F1 A temporada começa agora para a McLaren - Julianne Cerasoli Skip to content

A temporada começa agora para a McLaren

Fernando Alonso pits.

Após quatro corridas disputadas, eles consideram que acabaram sua pré-temporada. A expectativa, agora, é serem eventualmente competitivos ao longo deste ano. Para 2016, constantemente competitivos. Para 2017, lutar pelo título.

É uma tarefa e tanto. Ainda mais se pensarmos que as duas equipes que se sobressaíram na última década precisaram de uma grande revolução técnica para tal e a McLaren terá de executar seu plano, se tudo correr normalmente, basicamente sob o mesmo panorama técnico que se tem hoje. Em outras palavras, terá que tirar os atuais cerca de 1s5 para a ponta ‘no braço’, simplesmente evoluindo em um ritmo mais acelerado que os rivais.

Se, por um lado, a missão parece otimista, por outro, o exemplo da evolução de outra equipe de fábrica, a Ferrari, e os primeiros indicativos de que o projeto da Honda é realmente inovador vão ao encontro às previsões de Eric Boullier.

Evolução das classificações

GP Diferença para o melhor tempo do Q1
Austrália 2s836
Malásia 2s267
China 1s774
Bahrein 1s277

Evolução das corridas

GP Melhor resultado na corrida
Austrália BUT: 11º, a 2 voltas do líder e a uma volta de Perez
Malásia Duplo abandono
China ALO: 12º, a uma volta do líder e 0s747 de Perez
Bahrein ALO: em 11º, a uma volta do líder e 3s978 de Massa

Estas quatro primeiras etapas seriam, inevitavelmente, de sofrimento. O time deu 380 voltas em 12 dias de testes na pré-temporada, algo comparável com o que fez a Red Bull (320) ano passado. Porém, ao contrário dos então tetracampeões, que tinham Toro Rosso, Lotus e Caterham andando com o mesmo motor Renault, a Honda só roda com um time, o que diminui o armazenamento de dados. Além disso, as dificuldades de logística das primeiras etapas dificultam a reação caso algo esteja fundamentalmente errado.

E várias coisas estavam, especialmente na parte eletrônica do motor, gerando quebras repetitivas. E essa repetição de problemas mereceu a atenção da equipe nestas três semanas entre os GPs do Bahrein e da Espanha.

O motor em si vem tendo sua potência total liberada aos poucos e isso fica claro pelos altos e baixos do ritmo de corrida e pela tendência de queda na classificação em relação aos treinos livres, uma vez que os rivais, sabendo o que podem fazer com seus motores, costumam treinar com menos ‘poder de fogo’, aumentando a potência disponível na hora H. A McLaren, ainda engatinhando e precisando entender seu motor, não pode se dar ao luxo de agir da mesma forma. Ainda assim, o motor que começou devendo 6% em relação aos mais rápidos no speed trap agora tem um déficit de 4% e a expectativa é que, em seu início ‘de verdade’ da temporada, na Espanha, isso seja reduzido consideravelmente.

Mas os problemas não se limitam à velocidade final e à confiabilidade. A entrega de potência ainda não é linear, dando visível trabalho para os pilotos nas saídas de curva, a exemplo da Ferrari no ano passado. Button e Alonso também reclamaram de falta de downforce, resultado natural da falta de desenvolvimento devido ao pouco tempo de pista.

Essa deficiência também ficou clara nas corridas mais limpas que o espanhol fez, na China e no Bahrein, quando seu ritmo melhorou imensamente com os pneus macios, sempre um indicativo de que falta pressão aerodinâmica.

Mas nem tudo são más notícias. O carro é bastante estável nas freadas e o fato de ambos os pilotos conseguirem prolongar a vida dos pneus – novamente, os tais stints com macios de Alonso nas últimas duas provas evidenciaram isso – indica um carro equilibrado.

