Vamos aos fatos: depois de bater Lewis Hamilton uma única vez nas 13 primeiras etapas do campeonato em classificações, Nico Rosberg fez 5 a 0 aos sábados, invertendo uma vantagem que era de 0s324, em média, para uma vantagem de 0s172.
Em corrida, na briga interna entre Hamilton e Rosberg, neste ano, não houve nenhuma ultrapassagem na pista além da primeira volta, tirando o erro de Nico em Austin. Rosberg levou a melhor quando não largou na pole em duas oportunidades – em Mônaco, quando a Mercedes chamou Hamilton aos boxes de forma desnecessária e na Áustria, quando passou-o na primeira curva. E Lewis deu o troco superando-o nas largadas de Japão e EUA.
Tirando isso, o ritmo de corrida dos dois foi parecido, ainda que mascarado pela possibilidade de quem quer que estivesse à frente controlar a corrida. Isso tanto pelo engessamento das estratégias da Mercedes, quanto pela dificuldade em seguir o rival perto o bastante para tentar a manobra.
Portanto, em última análise, era na classificação e nas primeiras curvas que Hamilton estava ganhando. E esse equilíbrio se alterou do Japão para cá.
Há uma teoria de que Rosberg teria, depois de um ano reclamando, finalmente se acertado com os freios. Outra, dando conta de que a fixação de pressões de pneus mínimas com efeito de regra tenha sido benéfica para o alemão. E há quem diga que tudo não passa de um relaxamento natural de Hamilton, vendo-se sem rivais à altura na temporada e, consequemente, mais focado do que o normal em curtir a vida.
O mais provável, em se tratando do detalhista e complexo mundo da F-1, é que seja um pouco de cada um desses itens.
De fato, Hamilton tem errado mais nas últimas provas, após um ano praticamente irretocável. Foi assim na classificação da Rússia e em Austin, enquanto, no Brasil, o próprio piloto admitiu que se perdeu no segundo setor. Nas corridas, depois de dois ‘chega pra lá’ consecutivos no Japão e em Austin, Rosberg aprendeu que tem de tomar a linha de dentro na primeira curva e é isso que tem feito.
Quanto ao carro, o inglês revelou no último final de semana que o sente “diferente desde Cingapura”, ainda que não saiba “se isso fez alguma diferença”. Uma mudança após Cingapura faria sentido, uma vez que foi no circuito de rua a pior derrota da Mercedes desde 2013. Algo que tenha interferido nos freios ou na maneira de acertar o carro – como uma maneira distinta de trabalhar com pressões e temperatura dos pneus a fim de cumprir o mínimo estabelecido pela Pirelli – teria beneficiado Rosberg?
É possível, ainda que a explicação do alemão seja de que simplesmente está “pilotando melhor”. Ao mesmo tempo, é claro que ele seria o último a entregar o que mudou.
O fato é que o aumento das pressões dos pneus obriga os pilotos a serem mais precisos com o acerto do carro. E, como é sabido que Hamilton consegue extrair tempo mesmo com um acerto sub-ótimo, isso pode tê-lo prejudicado. Até porque agora é mais importante saber como deixar a traseira do carro presa (já que o pneu traseiro é maior e, portanto, mais afetado pelo aumento da pressão) e Hamilton nunca se preocupou muito com isso.
As reclamações do tricampeão, no entanto, mostram um compreensível incômodo de terminar um ano tão positivo desta forma. Nada melhor, portanto, que dar a volta por cima em um circuito no qual sempre andou bem enterrando todas as teorias e mostrando quem é que manda na Mercedes. É isso o que Lewis buscará em Abu Dhabi.
7 Comments
Cut the bloke some slack, I say.
Nao importa o cenario, se com freios brembo ou bemba, se pneus vazios ou cheios, volante quadrado ou redondo, Lewis he mais piloto que o otimo Nico. Gente la dentro da Daimler me conta que Nico chega a irritar de tao perfeitinho perante a luz do dia he. Fala varios idiomas, he educado, atencioso. E ainda da hard time ao mega talento da casa. Baita combinacao….um numero 2 que leva o numero 1 a ficar esperto o tempo todo.
