F1 Em compasso de espera - Julianne Cerasoli Skip to content

Em compasso de espera

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Pouca coisa para ser decidida – três primeiros lugares entre os pilotos definidos, assim como os cinco primeiros entre as equipes – só a despedida de Romain Grosjean da Lotus após um ano de mercado de pilotos incrivelmente morno e a dificuldade em encontrar grandes motivos para que o ano que vem seja muito diferente do que foi o relativamente fraco 2015, pelo menos dentro da pista. É com esse clima de fim de festa e em compasso de espera para as mudanças que vêm por aí – e que, segundo Pat Symonds, acabaram de ser acertadas – para 2017.

Claro que existe a esperança de que a Ferrari cresça mais, ainda que a diferença para a Mercedes ainda seja considerável. O time italiano, inclusive, usou seus últimos quatro tokens de desenvolvimento deste ano, mas não deve colocar o novo motor na pista, pois ambos os pilotos pagariam punições e a ideia não é ganhar performance agora mas, sim, quando puderam ser incorporadas as mudanças dos 32 tokens à disposição a partir da pré-temporada.

A McLaren também é outra equipe que gera expectativa, pois em teoria seria capaz de dar um salto pelo menos do tamanho que a Ferrari deu de 2014, quando só beliscou dois pódios, para cá. Não coincidentemente, a equipe traz a Abu Dhabi “50%” do carro que deve usar ano que vem, nas palavras de Alonso.

Os anúncios acerca do futuro de Red Bull e Lotus são outras duas peças que ainda faltam encaixar, mas a verdade é que a próxima temporada deve ser de transição.

O GP do Brasil, assim como outras provas no ano, indicou certo esgotamento de uma fórmula que funcionou especialmente bem por 18 meses, entre o início de 2012 e o GP da Grã-Bretanha de 2013: os engenheiros chiaram, como sempre, mas a combinação entre pneus de alta degradação e a asa traseira móvel inegavelmente trouxeram mais imprevisibilidade às corridas. Após os estouros de Silverstone e muita pressão das equipes, a Pirelli foi recuando paulatinamente e hoje sequer cumpre com o que foi contratada a fazer, com os pilotos raramente precisando fazer três pit stops para completar a prova.

Quando estes pneus mais duráveis chegam em circuitos nos quais a zona de DRS é mais curta, como em Interlagos, o tédio está instalado. Não o tédio do nível das 15 ultrapassagens em média por GP de 2005. Na verdade, a média atual é de exatamente o dobro disso, mas ainda assim é 50% menor que há três anos.

Mas ninguém quer ver ultrapassagem fácil, alguns podem dizer. Isso é fato, porém o problema é a falta de oportunidades para engenheiros buscarem novas estratégias e pilotos fazerem provas mais agressivas.

É por essas e outras que a Fórmula 1 termina 2015 olhando para 2017. Com uma flexibilidade de pensamento maior que havia em 2009, quando o Grupo de Ultrapassagem criou as bases do atual regulamento aerodinâmico visando melhorar o espetáculo, a Fórmula 1 tem, de fato, a chance de se reinventar. Os pneus, também, têm a chance de ser melhores agora que a Pirelli parece ter convencido os demais de que precisa testar.

Só os motores que prometem ser ainda um campo de intensa batalha. Ninguém acredita que a tentativa de impor propulsores alternativos tenha morrido com a derrota na votação desta semana. Esse sim, deve ser o campeonato que vai pegar fogo em 2016.

8 Comments

  1. Vou postar algo que alguns aqui poderão me execrar: Eu admiro estas unidades-de-potência! A tecnologia em si, éh algo fascinante! Vejam só o sistema de recuperação de energia. Segundo os especialistas, o MGU-H, por exemplo, ele recupera a energia do eixo da turbina e a armazena para aumentar ou diminuir a velocidade da própria turbina de acordo com a necessidade do motor e para evitar o turbo lag (queda da rotação da turbina devido à diminuição do volume de gases de escape.). Então este mecanismo tem de trabalhar de forma bem sincronizada com o motor por motivos óbvios (vide Renault e principalmente a Honda). E vejam que a Mercedes (sempre os alemães!) e a Ferrari são duas estrelas da indústria automobilística que estão sendo bem sucedidas na confecção desta “obra-prima” que são estas unidades. Más infelizmente isto tem trazido um “efeito-colateral” muito danoso para a F1! E éh claro que a FIA tem de tomar alguma providência para que a possibilidade de competitividade volte à categoria. Porque se continuar como assim, a categoria corre o risco de ver dentro de quatro ou cinco anos, uma equipe no máximo duas sendo a dominadora e com perspectiva de levar mais cinco com a dominância de duas marcas. E isto seria fatal para categoria.

