Rendimento próximo entre os carros, pneus sensíveis às menores mudanças de temperaturas, compostos tão próximos que permitem várias estratégias diferentes. Tudo isso interfere na maneira como os pilotos agem durante as provas. Uma vez que economizar pneu ao longo de um stint é uma missão na qual o acerto ajuda muito mais que a pilotagem, se há algo que pode ser feito dentro do cockpit e tomar as decisões certas em situações de ultrapassagens.
Na transmissão do GP do Bahrein pela Sky Sports britânica, Martin Brundle chamou a atenção para uma qualidade de Paul Di Resta que lhe foi fundamental para o ótimo sexto lugar na ocasião: “esse sabe quais brigas escolher”. Isso é particularmente fundamental em uma estratégia como a escolhida pelo escocês, de parar uma vez a menos que os rivais, pois ele fatalmente será superado por alguns deles durante a prova simplesmente por sempre encontrá-los com pneus mais novos – e ainda por cima tendo de fazer os seus jogos durarem por mais voltas.
Isso também não quer dizer que fazer uma corrida passiva é sempre o certo. Há brigas que são necessárias, caso o piloto que vai à frente prejudique seu ritmo – ou seja aquele que você busca superar com sua estratégia. Nesse caso, é preciso atacar de forma decisiva, pois a disputa por posições, se alongada por mais de três ou quatro voltas, traz alguns problemas – e alguns deles parecem irreversíveis com esses Pirelli: a perda de pressão aerodinâmica causa maior desgaste, assim como tentar frear mais dentro da curva para superar o rival; caso ele esteja muito próximo por voltas seguidas, os pneus tendem a perder temperatura, o que altera o equilíbrio do carro, o faz deslizar mais e, novamente, teremos mais gasto; principalmente do meio para o final da prova, buscar sair da trajetória para ultrapassar significa ter o pneu cheio dos chamados marbles, ou pedaços de borracha, e leva-se muitas voltas para limpá-los. Para complicar ainda mais a decisão de atacar ou não, ao menos nestas primeiras provas, a partir do momento em que os pneus perdem temperatura ou ficam sujos, seu rendimento não tem sido mais o mesmo.
A comunicação com os engenheiros é fundamental nesse quesito, pois eles informam sobre as estratégias, ritmo e previsão de parada dos rivais. Cabe à dupla piloto-engenheiro, apoiados pelos homens da estratégia, que muitas vezes analisam os dados com mais frieza nas fábricas das equipes, avaliar até qual seria o comprometimento ao antecipar uma parada para superar um rival de ritmo muito semelhante.
As possibilidades são muitas e exigem inteligência acima de tudo. O que já está claro que não dá para fazer é perder tempo dançando atrás de um rival tentando ultrapassar ou, da mesma forma, ficar defendendo uma posição que será perdida de qualquer forma. Em ambos os casos, o preço será pago mais cedo ou mais tarde na corrida.
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