É uma pena que comece do terceiro lugar para trás, mas o pega foi sensacional durante todo o final de semana na Bélgica. Na classificação, 288 milésimos separaram sete pilotos. Isto, no circuito mais longo da temporada, o que deveria significar diferenças maiores.
Na corrida, mais emoção, com as Williams, Red Bull, Force India, Lotus e Ferrari andando em ritmo bastante semelhante. Tanto, que Kvyat, Perez, Massa, Raikkonen, Verstappen e Bottas cruzaram a linha de chegada com menos de 16s de diferença. Após 43 voltas, as mesmas nas quais as Mercedes colocaram 40s no terceiro colocado.
Dentro de tanta competitividade, que já havia marcado o GP da Hungria, ganhou quem acertou na estratégia, deixando de parar no Safety Car Virtual causado por mais um que deveria estar nesse bolo até o final, Daniel Ricciardo.
Será curioso entender se esse ‘bololô’ atrás das Mercedes vai marcar a segunda metade do campeonato ou se tem a ver com características especiais, tanto de Budapeste, quanto da Bélgica. Isso porque Williams e Ferrari já vinham demonstrando mais igualdade desde a Áustria, ganhando a companhia da Red Bull em dois circuitos nos quais o time venceu ano passado – e nos quais fica clara a qualidade de seu chassi, por motivos óbvios na Hungria e pela configuração de pouca asa usada com sucesso em Spa – e de Lotus e Force India em um traçado no qual a vantagem do motor Mercedes fala alto.
A briga da Fórmula 2 animou um GP em que mais uma vez Hamilton deu um banho em Rosberg, sob todos os aspectos. Como esperado, o piloto mais dependente das ajudas externas se atrapalhou na nova largada e mais uma vez o talento natural somado a uma tranquilidade adquirida com o tempo, que permite até divulgar sem qualquer culpa detalhes de uma vida para James Hunt nenhum botar defeito, se sobressaiu.
Mas quem deu mesmo o que falar após a prova foi Sebastian Vettel, revoltado com seu pneu estourado a uma volta do fim. A Pirelli diz que a Ferrari forçou a barra, que, após 28 voltas, o pneu chegou ao fim de sua vida útil e que a falha ocorreu devido ao desgaste. Porém, ao mesmo tempo, diz que a vida útil era 40 voltas para Spa. De qualquer maneira, um pneu desgastado não deveria explodir do nada e, sim, perder rendimento – e, olhando os tempos de volta, como de costume, incrivelmente estáveis de Vettel, isso não aconteceu. Assim fica difícil tirar a razão do alemão.
18 Comments
Contra o Vettel pesa sua afobacao natural para ignorar zebras e os limites das pistas. Ainda nao temos como saber se ele meteu o carro onde nao deveria.
De toda forma, e mais um incidente que envolve a Pirelli e lanca duvidas sobre os pneus que ela tem fornecido. Ate onde sera que eles suportam as criticas?
O on board do carro do VET nao mostra ele saindo dos limites da pista ou fazendo uso de zebras de forma agressiva.
Realmente vettel num perdeu rendimento, o grosjean fez 2 parada e teria um pneu em melhores condições e mesmo assim passou umas 15 voltas ali a diferença de 4s foi caindo muito devagar e acho q vettel num perderia a posição na pista, mas a pirelli nunca vai assumir ,fica por isso mesmo e tal.
Vettel tem razão o pneu explodiu, falha do pneu, o nome da corrida foi Grosjean o cara simplesmente mostrou o quanto é bom merece um carro de ponta muito mais que Bottas e outros. Mas nunca lembrado pela imprensa.
Acho que a tese de fim da vida útil do pneu não se justifica, pois Vettel ainda estava andando com tempos muito competitivos.
Só a lamentar que o alemão e a equipe tenham optado por uma decisão desnecessária. Se tivesse copiado a estratégia das Mercedes e de Kvyat, Vettel andaria 2 segundos mais rápidos e ainda chegaria ao pódio sem riscos e com sobras.
Tudo bem que Maldonado não teve culpa no abandono de hoje, mas é uma satisfação ver o Grosjean no pódio dado que ele é o maior prejudicado por sempre ceder o carro a Jolyon Palmer no TL1 porque Maldonado, se valendo por força de contrato, demonstra toda sua falta de espírito esportivo a se negar a ceder o carro igualmente.
Antes do MAL abandonar, a TV mostrou (mas o comentarista nao viu e nem mencionou) que ele passou por cima de uma zebra, na sequência o carro ficou lento e parou. Não da pra dizer que uma coisa tenha relação com a outra, mas o carro é muito sensível e não suporta muitos “desaforos”.