    • DVDB:

      Eu proponho formula-1 com motor de energia eolica armazenada, de propano originado de cachorro-quente da prainha na Paulista, ou ainda carros a vela, ou aproveitando energia do sol de Andromeda.

      Eu quero barulho, motores beberroes V10 ou v 12 berrando na reta. F-1 nunca foi o pinaculo do esporte. Leia o que Mike Lawrence escreve faz 40 anos…. ha outras categorias que se encarregam desse baluarte.

      • Digníssimo-colega-Mike! Me emociona o seu saudosismo com os velhos-v10-e-v12. Más hoje a realidade são estas unidades híbridas que fatalmente estarão em nossos carros num futuro próximo e, nós vamos ainda bater-palmas pela entrega (ecológica & economica) que estes inventos darão a humanidade. Quanto ao barulho, os próprios elementos do meio técnico da F1, dão como certa uma solução nas unidades-de-potência: http://www.autoracing.com.br/f1-mercedes-confia-que-som-dos-motores-ira-melhorar-em-2016/

    • DVDBraz,
      Sou biólogo da área ambiental e admiro muito essa tecnologia também, tanto que foi tese da minha monografia da pós-graduação em gestão ambiental, posso afirmar com toda certeza que a montadora que não investir nesse tipo de tecnologia vai ficar pra trás no mercado automobilístico, e como a F1 sempre foi um celeiro de inovações para os carros de rua seguiu o mesmo rumo.
      Só acho que a tecnologia foi introduzida cedo demais e com um regulamento, o congelamento dos motores, que propicia essa discrepância entre equipes. De resto o caminho é esse mesmo, vide a F-E!
      Um grande abraço a todos do blog!

  2. Pra mim o maior problema da F1 continua sendo os pneus que deveriam ter uma mudança radical tanto na disponibilidade, acho que em todas as corridas deveriam ser estar os 5 tipos de pneu, isso abriria um leque incrível nas estratégias, imagina um pneu laranja fazendo 1 parada e um vermelho fazendo 4 paradas, mas o vermelho sendo 3 segundos mais rápido que o outro…Fora isso a largura dos pneus tem que ser aumentada drasticamente, pois isso aumento a eficiência mecânica e seria reduzido a coisa mais chata da F1 que é um carro chegar e por causa da turbulência não conseguir ultrapassar nem com a ajuda do DRS… a aderência mecânica tem que ser aumentada urgentemente, sei que não dá mais pra diminuir a asa traseira e aumentar a dianteira, mas algo tem que ser feito e na minha humilde opinião começaria pelos pneus…se precisar efeito solo etc…
    É muito ruim chegar em Melbourne no ano que vem e ver a Mercedes 1 segundo na frente da Ferrari e saber que teremos mais um ano modorrento… Odeio o Bernie, mas acho que só ele pode salvar a F1 nesse momento, pois o Todd é um fraco e agora que as equipes dominam a categoria através das unidades de potência, só ele com sua força política pode fazer algo…é triste mas é isso… O que você acha Julianne?

    • Vai começar pelos pneus, teremos três compostos à disposição e as equipes escolhem dois. Mas ainda assim a Pirelli acredita que, em pouco tempo, todos estarão escolhendo os mesmos compostos.

      E concordo que Todt é fraco e que as equipes não sabem trabalhar para o bem comum.

  3. SEMPRE houve dominâncias no automobilismo, em TODAS as categorias, inclusive e até mesmo em carros do tipo Grand Prix, ANTES mesmo que aquelas competições de que participavam tivessem se organizado com regulamentos em um campeonato que se denominou de Fórmula 1, lá em 1950. A competição é a essência primeira do esporte e a vitória o seu objetivo. OK, tudo óbvio. Então, admitamos mais obviedades: SEMPRE haverá descontentes reclamando, seja porque suas equipes preferidas não estejam vencendo, seja por seus pilotos preferidos estarem perdendo. Hoje a gritaria é maior por causa dos extraordinários avanços nos meios de comunicação entre as pessoas, principalmente os ocorridos nesta Era Cibernética em que vivemos. Todos os acontecimentos e todas as pessoas estão incrível e mutuamente próximos HOJE EM DIA, conectando-se constantemente.

    Inclusive INSTANTANEAMENTE – com tanta cibernética, com tanta informática.

