bull em Barcelona?
Abs!
Eles acabaram não se desenvolvendo tão rapidamente quanto parecia no início, não? Mesmo que melhorem, a vantagem da Mercedes é bem considerável. Mas aposto em um pódio sim, com Ricciardo, que gasta menos pneus.
Acho que a segunda forca esta começando a se mostrar…. A Red Bull eh a segunda no campeonato de construtores, apesar de *duas* punições duríssimas em Riccardo… não que alguém, qualquer um, tenha sequer feito “cócegas” na Mercedes esse ano… A prima donna assoluta das asturias como sempre eh um honroso vice… 😉 could not pass a sucker-punch! sorry! :-/
Olá Julianne,
Sem dúvidas a Lotus já deve melhorar muito para a Espanha, também acho que o carro nasceu bom e pode até disputar algo ao final da temporada.
Vale lembrar que no ano passado quem andou bem em Barcelona foi a Ferrari, pois é um carro que, embora não tenha o melhor propulsor, consome pouco a borracha do pneu, em um circuito que consome muito, geralmente são 3 ou 4 trocas. Tudo bem que a F1 mudou muito do ano passado para cá mas os pneus não mudaram tanto assim, ou seja, também acredito que equipes como Williams e Red Bull (Vettel) vão sofrer com os pneus.
Abraços!
Estarei torcendo para que domingo, na Corrida de São Firmino que será antecipada para Barcelona, tenhamos não apenas Touros Vermelhos perseguindo os prateados, como também Touros Negros atazanando os dois Toureiros que andam de vermelho. Vamos ver quem vai correr na frente de quem, sem tropeçar. . .
Mestre Bruz, quando quiser, insista lá no Blog do Gabriel, que é gente finíssima. Márquez está invertendo a cadeia alimentar: uma formiga (atômica) devorando uma cobra verde, a Green Mamba. . .
Julianne, você viu a declaração do Stewart dizendo que Prost foi melhor que Senna? Mais “completo” (hahahaha), com toda aquela grave deficiência em pista molhada? Vixe, ele desconhece o que significa propriedade no uso das palavras. . . Stewart me decepciona, mas é o que eu digo: automobilismo é paixão, também.
Aucam,
Desculpe-me, estava “sentado em minhas maos” para não falar (escrever, na verdade) besteiras… mas Stewart, da Inglaterra, a terra da chuva, dizer que Prost, gato escaldado que tem medo de agua, qualquer agua, era mais completo que Senna??? gee! I’d say that even Piquet was a more complete driver (or human being if you want) than “the professor”…. e olha que eu tenho mais simpatia por Piquet do que por Senna…. apesar de admirar mais Senna.
O Jackie Stewart tem uma postura muito clara e muito antiga em relação a pilotos mais agressivos, pilotos que vão para cima e deixam em seus adversários a decisão de bater ou não. Por isso, o grande alvo dele na atual geração é Hamilton. Em 2011, ele chegou a dizer que Lewis era um perigo para os outros. O mesmo tipo de comentário que fez no passado sobre Senna e sobre Schumacher.
É a postura dele, concordem ou não, ao menos ele tem sido coerente durante todos esses anos. Ele vem de uma época marcada por muitas mortes e nunca achou isso normal, tanto que lutou contra isso quando todos achavam que era algo inerente ao esporte. De lá para cá ele meio que permaneceu no “registro” de seu tempo, por isso não considera certo um piloto arriscar-se a bater por uma ultrapassagem.
Julianne, você sempre saca argumentos grandiosos, não é à toa que sou seu fã. E claro, Stewart tem TODO o direito de ter e manifestar a opinião dele (até eu – do alto da minha insignificância – tenho, rsrsrs. . .). Mas, petulantemente, não concordo com o fato de o escocês classificar Prost como mais COMPLETO que Senna, acho que aí – mesmo considerando-se o lado racional que você, Julianne, tão magnificamente expôs, Jackie se deixou levar por paixão e sentimentos outros. Mas, sim, Senna tinha um estilo intimidador, sempre sublinhado por Martin Brundle, seu mais duro adversário na F 3 britânica. No entanto, para mim, COMPLETO é quem corre impecavelmente no seco e no molhado, quem não foge à luta, como Hamilton, Vettel e Alonso (a ordem fica ao gosto de cada um). Admiro Jackie Stewart como piloto, sempre rapidíssimo e impondo grande distância para seus adversários enquanto eles ainda estavam se estabilizando na corrida, nas primeiras voltas.