Análise perfeita Julianne. Vettel tem razão em tudo que disse e não fosse esse problema faria mais uma corrida consistente chegando ao pódio.
Na minha opinião, o melhor carro depois da Mercedes, éh a Red Bull (apesar da Renault). Se não fosse a quebra do Ricciardo o pódio seria outro. O que mais me espantou (de forma positiva) foi a Mercedes e o Hamilton. A primeira porque fez bem o dever-de-casa (férias) e trouxe um pacote irresistível pra esta segunda parte da temporada. Dificilmente perde o troféu de construtores. Já o Hamilton pra àqueles que imaginavam que foi bizarra & exagerada as suas chamadas férias, ele simplesmente “destruiu” (alô Rosberg) a concorrência com uma performance de campeão! Dificilmente o Rosberg tira o TRI-campeonato dele. E meu outro-espanto (triste) éh ver que a Mclaren-Honda vai de mal-a-pior! Eu sou fã da Mclaren e fico triste porque não vejo algo que pareça uma luz-no-fim-do-túnel. Acho que alguma coisa tem de ser feita pela equipe e pela Honda para que ao menos, tentem fazer um carro decente (honesto) pra 2016.
Julianne, excelente texto. Acho que vale dizer que a briga no mundo pós-Mercedes ainda seria maior e mais ferrenha caso o HUL e SAI não tivessem tido problemas antes da largada. A atuação do BOT também foi atrapalhada pelo erro grosseiro da equipe. Se todos esses fatores externos não tivessem surgido, o pelotão seria mais competitivo e cheio de possibilidades. Minha decepção foi com o carro da Sauber que, apesar da versão atualizada do motor Ferrari, não correspondeu com desempenho satisfatório. Numa prova em que tantos pilotos sofreram, apenas ERI conseguiu salvar um pontinho… Ja a McLaren, putz, vão ter que reinventar a roda junto com a Honda, parece que os “detalhes” nunca fecham.
É quase a mesma coisa de 2013. O Vettel reclamava e reclamava dos pneus, porém as equipes Lotus, Force India e Ferrari eram contra eventuais mudanças. A Pirelli só conseguiu alterar a estrutura após o fatídico GP de Silverstone.
A Ferrari arriscou hoje? Sim! Mas “acho” que 40 voltas são 12 a mais que 28. Juntando isso com os bons tempos de volta do alemão e o também estouro de Rosberg na sexta-feira, fica difícil não dizer que a explicação do Paul Hembery é fajuta.
No mais, excelente vitória de Hamilton! Caminha a passos largos pra superar Schumacher em poles…
O que aconteceu com o desempenho da Ferrari, Cerasoli??? 1,628 segundo da pole e ter que arriscar a fazer apenas uma parada pra ganhar tempo??? Alonso deve estar sorrindo!
E só lembrando que Sergio Marchionne, em Monza 2014, disse que era inaceitável a Ferrari andar em 6º. Imagine agora em Monza 2015, após utilizar mais tokens, andar em 9º… 🙂
Sorrindo por só conseguir andar à frente da Manor, que é mais uma colcha de retalhos do que um carro de corrida?
Muito legal o titulo do post. Quando se espera que as outras cheguem nas Mercedes, a diferença aumenta. Sobre a Ferrari, parece que an dou para trás novamente. Pelo desempenho do Kvyat, parecia que dava para o Vettel colocar pneus macios quando faltavam de 10 a 12 voltas do fim e brigar pelo pódio. Mas não dá para dizer que erraram na estratégia, porque se fosse o estouro do pneu, chegaria em terceiro. Vai para a conta da Pirelli. Acho que bisonhice da Willians vai merecer um post.
Já que o post é sobre a F2, parabéns ao Grosjean que foi o destaque da categoria em Spa.
Bem, de memória, posso dizer que Nelson Piquet tentou uma estratégia ousada em Detroit, quando ainda estava na Brabham, fazendo a prova inteira sem pit-stop. O resultado foi o mesmo. A diferença é que em Detroit a velocidade era bem mais baixa que a de Spa.
Só mais uma informação: Vettel fez 189km com esses pneus, porém, a Manor fez 212km em Silverstone, uma pista com bastante carga lateral sobre os pneus, com esse mesmos pneus médios. Massa, no Bahrein fez 172km e Rosberg fez 138km em Barcelona. Parece que a Pirelli tem razão nos argumentos quanto ao desgaste excessivo ser a causa do estouro. Acho que Vettel falou isso tudo de cabeça quente…
Acho que o erro da Ferrari foi partir para a prova com essa estratégia de uma parada na cabeça sem margem a mudanças. Estava claro que se Vettel tivesse copiado a estratégia das Mercedes e de Kvyat e colocado pneus macios a umas dez voltas do fim, esse risco seria praticamente nulo e ele, andando até 2 segundos mais rápido, recuperaria facilmente o pódio na pista.