Depois das festas com ou sem alcool Lewis deve voltar a ser o que sempre foi: O super talento lotado de velocidade que a vida toda ganhou qualquer campeonato do Nico. Quem ja teve um oponente assim nessa situacao em qualquer esporte ou situacao conhece o sentimento. I own you, pretty much.
Vamos torcer para que o proximo ano haja no minimo uns 4 pilotos se degladiando na ponta. Ou ate 6 dependendo do milagre nipo-ingles. Acho um descalabro alguem da categoria do Alonso nao estar la na ponta tambem.
Auguri.
Caro, Michael Rotch
Ótima colocação, mas quero expor uma opinião sobre o descalabro de alguém como Alonso não estar na ponta.
Pra mim boa parte da culpa é dele mesmo. Um cara que se propõe a ser o melhor de sua geração não poderia ficar escolhendo carro pensando no companheiro de equipe.
Me decepcionei com ele em 2008 quando saiu correndo com medo de Lewis e aproveitou a desculpa de que a equipe era inglesa e que favorecia o inglês. Depois disso, duvido que tivesse aceito uma vaga na Red Bull ao lado de Vettel ou na Mercedes ao lado de Lewis.
Ele fica querendo uma carro só pra si, sem adversário à altura. O que aliás eu também acho que o Vettel vem fazendo, vide renovação do Raikkonen e acerto quase certo com o Grosjean para substituí-lo. Pra mim tem dedo do Vettel nessa história.
Um piloto que se pretende tão bom tem que fazer igual ao Senna em 1988. Prost era bicampeão, tinha derrotado Lauda e Rosberg, mas o Ayrton nem ligou, achou foi bom ter um superpiloto ao lado, pois revelaria mais ainda o seu talento.
Como não creio em três equipes no mesmo nível num futuro próximo, sempre teremos um senão dois desses grandes nomes atuais em carros inferiores.
Pra mim, apenas Lewis ainda não teme nenhum piloto.
Sonho de consumo. Mercedes com três carros e com o trio de ouro nos seus cockpits.
Abs.
Augusto,
eu *acho* que o Alonso tem aquele cerebro dos supercampeoes…gente estranha que tem uma mania de se achar tao superior (e muitas vezes o sao) que simplesmente entram em parafuso quando nao batem o grid inteiro, ou a tour inteiro. Serena Williams he uma perdedora tao ruim que ate fica com depressao quando nao atinge aquilo que ela acha que he dela por direito. Quem ousaria ganhar de mim??, pensa a menina. Alonso he desse tipo.
De acordo total que ele he o grande culpado pelos resultados na carreira. Alem de sair e entrar em times na emocao, dizem ser um mau lider. Daqueles que nao necrosam o ambiente. Mas como sou neutro, nao pago salario de nenhum deles, fico so torcendo para que tenha um carro bom logo.
E realmente voce acertou nessa do Lewis: Nao escolhe nem barra ninguem de correr com ele. Bom exemplo de competidor. Vide a temporada de 2007! Foi roda a roda o tempo todo com Alonso. So isso.
Esta é a pergunta que não quer calar… e só poderá ser respondida ao longo das primeiras estapas da temporada de 2016.
Ver o errosberg se aproximar do recorde de poles seguidas de Senna me dá uma certa decepção com o esporte, mais uma prova da incrível superioridade das Mercedes, uma das maiores da história. Mas pra mim está muito mais relacionado a queda de rendimento de Hamilton desde a consolidação do tri. Antes disso, 2 poles do errosberg foram num tremendo acaso de sorte. No Japão, o acidente de kvyat impediu a última tentativa das Mercedes e nos EUA, a chuva impediu o próprio Q3. Nessas 2 classificações a pole simplesmente caiu no colo dele.
Concordo com o que foi.
Digo que Lewis venceu quando foi preciso. Por mais que queira ganhar tudo, sempre há um relaxamento inconsciente quando o objetivo é alcançado.
Ano que vem ele leva se novo.
Ano que vem a luta do Hamilton será com o Vettel e sua Ferrari anabolizada. Este ano a scuderia deu vários sinais de que vem descontando aquele abismo absurdo que os prateados vêm impondo ao resto do grid. E o Vettel&Ferrari será um adversário a altura para Hamilton&Mercedes! Quanto ao Rosberg pode sim éh “roubar” pontos do companheiro na luta dele contra o Vettel.