Pois é, Muguello. Sou piquetista ferrenho, mas sempre tive grande admiração e reverência por Ayrton, a quem considero, de longe, o melhor piloto em pista molhada que já apareceu na F 1. Prost, ao contrário, era o que todos nós sabemos. Como podia (ou pode) ser considerado “completo”? Nem forçando a barra. Completos são os três gigantes atuais da F 1. E faço uma menção honrosa à performance épica de Jean Pierre Beltoise em Mônaco em 1972, simplesmente in acreditável, com uma caquética BRM. A meu ver, uma performance ainda mais impressionante que as de Senna e Bellof naquele GP em Prost pediu arreglo e o Pacheco franco-belga Ickx atendeu, apesar de ele próprio ter sido considerado à sua época “O Rei da Chuva”. . . Beltoise em muitas vezes inseriu seu carro em ângulos de deriva de 90º graus ou mais, recuperando-o sem entrar em pêndulo, um assombro! Beltoise tinha um estilo fortíssimo e eu gostava de vê-lo pilotar, apesar de não ter tido tanto sucesso na F 1, à exceção do milagre que produziu em Mônaco, naquele dilúvio (chegando inclusive na frente de Ickx, de Ferrari, o bamba no molhado, na época).
E Piquet era muito mais hábil naturalmente que Prost. Nem vou me estender sobre isso para este post não ficar muito grande. Vou apenas dizer que até hoje ninguém igualou a beleza do estilo de ultrapassagem de Nelson Piquet, que “desaparecia” atrás do adversário e “ressurgia” já na frente. Não ficava fazendo tentativas inúteis, quando tirava do vácuo era para aplicar o carimbo de “ULTRAPASSADO” em seus contendores.
Abraços.
Caro Aucam,
raramente eu faço comentários, mas sempre leio e gosto bastante das suas colocações (até porque sou parecido com você: aprecio o arrojo e pilotos que buscam o limite como Hamilton e Senna, muito parecidos no estilo não acha?). Não sou da geração que tinha que escolher entre Piquet e Senna (como se fosse Fla x Flu), já que tinha 09 anos quando Senna morreu. Aprecio bastante os dois pilotos mas admiro mais o estilo do Senna. Você com toda a sua experiência em acompanhar a F1 (se não me engano, desde os anos 60 não é?), bem que poderia nos fazer o favor de apresentar o seu ranking dos 10 pilotos melhores da história.
Grande abraço!