Mas há três detalhes:
1) A Pirelli havia informado às equipes que os pneus mais duros teriam uma vida útil de 40 voltas;
2) Na passagem anterior, Vettel fez uma volta apenas 7 décimos mais lenta do que seu melhor giro, o que contradiz a tese de que ele estava no fim de sua vida útil;
3) Como já citado pela Ju, se um pneu está no fim de sua vida útil, como argumentou a Pirelli, ele simplesmente deve perder rendimento, e não explodir sem qualquer indicação.
A favor da Pirelli, leva-se em consideração que se testa muito pouco na Fórmula-1 em troca de uma pseudoeconomia, o que a impede de avaliar a qualidade de seus produtos com precisão. O acidente que vitimou Bianchi se deve em parte à má performance dos pneus de chuva da fabricante, preferindo muitos pilotos permanecer na pista com pneus intermediários desgastados, aumentando os riscos de aquaplanagem, mesmo com o aumento da intensidade a chuva. E lembrando que ano que vem a pré-temporada será ainda mais curta.
Bom, até aqui ninguém falou nele ainda: sempre gostei da pilotagem petulante de Sérgio Pérez. A freada dividida (e quase bem sucedida) com Hamilton no início da prova foi condimentada com bastante pimenta e me deu momentaneamente a expectativa de vê-lo no pódio, num terceiro lugar. Não deu, infelizmente. Mas os pontos que obteve foram suficientes para deixá-lo à frente de Hulk na tabela do campeonato. Pérez tem um espírito muito combativo e é sempre “encardido” na defesa e audacioso no ataque. Anima as corridas. Outro piloto bastante subavaliado é Grosjean: a velocidade e a garra continuam intactas nele. Tomara que tenha um bom carro no ano que vem.
Hamilton voltou das férias revigorado, demonstrando que as várias críticas de patrulhamento (feitas inclusive por Rosberg) – de que teria se esbaldado além da conta no Carnaval caribenho – não procediam. Em sua coluna na BBC, Hamilton relata que se divertiu, mas cuidou muito da parte de preparação física e até dieta fez para perder peso. Com o seu desempenho arrasador desde a largada, demonstrou ter aproveitado muito bem as férias, sem excessos prejudiciais. Aliás, essa corrida – com mais participação dos pilotos na pilotagem do carro – serviu para provar mais uma vez que, na hora em que a Ferrari ou a McLaren tiverem um carro para peitar de igual para igual a Mercedes, é somente com ele – Hamilton – que a equipe alemã poderá contar para encarar de frente Vettel e Alonso.
Lamentável o que ocorreu com Vettel, o qual, mesmo com um pneu bastante desgastado, ainda conseguia resistir bem a Grosjean. Dou total razão às suas queixas contra os pneus, que explodiram sem marcante perda prévia de rendimento. Saiu de um nono para um brilhante terceiro lugar, até à dechapagem. Vettel foi impecável, fez um corridaço para as circunstâncias, mas eu esperava mais do carro da Ferrari. Vamos aguardar a cavalaria extra que a Rossa promete para Monza.
Mais um grande fim de semana para Max Verstappen. Viu-se obrigado a perder posições no grid e fez um corridão, com a agressividade, a competência e a ousadia de sempre. Vai longe, muito longe esse guri dono de uma tocada empolgante e que cativa todos aqueles que gostam de automobilismo de AÇÃO, e não do entediante automobilismo de ESPERA. E Max tem um ótimo parâmetro em seu próprio companheiro, o também talentoso Carlos Sainz.
Inacreditável essa situação da McLaren-Arai, com desempenho de nanica. Impressionante e lastimável a trajetória decadente de uma equipe cuja história vencedora e de domínio extrapolou a F 1, estendendo-se também à Fórmula Indy (inclusive com vitórias de Johnny Rutherford nas 500 Milhas de Indianápolis) e à fabulosa série CAN AM nos idos das décadas de 60/70, onde reinou muito até a chegada dos Porsche 917. Bruce McLaren, Teddy Meyer e Ron Dennis – em sucessivos momentos – construíram uma das mais poderosas equipes da história do automobilismo e que hoje vê sua tradição ruir, sem conseguir sequer um patrocinador master à sua altura. Dennis vai precisar se reinventar para levantar a McLaren. Vai precisar dar uma chacoalhada geral nela. Boullier e Arai parecem atordoados e sem rumo.