    Daí tanta reverberação. Mais obviedades: os vencedores de hoje estão todos satisfeitos, assim como os reclamões de hoje viviam satisfeitos ontem, quando venciam. Amanhã os satisfeitos de hoje serão os reclamões, quando começarem a perder, pois nada é eterno, a não ser a própria Eternidade. Difícil é se manter no topo da árvore com todo mundo sacudindo o tronco.

    Mas, partindo dessas premissas, eu gosto de ver as coisas decorrendo em sua ordem natural, embora o Cosmos seja permeado pelo caos. Sou partidário – e em especial no âmbito da Fórmula 1 – da teoria de que OS MELHORES SE ATRAEM NATURALMENTE. Então, é inevitável o surgimento de dominâncias. Vejam agora o exemplo de Verstappen a caminho INEXORÁVEL da Ferrari ou da Red Bull (ou quem sabe até da Mercedes). Foi assim com Vettel, foi e tem sido assim com Hamilton. Alonso é a exceção que confirma a regra, ou, para incorrer no modismo, “um ponto fora da curva”. Isso, para ficarmos em tempos recentes, apenas.

    Dito tudo isto, eu quero ver competição, mas quero ver competição com LÓGICA, onde OS MELHORES vençam. Corridas LOTÉRICAS são o fim da picada. Muito “malabarismo” com MUITAS TROCAS DE PNEUS, mil estratégias, uso de simulações de situações com a corrida em andamento, uso de tecnologias artificiais na área da aerodinâmica, excesso de sofisticação mecânica: tudo isso pode resultar em resultados finais mascarados, onde não ganhe o melhor, e sim o mais sortudo, o Pato Gastão da hora.

    A competição tem que ser ACIRRADA, mas feita LINEARMENTE (e isso já aconteceu sim, com muitas emoções, em especial nas décadas de 60 e 70).

    Corridas muito “cerebralizadas” podem gerar entediantes aspectos e resultados injustos, onde quem não se esforça – cozinheiros de galos – pode acabar como vencedor. É horrível para o espetáculo ver a corrida sendo decidida através de cálculos, de estratégias (deixemos isso para o fascinante jogo de Xadrez), relegando a um papel menor o mais puro instinto, a mais pura habilidade natural e a subjugação das Leis da Física com a máquina através do talento, fatos que deveriam ser as referências a serem buscadas num Campeonato que se diz ou se intitula de “Mundial de PILOTOS”. A F 1 é uma categoria de corrida que pode ser comparada a uma prova de100 metros rasos: uma explosão pura de velocidade, onde ganhe aquele que tiver maior talento natural para pilotar – esse deveria ser o seu objetivo final. Para estratégias e resistência já há o WEC (onde hoje cada vez mais se busca e se pratica a extrema velocidade, vide as últimas 24 Horas de Le Mans).

    Sofisticaram tanto a Fórmula 1 que a receita desandou e a essência se perdeu. Creio, no entanto, que os cérebros que a fazem são tão brilhantes que não teriam problemas para recompor as origens, basta quererem, e que uns não queiram ser mais espertos que os outros. E tudo isso mantendo a filosofia de ser a categoria o ápice da tecnologia e da inovação.

    Julianne, acredito que esses motores alternativos estão mortos e sepultados. A menos que fossem produzidos em caráter alternativo por qualquer das grandes fábricas, e aí padeceriam do vício (pelo menos na suposição) de que nunca ombreariam os motores de suas próprias equipes. A Ferrari, inclusive, tem poder de veto. Numa mudança de regras, de regulamentos, duvido que a Rossa quisesse abrir mão desse poder.

  4. Pegando um gancho nas palavras do Braz e do Aucam, a conversa vai mais ou menos nesse contexto, onde um motor com sua sofisticação medonha, deixa de ter influência da peça que vai atrás do volante, ora, hoje, o cara tem que tirar o pé antes da curva para dosar o consumo (o carro faz o resto) ortodoxo para uma categoria que teoricamente privilegia a velocidade…se pensarmos no difusor soprado da RBR, por mais dominante que fosse, dependia do feeling do piloto com sua perícia e coragem para contornar a curva de pé cravado, mas com os “acumuladores” atuais, a velocidade e a eficiência veem da máquina, enfim, difícil virar o jogo dentro da pista, pois o equipamento mais eficaz vencerá, e nada poderá ser feito pelo oponente, nem de fora da pista, devido ao congelamento. Mais simplicidade nos equipamentos, pneus mais largos com maior grip mecânico, e motores barulhentos, eis a receita! http://grandepremio.blob.core.windows.net/mycontainer/2015551534696_Alonso_McLaren1_O.png bem, presente e passado, mas notemos a monstruosa diferença na largura dos carros e dos pneus, que facilitavam e muito o grip mecânico!


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