Caro Flavio,
É impossível fazer uma lista de melhores sem que ela esteja contaminada pela paixão, que é inerente ao automobilismo. Eu não gosto de pilotos cerebrais, então minha lista já está contaminada. A minha lista dos melhores, para acomodar todos aqueles que sempre me impressionaram muito e foram expoentes na categoria máxima – a F 1 – tem vinte nomes. Os vinte que julgo incorporar os valores mais essenciais e profundos do automobilismo – embora com algumas concessões aqui e ali, pelo conjunto da obra. Devo dizer também que julgo impossível comparar diretamente pilotos de épocas diferentes, o máximo que se pode fazer é uma comparação relativa e olhe lá: somente quando há algo, uma diferença muito gritante entre dois pilotos, como Vettel e Prost: na minha insignificante opinião o alemão é um tetracampeão completo e Prost não, pelas suas deficiências em pista molhada. Mas você me pede para espremer essa lista para dez. Sei que muitos não concordarão, é natural, cada aficionado tem as suas preferências, veja o que disse o grande tricampeão Stewart ontem. Eu sou apenas um velho e fervoroso apaixonado por automobilismo, “devorando” tudo sobre F 1 desde 1957. A lista está em ORDEM ALFABÉTICA (inclusive para mim mesmo), até por aquele motivo de ser impossível comparar pilotos de épocas diferentes. Não sei se confere com a sua, Flavio, e muito obrigado pela consideração, valeu. Julianne, não sei se confere com a sua lista de maiores e melhores, mas creio que você não deve opinar, para manter sua isenção). Também não incluo os que ainda estão em atividade, pois ainda estão escrevendo suas páginas (brilhantes) na História da F 1, ainda não é possível vê-los em perspectiva histórica. Então lá vai e correndo o risco de decepcionar a muitos, (se jogarem pedras, favor jogarem as mais leves e menores, hahahaha):
1. Ayrton Senna – pela sua extrema velocidade, perfeição e obstinação;
2. Gilles Villeneuve – pelo seu espirito de luta, velocidade e arrojo;
3. Jim Clark – pela extrema velocidade, perfeição de tocada, superioridade frente aos seus concorrentes e capacidade de lidar com imprevistos, somente quem acompanhou em tempo real seus feitos consegue dimensionar bem sua grandeza;
4. Jochen Rindt – pelo estilo acrobático, pela extrema velocidade, pela habilidade natural e espírito guerreiro;
5. John Surtees – por sua extraordinária habilidade em atravessar e vencer barreiras, (campeão mundial em 2 e 4 rodas, o único até hoje), pela sua astúcia;
6. Juan Manuel Fangio – pela superioridade esmagadora demonstrada em relação aos seus contemporâneos;
7. Michael Schumacher – embora com muitas controvérsias para muitos, da mesma maneira que Senna, ninguém – mas ninguém mesmo – pode subestimar 7 títulos;
8. Nelson Piquet – pela extrema habilidade natural, por ser um mestre na arte de ultrapassar até hoje inigualado, e por entender um carro e as corridas como poucos;
9. Ronnie Peterson – um multicampeão mundial sem as coroas, por pilotar sempre na dimensões do Impossível e do Delírio.
10. Tazio Nuvolari – por ser impossível falar em lista de melhores pilotos de automobilismo conhecendo suas façanhas inigualáveis, sua coragem, seu arrojo, sua determinação e sua habilidade natural. Lenda consolidada. Nuvolari perpassa os tempos.
Grande abraço.
Correção (sobre Tazio Nuvolari)
por ser impossível falar em lista de melhores pilotos de automobilismo SEM CITÁ-LO, conhecendo suas façanhas etc. etc. etc.
Fervorosa lista Aucam, ainda que não posso opinar sobre varios, mas fico feliz que esté Gilles, meu Santo Patrono.
Shumi merecidíssimo, souve entrar com tudo peitando os grandes e logo formou uma equipe em volta dele.
aucam
dessa sua lista, eu nunca tinha ouvido falar do Tazio Nuvolari, então fui pesquisar no pai dos burros digital, o google, e realmente quebrar as duas pernas e no dia seguinte competir amarrado a moto e ainda ganhar a corrida, é digno de virar lenda e depois as vitórias no campeonato europeu de automobilismo, pré F1.
Não foi um piloto de F1, mas uma lenda das competições a motor.
Alex, uma das maiores façanhas, senão a maior, de Nuvolari foi ter ganho uma Mille Miglia correndo à noite, COM OS FARÓIS APAGADOS – e com um carro inferior – a maior parte da prova escondido atrás do líder (que por isso mesmo não percebeu e vacilou). Quase em cima da linha de chegada, Tazio tirou seu carro subitamente do vácuo do adversário e o surpreendeu inapelavelmente, vencendo a corrida! Tazio pilotava na dimensão da loucura e aliava a isso uma habilidade natural fora-de-série. Bernd Rosemeyer e Rudolf Caracciola foram grandíssimos, mas são menos citados que o seu contemporâneo Tazio, justamente por esse tipo de coisas.Quando eu era garoto, o nome Nuvolari era usado para designar alguém que era ou se julgava muito bom de volante. . . Sou velho mas não sou do seu tempo, da Era pré-Fórmula 1 Moderna, que começou em 1950.