Ainda que na Espanha se espere uma evolução e não seria uma surpresa que os primeiros pontos chegassem, a curiosidade fica por conta do que Button e Alonso poderão fazer em Mônaco. Talvez seja o caso destas provas de “competitividade eventual” que estão na previsão do chefe.

11 Comments

  1. Quem acompanha a F1, sabe que uma equipe vencedora nao nasce do dia pra noite. O trabalho quer eles estao fazendo é o correto. Criando uma boa base para crescer. Acredito que teremos um campeonato mais equilibrado em 2016…com Mercedes, Ferrari e McLaren na disputa ao título.

  2. Ótimas observações.

    Vamos ver o que eles conseguem fazer nessas provas européias. Acredito que terminam o ano brigando pelo Q3.

  3. Com esse motor horrível, o carro da Mclaren só falta pegar fogo!

    Button e Alonso iam sair do carro e disparar:

    “Deixa pegar fogo”

    Mclaren não disputa títulos em menos de quatro temporadas, dificilmente Alonso vai esperar…

  4. Juliane, mudando um pouco de assunto mas nem tanto, qual a sua formação? Noto um olhar seu típico de engenharia, além de uso de termos também característicos.
    Um abraço.

    • Sou apenas jornalista por formação, mas sempre tento ler até pessoas mais ligadas à engenharia e fóruns do assunto para tentar entender e ‘traduzir’ para vocês essa parte mais técnica. Afinal, fazer essa ponte também faz parte do trabalho jornalístico!

      • Vç faz isso bem, felizmente está no ramo esporte e não está nos jornalões.
        Dá pra trabalhar com boa liberdade e vç a usa bem. Saudações.

  5. Mas Alonso é Alonso segundo todos os jornalistas torcedores pilotos chefe de equipes comentaristas de televisão blogs ele tira leite de pedra e como tal deve fazer o mesmo maclaren tinha gente que falava que se ele fosse na marússia ia pontuar sempre e até pódiun, até agora na maclaren está fazendo a mesma coisa dos outros pilotos com um carro que não é tao rápido… porque será?

  6. Ju, seria legal fazer um comparativo dos tempos da McLaren no Bahrein com o das outras equipes nesta mesma pista no ano passado, principalmente com a Ferrari e a Red Bull que tinham problemas no motor.

  7. Se conseguirem entrar no Q3 e pontuar a partir deste GP Espanhol, será algo formidável pois a Honda fez apenas algumas melhorias no software e não usou os tokens que ainda tem direito.

  8. Juliana. Em primeiro lugar parabéns pelas suas reportagens.Sempre muito claras pra quem busca se aprofundar nos assuntos técnicos. Você bem que poderia fazer uma parceria com Reginaldo e Luciano Burti nas corridas. Abraços

  9. Acredito que Alonso já tem certeza que é a última equipe dele na F1. A não seri que algo surpreendente aconteça, como uma ida do Lewis para a Ferrari antes do previsto, mesmo assim não vejo a Mercedes olhando para o espanhol.

    O projeto da Mclaren é de médio prazo, provavelmente só vão disputar título mesmo em 2017 isso se as regras não mudarem novamente, aí, vão perder todo o trabalho que fizeram.

    O espanhol não é o piloto mais rápido do grid, perde neste quesito para Lewis (para mim o mais veloz), também perde ligeiramente para o Vettel e talvez até mesmo o Bottas seja melhor que ele em volta de classificação. O grande ponto forte do Alonso é entender o que se passa durante a corrida e tomar suas decisões em cima disso.

    Sabe quando poupar pneus e sabe quando atacar. Na chuva vejo como um dos melhores se não for o melhor. Consegue se dar melhor do que os demais pilotos em variações de corrida (exemplo Malásia 2012 ou Coréia 2010).
    O vejo menos dependente das instruções do rádio em comparação com os outros pilotos. Se assemelha muito ao Prost, é muito cerebral e técnico.


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Adicione o texto do seu título aqui