A explicação mais simples é que elas incrementam o show. A oficial é de que elas garantem mais segurança. Mas pode haver muito mais por trás do retorno daquelas faíscas brilhantes quando o assoalho dos carros bate no asfalto. Se alguém não tinha percebido a novidade, ou melhor, a volta de um elemento bastante associado aos anos 1980, certamente viu claramente as faíscas no primeiro GP noturno da temporada, no Bahrein.
Não há dúvidas de que elas garantem grandes fotos, especialmente à noite, mas estão longe de representarem um retrocesso ou apenas uma forma artificial de reviver os bons tempos. O retorno das placas de titânio, responsáveis pelos ‘efeitos especiais’ que temos visto desde o início do ano, pode esconder um aspecto regulamentar da FIA.
Oficialmente, o diretor de provas, Charlie Whiting, explica que a troca das pranchas de metal com madeira (que também batiam no solo, mas produziam as bem menos espetaculares ‘faíscas’ de madeira) para as de titânio visa aumentar a segurança. Elas foram testadas pela primeira vez no GP da Áustria do ano passado, somente nos carros de Kimi Raikkonen e Nico Rosberg. E foram aprovadas.
A questão levantada por Whiting é pedaços de metal das antigas pranchas poderiam se soltar com mais facilidade que o titânio, o que seria evidentemente perigoso. Além disso, como o titânio é três vezes mais leve, mesmo que se soltasse, o risco seria menor. Ainda que nada grave tenha acontecido, ocorreram alguns furos de pneus após pilotos passarem por cima de pedaços de metal que se soltaram. “E no pior dos casos isso poderia voar e bater em alguém”, argumentou Whiting.
Então as placas de titânio ao mesmo tempo seriam mais seguras e causariam um efeito mais bonito. É justo, porém pode não ser a história inteira.
Até o ano passado, o metal era usado nos chamados calços da placa de madeira, ao redor dos quais a FIA media o desgaste da placa, que não podia ser de mais de 0,1mm ao final da corrida. Essa medida serve para assegurar que os carros estão respeitando o limite mínimo de altura, lembrando que é aerodinamicamente mais vantajoso encontrar maneiras de ‘grudar’ ao máximo o carro do solo.
E é justamente pelo metal ser pesado e sofrer menos desgaste que ele era o escolhido pelas equipes para estas áreas estratégicas. O titânio, por sua vez, tem um desgaste de 2 a 2,5 vezes maior que o metal e teria isso esta a razão da troca: a FIA suspeitava que era possível andar com o carro abaixo do mínimo regulamentar e apertou o cerco.
A conversa no paddock é que apenas uma equipe foi contra a mudança – e seria justamente quem estava usando tal brecha. Por todos os ‘jeitinhos’ que o time usou nos últimos anos para manter sua dianteira o mais colada possível no chão e ganhar aerodinamicamente por com um rake (diferença de altura da dianteira e traseira) proeminente, a principal suspeita é a Red Bull, ainda que não haja confirmação.
Seja como for, esperamos por mais e mais faíscas por toda a temporada e especialmente em Cingapura e Abu Dhabi, enquanto, coincidentemente ou não, assistimos ao sem-número de reclamações dos tetracampeões de 2010 a 2013.
10 Comments
É muitíssimo provável mesmo que seja a Red Bull. Tinha tanta coisa ilegal naqueles carros que não dá nem pra contar. As asas dianteiras flexionando violentamente mais do que todas as outras, as suspeitas de controle de tração, etc.
Mas se não foram pegos pelos métodos de inspeção da FIA, mérito deles de estarem sempre um passo à frente.
Espero que algum dia num futuro bem distante alguém da equipe se manifeste sobre todos os truques que aqueles carros campeões tiveram.
Plasticamente é uma formosura!!!
Bem interessante saber sobre este impacto das placas de titânio. E quem diria que este pode ter sido uma das causas da queda de rendimento dos energéticos na categoria.
Bom, pode falar o que quiser, espernear ou o que for, mas nunca se provou que a Red Bull tinha asas flexiveis (passaram em todos os testes) e nunca existiu nada de controle de traçao, e sim era um mapeamento do motor Renault que desligava alguns cilindros. Nao inventem fatos.
As asas passaram no teste pois quando tinham de fazer os testes eles usavam asas diferentes. Tanto que nas corridas que esses testes aconteceram os desempenho dos carros dos energéticos foi bem inferior.
Sim, a Benetton de 1994 também era totalmente legal, a Brabham do Piquet também era…
Só tem gente honesta ali! kkkk
Eu disse que se eles conseguiram passar nos testes a que foram submetidos, merecem os méritos. Você que está esperneando por nada.
Ju, não entendi. No texto fala que o titânio é mais pesado e desgasta mais rápidamente que o metal?
“Como o titânio é três vezes mais leve, mesmo que se soltasse, o risco seria menor”. Ou seja, mais leve e desgasta mais.
Essa parte eu entendi, eles continuam usando as pranchas de madeira, agora com chapas de titânio.
Mas é que o titânio é muito mais resistente ao desgaste que o ferro e o aço, não fosse isso, a placa desgastaria em poucas voltas.
E por ser muito leve não era utilizado, não há como utilizá-lo no ballast do carro.
O que ficou estranho na frase é o uso da palavra “metal” como se fosse algum elemento específico: “E é justamente pelo metal ser pesado e sofrer menos desgaste que ele era o escolhido pelas equipes para estas áreas estratégicas. O titânio, por sua vez, tem um desgaste de 2 a 2,5 vezes maior que o metal e teria isso esta a razão da troca”
Titânio também é um metal, assim como ferro, alumínio. Qual o “metal” que era usado antes?