Recomendo a você a leitura do livro Cars at Speed, (que na edição em português lusitano, na década de 60, recebeu o título de Volantes da Morte), onde o autor, Robert Daley, descreve todo o panorama automobilístico desde os primórdios dos anos 1900 até o final da década de 50, desde os feitos épicos do piloto de carros e aviador da 1ª Guerra Mundial Georges Bouillot até a Era de Fangio, passando por todos os grandes nomes – Nuvolari incluído – e as grandes fábricas e escuderias. Por ter sido também um novelista, Daley usou de extraordinária e eletrizante força narrativa em seu livro, onde se percebe até mesmo um sopro de poesia. Lamentavelmente, emprestei meu exemplar (em português, em tradução primorosa) que comprei “zero km” há mais de 30 anos e, como geralmente acontece nesse tipo de coisa, nunca mais voltou. Ainda não encontrei um em estado que valha a pena comprar (você só vai encontra-lo em sebos – alfarrabistas, em português lusitano).
Abraços.
valeu as dicas aucam e obrigado pelas aulas mestre!
Grande Aucam!!, quem sou eu… Vamos sim seguir prestigiando o Blog do Gabriel (prometo não chamalo mais de Gabo, hehehehe). Grande performance do Doctor, e pode crer sim mano, estamos assistindo ao inicio de uma nova era de outro genio. A era do Marc!!
Relação bacana do Aucam,porem eu faria uma substituição, no lugar do sueco Peterson, colocaria sem dúvidas o Grande Emerson Fittipaldi!,pelos títulos das formulas 1 e Indy.
Respeitando muito sua opinião, caro Miguel, quero apenas dizer-lhe, como testemunho, que Peterson foi o piloto mais impressionante que eu vi em ação, pessoalmente, tanto na F 1 como na F 2. Não sei se você o viu, mas em caso afirmativo deve lembrar-se de que ele dirigia para além dos limites das Leis da Física, com o carro sempre atravessado, de lado, e ainda assim seus melhores tempos vinham nessas condições (e melhores que os dos outros), quando sabemos que para abaixar tempo o carro tem que andar para frente. Nesse particular – grandiosidade e extravagância de estilo acrobático, com rapidez inacreditável – Ronnie Peterson foi único, o que mais se aproximou dele foi Rindt. Além disso, Peterson não tinha essa de acertar carro detalhadamente, sentava e mandava ver, parece que compensava tudo no braço, incorporando e absorvendo comportamentos do carro que seriam de todo indesejáveis para qualquer outro piloto. Lauda dirigiu o March de Peterson e o declarou simplesmente inguiável. Peterson não precisou de títulos para se transformar na lenda que é hoje, sempre lembrado por entusiastas da F 1, sua pilotagem transcenderá os tempos como indescritível e única.
Emerson Fittipaldi, bem ao contrário de Peterson, foi o piloto de maior precisão em suas trajetórias que eu tive oportunidade de ver (e eu o vi desde os seus primórdios no automobilismo, inclusive quando despontou para a glória no Fitti-Vê 1.300 e nos Karmann-Ghias Porsche da Dacon, tanto no traçado antigo de Interlagos como no traçado de Jacarepaguá anterior a este que foi destruído). Emerson era simplesmente impressionante, capaz de triscar com os pneus de seu carro mil vezes a cabeça de um alfinete posto na saída de uma curva sem tirá-lo ou afastá-lo do lugar, tal era a sua precisão, passava sempre em cima dos mesmos exatos lugares, apesar de jogar com a traseira como se estivesse pilotando um kart, característica muito prazerosa de ver em entradas de curvas como o Pinheirinho, por exemplo, no antigo traçado de Interlagos. Como eu sempre gostei mais de pilotos extremamente rápidos e espetaculares e menos de pilotos cerebrais, como Emerson, gostava mais de Ronnie Peterson, embora reconhecendo a grandeza de Emerson, que me agradou mais em sua fase americana, quando adotou um estilo mais arrojado, mais ousado do que em toda a sua fase europeia, F 1, F 2 e F Ford inclusas.
Me lembro do trecho da ‘discussão’entre Stewart e Senna, mostrada pelo documentário sobre o brasileiro, na hora, sem ufanismo ou direcionamento, pensei, ora, se o choque em pista pode ser determinante, o que dizer então quando Prost fez a chicane normalmente sem ‘olhar o retrovisor’, kkk (Suzuka 89) quando mais da metade do carro de Ayrton já havia ultrapassado seu eixo traseiro? Um piloto saberia mt bem avaliar que Prost não deixou espaço, simples, mas comparar um quesito da pilotagem, para julgar o todo, soa no mínimo tendencioso… diria para Stewart prosear com Heráclito (“a única constante é a mudança”), kkkk ou com Raul Seixas (“…eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo…”). Sendo imparcial, Stewart calado é um poeta. Respeito o piloto que foi, mas imparcialidade não é o forte dele.
Wagner, sobre o ocorrido em Suzuka/89 eu revi o vídeo daquele imbróglio e posso afirmar com toda certeza de que Prost literalmente jogou o carro em cima de Senna, uma vez que a tangência para a chicane se encontrava mais a frente.
Ou seja, foi tão de propósito quanto o acidente provocado por Ayrton um ano depois, na mesma pista; com a diferença se encontrando apenas no perigo das manobras, uma vez que a do piloto brasileiro foi obviamente bem maior.
Agora, vale citar que na época ambos os pilotos passavam por uma pressão muito grande por estarem na melhor equipe e ambos em condições de conquista do campeonato; e que isso por si só já era motivo para mexer com as emoções.
Mas o que fica daquilo tudo e que foi mais bonito, na minha opinião, foi que no final ambos fizeram as pazes e reconheceram a importância que cada um teve na carreira do outro. Talvez, uma das disputas mais bonitas da F1;, entre dois grande pilotos.
Wagner, permita-me fazer algumas considerações a respeito do meu comentário sobre Suzuka/89, postado acima, uma vez que acredito haver interpretações diferentes da minha.
Quando cito que o francês jogou o carro em cima do brasileiro, refiro-me a manobra de “fechar a porta” visando a defesa da posição, evitando a ultrapassagem; e não ao toque em si.
Da mesma maneira, o que cito como proposital é a mudança de trajetória antes da tangência da curva, que no meu entendimento, repito, tratou-se de uma tentativa de defesa de posição, claramente, frustada, uma vez que aquela altura ambos os carros já se encontravam praticamente lado a lado. Daí, ter sido inevitável aquele acidente.
Neste mesmo sentido, creio que Ayrton um ano depois, se impôs naquela primeira curva em Suzuka na tentativa de ver o francês abrindo espaço para que emparelhasse e ganhasse a posição, algo que como sabemos não aconteceu e terminou em acidente.
É isso…
Abs.
Julianne, qual seria o tamanho da falta que Raikkonen, Boulier e Alison fazem nesta atual fase da Lotus? Outra coisa, podemos esperar um Ferrari melhor em Barcelona, principalmente com o Kimi?
Valeu Aucam! Por nos mostrar sua lista dos 10 melhores. Eu não tenho uma lista fechada (até porque não sei de informações mais precisas desses pilotos mais antigos). Mas com base no que sei, nos meus 3 primeiros colocaria o Fangio pelo seu avassalador domínio numa época em que o piloto fazia mais diferença do que na era moderna.
Abraço
Achei o tema do post muito interessante. Mais uma vez, revela um blog antenado, que transcende ao simples comentário do que “já foi” nas pistas. Ao assistir o treino de classificação, vendo a classificação de Grojean no top 10, não pude deixar de recordar este seu post. Parabéns!